Em entrevista ao Jornal de Brasília,
o secretário de Infraestrutura disse ainda que o maior erro dos últimos
governos foi não ter controlado as ocupações irregulares na região
Mesmo com as dificuldades financeiras no GDF, o secretário de
Infraestrutura e Serviços Públicos, Júlio Cesar Peres, garante que a atual
gestão do Buriti tem feito esforços para investir nas áreas mais carentes do
DF. Além disso, destacou, o Aterro Sanitário de Samambaia tem data marcada para
começar a funcionar: até o final de agosto do ano que vem. Depois disso, disse,
acontece “o fechamento imediato do Lixão da Estrutural, com o trabalho de
recuperação do local”. Outro destaque da Secretaria de Infraestrutura, afirmou,
são as obras em parceria com a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito
Federal (Caesb), que deverão trazer tranquilidade, em termos de abastecimento
de água, para os próximos 15 anos. Em entrevista aoJornal de Brasília, o
secretário de Infraestrutura disse ainda que o maior erro dos últimos governos
foi não ter controlado as ocupações irregulares na região. Por isso, agora, a
atual gestão tenta reverter o cenário, investindo em obras estruturantes.
Como é gerir a pasta de Infraestrutura neste
momento de crise financeira no GDF?
Realmente nós temos a crise local. A gente não tem dinheiro na fonte de
governo, que seria a fonte 100, e isso realmente é uma preocupação grande.
Muitas obras que precisariam ter fonte de recursos do governo, a gente não está
conseguindo fazer nada, pois o dinheiro é zero. Por isso, agora, estamos
nos valendo de outros recursos. Por exemplo, a Terracap. Na própria parte da
cultura, no Centro de Dança, no Centro Renato Russo, a gente está fazendo
convênios com a Terracap para que ela possa levar dinheiro e a
gente possa tocar essas obras. Tivemos também, em fevereiro, a assinatura
no Banco do Brasil, de um financiamento de R$ 500 milhões. Ele atende a
duas secretarias: de Mobilidade, com o DER, e a Secretaria de
Infraestrutura, com a Novacap e a Caesb. Foram R$ 260 milhões liberados a
partir de fevereiro. Com isso, pudemos pagar coisas de seis meses para trás. O
que deu um alívio para as empresas com pagamento pendente no GDF. E
deu a possibilidade de a gente tocar algumas obras já dentro do financiamento
do Banco do Brasil. Esperamos, agora, prestar contas no final de outubro e, a
partir de novembro, a gente assinaria a segunda etapa do financiamento do BB,
de R$ 240 milhões.
E o Programa de Aceleração do Crescimento
(PAC)?
Sim, ainda tem o dinheiro do PAC Mobilidade e PAC Moradia. Nós temos,
por exemplo, um eixo muito importante, que é o Eixo Oeste. Ele sai da Praça do
Buriti, passa pelo SIG, vai encontrar com a EPTG, chegando no alargamento dos
túneis, nos dois viadutos que chegam a Taguatinga, e depois um mergulho no
viaduto do que será o túnel de Taguatinga, que é uma obra licitada, em fase de
homologação, e vai acabar lá no Sol Nascente. Esse dinheiro de PAC está
colaborando para que a gente possa colocar outras obras em andamento. Temos aí
o PAC Mobilidade, o PAC Pavimentação, que envolve Vicente Pires,
Bernardo Sayão, Buritizinho. Dessa forma, a gente está conseguindo colocar a
máquina para andar. Principalmente em áreas muito carentes, como o Pôr do Sol e
o Sol Nascente, que a gente quer levar água, esgoto, drenagem,
pavimentação, meio-fio e calçada.
Essas são as prioridades?
Sem dúvida alguma. Eu chamo de obras estruturantes. São os pilares do
governo. O Eixo Oeste, por exemplo, é importantíssimo, com faixas exclusivas,
tudo. Enquanto que a pasta de Mobilidade tem a saída Norte, que sai da Ponte do
Bragueto e vai até Sobradinho. Acho que podemos destacar também um importante
serviço do SLU, que é o Aterro Sanitário de Samambaia. A obra está na
fase de terraplanagem. A pavimentação interna está pronta. Estão sendo
licitadas agora as edificações e a ligação do aterro com a BR. Isso vai
possibilitar fechar o Lixão da Estrutural a partir do segundo
semestre do ano que vem. Isso é um dos pilares mais fortes quanto à
responsabilidade ambiental.
E o aterro fica pronto quando?
A programação é que o aterro comece a operar já no final de agosto de
2016. Aí, teria o fechamento imediato do lixão da Estrutural, com o trabalho de
recuperação do local.
E quais as outras obras destaque da pasta?
Não podemos esquecer ainda do importante trabalho da Caesb, que
está fazendo a preparação de Brasília para os próximos anos. Já está na
praça algo em torno de R$ 370 milhões de licitação, também de recursos
externos. E essas captações seriam do Paranoá, onde será feito o tratamento que
sai em dois braços: um no sentido Norte, no Itapoã, Paranoá, até Sobradinho, e
outra atendendo a São Sebastião, na parte dos condomínios e também o
Mangueiral. Temos também a estação de tratamento que está sendo feita
juntamente com a Saneago, de Goiás, com 50% de cada um. Aí, nós trataremos
a água do Corumbá para atender regiões importantes de Brasília, como
Santa Maria, Recanto das Emas, Gama e Novo Gama.
No meio deste ano, o governador Rollemberg anunciou
um pacote com 52 obras ao custo de R$ 5 bilhões. Há risco de alguma dessas
obras não ir para frente devido ao rombo nos cofres do GDF?
Risco existe. Hoje, se tivéssemos que comparecer com o dinheiro, não
teria. Hoje, a prioridade do governo é a folha de pagamento. A prioridade
zero do governo é essa. Mas tem uma vantagem a parte de financiamento.
Muitas vezes, a gente não precisa de comparecer. Porque o certo é, a cada
medição, aquilo que é de responsabilidade do governo ele colocar. Mas também
isso pode ser colocado um pouquinho na frente. Desde que devidamente conversado
com os agentes financeiros. A expectativa é que a gente possa, ao longo
de 2016, ter o dinheiro na fonte 100 para que possamos gerar essas
contrapartidas, que não são tão grandes, em média 5% para trazer esse
dinheiro. Ou seja, os outros 95% que vão trazer tantas benfeitorias à cidade.
O senhor pode apontar o que considera a
principal falha dos últimos governos no diz respeito à infraestrutura do
DF?
Acho que nós temos um problema sério na política habitacional há muitos
anos. Acho que essa nossa política tem a necessidade de antecipar a política
habitacional olhando para todas as classes. Não só para a A, B ou C, mas,
principalmente, nas classes D, E e F. Aí, você tem a faixa 1, que recebe até
três salários, depois de três a seis e de seis a dez. Então, acho que a falta
de política habitacional oferecendo moradias para essas pessoas, por meio de
financiamentos e bairros estruturados, é que gerou esse grande problema que nós
temos hoje. É muito mais difícil fazer a infraestrutura com o bairro
funcionando do que se tivesse antecipado e oferecido a casa. Por exemplo,
o Jardins Mangueiral: não existia, mas se fez saneamento, esgoto,
pavimentação, meio-fio, calçada e levou-se a família para morar com mais
dignidade. Se você pegar esse dinheiro desses R$ 5 bilhões, a maioria vai para
recuperação de áreas ocupadas irregularmente. Nós temos que fazer um grande
pacto: a sociedade, o governo, os órgãos controladores, para que isso tenha um
freio. Senão, é uma luta inglória.
E a proposta de construção da Transbrasília? Como
ficou e qual a sua avaliação sobre a via?
A Transbrasília mudou completamente a estrutura. Antes, era mais
uma pista de mobilidade, de você ir e vir. E ela passou a ser muito mais uma
opção estruturante na cidade, de integração. Depois que você saía do Park Sul e
caminhava no sentido do Guará, fazia uma integração das áreas verdes, porque
ela passa perto de diversos parques e chega ali no Guará. Então, você tem
uma via que vem do Guará I, que está descompassada com o Guará II. Pelo o que
eu vi ali do pré-projeto, tem um centro de integração para valorizar a
cidade, para criar a parte de comércio com residência e dando opções às
áreas institucionais. O projeto hoje muda muito a concepção das cidades. Com
ele, você precisa sair mais para Brasília e abre, sim, um setor de mobilidade,
porque ela integra não só o eixo das cidades-satélites com o Plano Piloto, mas,
principalmente, com as artérias que hoje já são usadas, como a EPTG. Eu acho
que é uma obra importante. Mas é importante também agora saber se nós
vamos ter condições de receber essa manifestação de interesse para poder fazer
dessa parceria público-privada uma realidade.
Ainda sobre mobilidade. Existe a possibilidade de o
metrô chegar até a Asa Norte?
Eu pertenço ao Conselho do Metrô e nós sabemos da importância da
extensão que chega até o Hospital Regional da Asa Norte. De Ceilândia e
Samambaia, as quatros estações. E, conversando com o presidente Marcelo
Dourado, ficou claro que ele quer colocar essas obras em licitação até o final
do ano.
E tem previsão para acontecer de fato?
O problema, quando a gente fala em colocar licitação, é que tem alguns
momentos. A gente entende que essas obras, caso ocorra tudo bem com os
órgãos de controle, possam acontecer a partir do final do primeiro
semestre de 2016.
O que, em termos de infraestrutura, fica pronto
neste mandato?
Vamos avançar muito na infraestrutura dessas cidades que eu coloquei:
Bernardo Sayão, Vicente Pires, Pôr do Sol e Sol Nascente. A ideia de governo é
que a gente consiga entregar até julho de 2018 a infraestrutura dessas áreas
todas: água, esgoto, drenagem e a parte de pavimentação. Além disso, tem o
Drenar I e II, que prevê o desentupimento das galerias do Plano Piloto e
Taguatinga.
Fonte: Jornal de Brasília – Com: Carla Rodrigues –
Foto: Kleber Lima