Não
é à toa que dia sim, outro também, petistas vivem a bradar palavras de ordem
contra possível “golpe” para tirar Dilma do governo. Na verdade, é um apelo,
quase um grito de misericórdia, para que a oposição caia na provocação e cometa
essa inconsequência. Hoje, o partido agoniza em praça pública em decorrência
direta dos próprios “malfeitos” que perpetrou ao longo de mais de 12 anos de
governo.
Rejeitado e impopular
como nunca antes na história deste país, o PT teme sair estraçalhado das urnas
nas eleições do ano que vem. Mas não, claro, se tiver a mãozinha de algum
aloprado que abrevie a agonia da presidente. Renunciar pega mal. Mas, sabem bem
os petistas, é preciso, urgentemente, jogar essa herança maldita, urdida por
Lula e Dilma, nas costas de um sucessor qualquer.
Como num passe de
mágica, quem assumir o país quebrado logo passará de Cinderela a Geni. É tudo o
que Lula gostaria. É tudo o que o PT quer. No mesmo dia, eles iniciariam o
marketing da redução de danos, deixando o papel de vilões para se transformar
em “vítimas de golpe das elites”. Estaria ressuscitada a campanha do “nós
contra eles”. Ricos seriam acusados de derrubar “o governo que mais fez pelos
pobres na história do Brasil”. Duvidam que a encenação prospere?
Hoje, sem rumo, o PT
— que chegou ao Planalto com o discurso de que “não rouba, nem deixa roubar” —
paga um justo preço pela traição à agenda ética; pelas veias abertas da
roubalheira institucionalizada que as investigações da Lava-Jato expuseram e
ainda expõem na Petrobras; pela prisão de dirigentes do partido acusados de
envolvimento na rapina; pela incompetência em fazer reformas estruturais
mínimas capazes de levar cidadania a todos os estratos sociais da população.
Sim: bolsa distribui renda e rende voto. Mas só isso basta?
Sem um “golpe” para
salvá-lo, o populismo petista cava o próprio buraco. Chega ao fim sem nunca ter
feito nada para alçar a educação à prioridade nº 1 da República. O slogan
“Pátria Educadora” é uma vergonha: no país, só 11% dos alunos de escolas públicas
que concluem o 3º ano da educação fundamental têm o nível ideal de leitura.
Pior, os avanços sociais, talvez a única iniciativa louvável do partido, já
começam a ser destroçados pelo próprio governo em meio à crise que o devora — e
também a todos nós — sem dó, nem piedade.
Por: Plácido Fernandes Vieira - Correio Braziliense –
Foto/Ilustração: Google/Blog