Em discurso
realizado nesta manhã em Zurique, Michael Lauber, procurador-geral da Suíça,
... fez questão de citar o caso de corrupção da Petrobrás na abertura da
reunião anual da Associação Internacional de Procuradores. Rodrigo Janot,
procurador-geral da República, estava programado para fazer um discurso, mas
acabou cancelando a viagem diante de sua posse.
"Estamos
impressionados pela coragem deles (brasileiros )", disse Lauber.
"Eles lutam com convicção e com a certeza de estar fazendo a coisa certa,
com o respeito ao estado de direito", completou. Brasil e Omã foram os
únicos países mencionados no discurso a um plenário para procuradores de todo o
mundo.
A colaboração
entre o Brasil e a Suíça permitiu o congelamento de mais de US$ 400 milhões em
contas relacionadas com os ex-funcionários da Petrobrás. " Queremos lutar
contra a corrupção de forma séria ", disse Lauber. " Contribuímos,
portanto, com diversos países e sabemos que isso é crucial para levar casos
adiante ", afirmou.
Porém, o governo
suíço também afirma que outras praças financeiras receberam valores
potencialmente superiores aos que foram depositados nos bancos do país alpino
em propinas relacionadas ao esquema de corrupção na Petrobrás.
"Sabemos que
há mais dinheiro fora daqui", disse o responsável pelo Departamento de
Direitos Internacional da chancelaria suíça, Valentin Zellweger. Segundo ele,
outras praças financeiras têm ainda mais dinheiro que a Suíça cuja origem seria
o esquema na estatal brasileira. "Mas elas não comunicam", declarou.
Questionado sobre
como os bancos acabaram aceitando esses milhões de dólares de ex-executivos da
Petrobrás sem questionamentos, o embaixador insistiu que a estrutura montada
foi "sofisticada". Segundo ele, o dinheiro depositado passou por
várias sociedades antes de chegar até as contas na Suíça. Zellweger insistiu
que era difícil ver em muitas ocasiões que o dinheiro se referia a pessoas
politicamente expostas.
Mas ele mesmo
admitiu que o sistema financeiro suíço precisa "fazer mais" para
evitar tais situações. "Não temos um sistema 100% limpo. Mas nosso
objetivo é o de minimizar os riscos", disse.
Para o
embaixador, a Suíça fez prova de transparência ao anunciar a existência de US$
400 milhões bloqueados nas contas do país. Uma investigação foi aberta em abril
de 2014 e, em março de 2015, o Ministério Público do país revelou 300 contas em
30 bancos diferentes com dinheiro fruto da corrupção. Em julho, a Suíça ainda
anunciou que estava ampliando a investigação para também tratar da Odebrecht.
Do total bloqueado, US$ 120 milhões foram devolvidos aos cofres brasileiros.
Fonte: Jamil Chade –
Correspondente – O Estado de São Paulo. Foto: Ruben Sprich/Reuters