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CPI do Transporte aprova quebra de sigilo das empresas de ônibus do DF

Gestor deverá explicar suposto empenho em descaracterizar apuração. Comissão investiga desde junho irregularidades no sistema.

 

A CPI do Transporte aprovou nesta quinta-feira (5) a quebra dos sigilos bancário e fiscal das cinco empresas de ônibus que prestam serviço no Distrito Federal. Em funcionamento desde junho, a comissão investiga irregularidades no sistema antes e depois da licitação que renovou a frota em 2012.

Além disso, a CPI determinou a convocação do secretário-adjunto de Mobilidade, Fábio Damasceno, para explicar a suposta declaração de que existe empenho do governo em descaracterizar as investigações. O G1 procurou as empresas, mas não recebeu retorno até a publicação desta reportagem.

O GDF Informou que acompanha a comissão e se coloca à disposição para colaborar, mas que “não comenta a decisão da quebra de sigilo das empresas de ônibus por se tratar de uma decisão única e exclusiva dos membros da CPI”. “Quanto à convocação do secretário-adjunto da Secretaria de Mobilidade do Distrito Federal, Fábio Damasceno, a Semob informa que ele está à disposição para colaborar com o que for necessário e já adianta que de forma alguma, como foi divulgado, houve qualquer empenho para descaracterizar a CPI.”

Na última reunião, o empresário Victor Foresti disse à CPI que não estava à frente da Viação Pioneira, que pertence à mulher dele, durante o processo licitatório. Foresti, que é genro de Nenê Constantino, confirmou que a Viação Piracicabana pertence à família dele. O edital vetava que companhias do mesmo grupo participassem da licitação.


Para o presidente da CPI, deputado Bispo Renato (PR), a declaração não deixa dúvidas sobre a ligação das empresas. "Depois da fala dele, não resta dúvidas de que havia grupo econômico formado."

Foresti afirma que atuou como diretor da Viação Pioneira, que pertence à mulher e à cunhada, até a realização do processo licitatório, quando deixou a companhia. Ele disse que foi surpreendido pela inabilitação da Viação Brasília, de propriedade dele, do certame. "Ficamos de fora, mas não creio que houve irregularidade na licitação."

O empresário disse que falou duas vezes com o advogado Sacha Reck para questionar por que a empresa havia sido inabilitada. "Liguei porque Sacha Reck é reconhecido nacionalmente como o 'papa' da consultoria em transportes, mas o contato foi infrutífero."

Investigação
No início de outubro, a CPI aprovou a quebra de sigilo telefônico de Sacha Reck, do pai dele, Garrone Reck, do ex-secretário de Transporte José Walter Vazquez, do ex-diretor do DFTrans Marco Antonio Campanella, de dez representantes de empresas de ônibus do transporte público da capital federal e de mais cinco pessoas.

O pedido se devia à suspeita de que o advogado, que trabalhou na elaboração do edital de licitação do transporte público do DF, em 2012, tivesse favorecido empresas das famílias Gulin, do Paraná, e Constantino, de Brasília, com as quais já teve relacionamento comercial. Reck negou o favorecimento e irregularidades em sua atuação no processo de licitação.

Na semana anterior, o empresário Wagner Canhedo Filho, do grupo Viplan, disse que as empresas que não contrataram o escritório de advocacia de Sacha Reck não venceram a licitação. O empresário afirmou que a contratação do advogado foi determinada por José Walter Vazquez e pelo ex-vice governador Tadeu Fillipelli. O advogado nega.

Os estudos de logística do sistema de transporte do DF foram elaborados pela Logitrans, empresa que tem entre seus sócios Garrone Reck e Alex Reck, irmão de Sacha.

Justiça
Em abril, o Tribunal de Justiça do DF aceitou a denúncia do Ministério Público contra o ex-secretário de Transportes José Walter Vazquez, o advogado Sasha Reck e de outras duas pessoas suspeitas de irregularidades na mesma licitação.

O processo tramita na 1ª Vara da Fazenda Pública. Segundo o MP, eles participaram de um suposto esquema para favorecer grupos de empresas no certame.

No início de maio, Vazquez disse que não iria se manifestar até ser notificado. Se condenados, os envolvidos podem perder direitos políticos e terão que pagar multa de mais de R$ 1,4 milhão. Para o MP, a influência de representante de uma empresa dentro da comissão julgadora é fato grave e poderia até anular toda a licitação que substituiu as empresas de ônibus do DF.

O ex-secretário Vazquez também já negou em outras oportunidades participação em eventuais irregularidades na licitação. Em entrevista ao G1 no ano passado, Vazquez disse que Reck foi contratado pelo GDF para orientar a produção do certame porque é uma "referência" na área. "Se houve alguma irregularidade, quem deve responder por isso é o Sacha Reck", afirmou à época.

Garrone Reck, pai de Sacha, também havia negado irregularidades no processo de licitação e na contratação do filho como consultor do consórcio Logit-Logitrans durante o processo que resultou na licitação do sistema de transporte coletivo do DF.

 

Raquel Morais
Do G1 DF


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