A Operação Lava-Jato teve duas prisões importantes esta semana. A do
senador Delcídio do Amaral, determinada pelo STF, com o argumento de que o
parlamentar prejudicava as investigações, assediando Nestor Cerveró, oferecendo
a ele vantagens para não falar o que sabe e propondo inclusive um plano de fuga
para o ex-diretor da Petrobras. Outra foi a do empresário José Carlos Bumlai,
com um elemento novo, de acordo com despacho assinado pelo juiz Sérgio Moro: a
prisão era necessária para ajudar o ex-presidente Lula.
“A fiar-se nos depoimentos, José Carlos Bumlai teria se servido, por
mais de uma vez e de maneira indevida, do nome e da autoridade do ex-presidente
da República para obter benefícios. Não há nenhuma prova de que o ex-presidente
estivesse de fato envolvido nesses ilícitos, mas o comportamento recorrente do
investigado levanta o natural receio de que o mesmo nome seja de alguma
maneira, mas indevidamente, invocado para obstruir ou para interferir na
investigação ou na instrução”. E completa: “Fatos da espécie teriam o potencial
de causar danos não só ao processo, mas também à reputação do ex-presidente,
sendo necessária a (prisão) preventiva para impedir ambos os riscos”.
Os argumentos usados para determinar as decisões
contra Delcídio e Moro (excetuando-se a proteção do nome de Lula) se
encaixariam perfeitamente, embora com algum atraso, num despacho endereçado ao
presidente da Câmara, Eduardo Cunha. O parlamentar controla contas secretas na
Suíça e é acusado de receber US$ 5 milhões do esquema da Petrobras.
Cunha tem, sistematicamente, tentado atrapalhar as
investigações sobre sua participação nos desvios da estatal. Primeiro, escondeu
que eram dele os requerimentos feitos para extorquir empresas. Depois, demitiu
o diretor do Centro de Informática da Câmara, Luiz Antonio Souza da Eira,
quando o funcionário comprovou que o autor era ele. Agora, o parlamentar usa
suas prerrogativas para impedir o avanço do processo contra si na Câmara. Há
razões de sobra. A demora causa perturbação.
Por: Warner Bento Filho –
Foto/Ilustração: Blog – Google – Correio Braziliense