Recordações 20
anos depois
O
senador Cristovam Buarque (PDT-DF) ainda não comprou o primeiro volume da série
Diários da Presidência, em que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso faz
relatos sobre o cotidiano no Palácio do Planalto. Como mostrou a coluna ontem,
o tucano tratou no número de lançamento dos primeiros anos na presidência,
quando Cristovam acabara de assumir o Palácio do Buriti. Em várias passagens, o
ex-governador do DF é mencionado. O pedetista disse ontem que não se lembra de
todos os episódios, mas nega duas histórias: “Não me recordo de querer vender o
BRB. Posso ter conversado sobre isso com ele, mas não me lembro da forma como
ele contou. Também não era a favor da reeleição. Nem mesmo da minha. Pode ter
sido uma interpretação dele”, afirma Cristovam. O senador, no entanto, não
reclama de ser citado. “O meu respeito pelo Fernando Henrique é tão grande que
ficaria satisfeito de ser lembrado no livro dele, mesmo que fosse como uma
crítica”, acrescentou.
Conversa na madrugada
Sobre as memórias de Fernando Henrique Cardoso, Cristovam Buarque conta
uma passagem que espera ver nos próximos volumes de Diários da Presidência.
Logo depois da eleição de 1998, já reeleito ao Planalto, FHC pediu que Cristovam
levasse Luiz Inácio Lula da Silva para uma conversa no Palácio da Alvorada. Os
dois foram recebidos pelo presidente nos aposentos íntimos. Fernando Henrique
disse a Lula, que tinha sido derrotado no primeiro turno e chegou ao poder
quatro anos depois: “Venha conhecer a casa onde você vai morar um dia”. Os três
conversaram sobre o futuro do país até a madrugada. “Foi a primeira vez que
ouvi de alguém uma avaliação de que eu havia perdido a eleição por causa do
debate com (Joaquim) Roriz”, conta Cristovam. Chamado pelo presidente a dar um
depoimento sobre por que não havia votado em Cristovam, o garçom explicou:
“O senhor foi muito duro com Roriz”.
Por: Ana Maria Campos – Coluna “Eixo
Capital” – Foto: Carlos Vieira/CB/D.APress