Profissionais de renome, como Everardo Maciel e
Raul Velloso, participaram do encontro, ontem, na Residência Oficial de Águas
Claras
O governador Rodrigo Rollemberg se reuniu com
especialistas em finanças públicas para discutir a situação do DF. Os
integrantes do Conselho Econômico ouviram explicações sobre a situação das
contas públicas e se comprometeram a ajudar na busca por uma solução
Diante de protestos dos servidores com
a suspensão dos reajustes salariais e da irritação da população, que cobra
melhores serviços públicos, o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) convocou uma
reunião com figuras renomadas da gestão pública brasiliense a fim de expor as
dificuldades e revelar a situação de penúria do Executivo local. Os
especialistas formarão um conselho para auxiliar o governo a encontrar a saída
do atoleiro. Após o primeiro encontro, ontem, na Residência Oficial de Águas
Claras, os economistas foram uníssonos em classificar a situação do Distrito
Federal como “gravíssima”. Eles evitaram, no entanto, apontar um culpado. O
chefe do Executivo, por sua vez, manteve o discurso de que o governo passado
“primou pela irresponsabilidade fiscal”.
Os economistas apontaram que a crise na
capital é maior do que a de outras unidades da Federação. O peso da folha de
pagamento, alertaram, é praticamente insustentável. Além do sério problema
financeiro vivido no país, o GDF vê um aumento exponencial nos gastos com
pagamento de servidores, que estrangula a capacidade de investimento. O cálculo
do governo é de que cerca de 81% do orçamento seja usado para honrar o
vencimento dos funcionários. O desafio é conviver com uma queda na arrecadação
somada ao aumento de despesa para manter os salários em dia. Tudo isso ao mesmo
tempo em que o cidadão espera melhoria nos serviços públicos.
Frequentes
Nenhuma medida imediata, porém, foi
anunciada. Rollemberg informou que ele e a equipe econômica do GDF manterão
encontros frequentes com o grupo de cinco especialistas, formado por Everardo
Maciel, Raul Velloso, Hélio Tollini, Marcos Mendes e Waldery Rodrigues. O
objetivo é formular propostas concretas. “Para esse assunto, tenho umas 10, 15
ideias. Mas estamos explorando, debatendo, ainda não formamos um ponto de vista
definitivo.”, explicou o ex-secretário da Receita Federal e ex-secretário de
Fazenda e de Planejamento do GDF Everardo Maciel. Raul Velloso, pós-doutor em
economia na Yale University, nos Estados Unidos, contou que o primeiro encontro
serviu para todos se inteirarem da situação. “Foi muito mais para olhar o
tamanho do problema, ver o que já foi feito e levantar algumas linhas de
discussão”, disse.
No início de novembro, no auge da greve
geral dos servidores, desencadeada pela suspensão dos reajustes salariais
concedidos pelo antigo governo a 32 categorias, o senador Cristovam Buarque
(PDT) sugeriu a Rollemberg a criação de uma comissão da verdade fiscal, a fim
de comprovar que o Buriti não tinha condições de depositar os acréscimos
salariais. O governador comprometeu-se a montar o colegiado, conforme ocorreu
ontem na residência de Águas Claras.
O socialista, no entanto, evitou dar ao
grupo o mesmo nome sugerido pelo aliado pedetista. “Essa é uma comissão de
aconselhamento econômico, onde teremos a oportunidade de mostrar de forma clara
todas as contas públicas, que estão abertas ao conjunto da população. É
sobretudo uma comissão capaz de apontar caminhos para trazer uma solidez
financeira ao DF que permita oferecer melhorias nos serviços e recuperar a
capacidade de investimento, principalmente para que o Estado possa investir nas
comunidades que mais precisam”, exaltou.
Memória - Malabarismo
financeiro
Desde o começo do ano, quando assumiu o
Palácio do Buriti, o governador Rodrigo Rollemberg busca saídas para o impasse
financeiro que ameaça a folha de pagamento. Uma das principais medidas adotadas
em 2015 foi a aprovação de um projeto de lei na Câmara Legislativa que
autorizou o GDF a usar recursos do Instituto de Previdência do DF (Iprev) para
fechar a folha. Em setembro, os distritais chancelaram a proposta, que permitiu
ao governo retirar R$ 1,28 bilhão do Iprev. Esses recursos foram usados para
pagar aposentados, o que liberou recursos para o salário dos servidores da
ativa. À época, houve muitos protestos de servidores no Palácio do Buriti
(foto).
Fonte: Matheus Teixeira – Fotos: Denio Simões – Agência Brasília – Minervino
Junior/CB/D.A.Press