Os
Três Poderes contra a licitação
A investigação da licitação do sistema
de transporte público do Distrito Federal mobiliza todos os Poderes da capital.
A Polícia Civil tem dois inquéritos abertos para apurar irregularidades e já
anunciou a existência de “provas robustas”. A Justiça suspendeu a concorrência
pública, classificada por um magistrado como “engodo”. Na Câmara Legislativa, a
CPI dos Transportes já tem um relatório preliminar que aponta falhas graves no
certame, realizado na gestão de Agnelo Queiroz (PT). O corpo técnico do
Tribunal de Contas tem dezenas de levantamentos que indicam irregularidades no
cálculo da tarifa técnica. Um inquérito criminal que tramita na 2ª Vara
Criminal de Brasília investiga o caso e a expectativa no meio jurídico é de
que, em breve, haja ações penais contra envolvidos na concorrência.
Agente duplo
O promotor de Defesa do Patrimônio
Público, Rodrigo de Araújo Bezerra, participou das operações de apreensão
realizadas na quarta-feira, em Curitiba. Ele esteve no escritório do advogado
Sacha Reck em busca de provas que demonstrem a dupla atuação do profissional.
Segundo as investigações, ele representava empresas de ônibus e, ao mesmo
tempo, trabalhava como consultor do GDF, respondendo todos os questionamentos
oficiais feitos ao governo. “Nosso entendimento é de que essa atuação foi
ilegal”, argumenta o promotor. Um vídeo publicado na internet mostra Sacha Reck
discursando na CPI do Transporte Público de Curitiba, em defesa das empresas do
setor.
Perseguição
O PT-DF disparou contra o governo e a
polícia por conta da operação da última quarta-feira, quando agentes fizeram
operações em busca de provas de irregularidades na licitação do transporte. Em
nota, o presidente regional do partido, Roberto Policarpo, diz que o
ex-governador Agnelo Queiroz teve “muita coragem e determinação em enfrentar o
cartel do transporte”. Disse ainda que a ação da polícia pode ser o início de
um processo de perseguição ao PT. “Agindo assim, a PCDF volta à velha prática
de investigar adversários políticos do governador de plantão”, finaliza a nota.
18 meses depois
Aliados do ex-governador José Roberto
Arruda criticaram a demora para o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) julgar a
ação de investigação judicial eleitoral contra Agnelo e Filippelli. O processo
está na Corte desde julho de 2014 a decisão unânime de torná-los inelegível só
saiu na última quarta-feira. Correligionários alegam que, no caso da decisão
que barrou a candidatura de Arruda, o TRE julgou o pedido em apenas 15 dias.
Por: Ana Maria Campos – Coluna “Eixo
Capital” – Correio Braziliense – Foto/Ilustração: Blog - Google