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Juiz Sérgio Moro: "Ele tomou conta do país"

A frase, dita por um eminente jurista em um dos vários salões do coração do poder, resume a imagem que não apenas a classe política, mas também o mundo jurídico e o conjunto da sociedade brasileira, tem do juiz que comanda a Operação Lava-Jato, Sérgio Moro.

Moro reverteu a lógica brasileira. Um experiente analista político lembra que, por questão simples de hierarquia, juízes de primeira instância jamais conseguiriam ditar o ritmo dos tribunais superiores. Moro consegue. “Ele está funcionando muito mais rápido do que todas as demais instâncias. A Procuradoria-Geral da República, o Superior Tribunal de Justiça e o Supremo Tribunal Federal têm corrido atrás dele o tempo todo”.

O exemplo citado mais recente foi a decisão tomada, pelo STF, de extinguir a possibilidade de recursos em liberdade a partir de condenações em segunda instância. “Meu Deus, a partir de agora, passou a segunda instância, você está morto”, arrepiou-se um prócer senador da República. “E se ao chegar lá na frente, no STJ (Superior Tribunal de Justiça) ou no STF, o acusado tiver novas provas e for inocentado, faz como?”, questionou o mesmo parlamentar.

Fará, provavelmente, o mesmo caminho que tentam fazer centenas de condenados que estão nas prisões brasileiras e descobrem, lá na frente, que eles não cometeram os crimes. Recursos e expectativas de libertação. A diferença, crucial, é que, para alguns, a liberdade significará apenas o fim de sofrimento injusto. Para outros, poderá abrir espaço para indenizações vultosas.

“Ele virou um juiz universal, todos estão com medo dele”, disse outro jurista, indignado com a desenvoltura de Moro. O mesmo personagem diz que conversou com vários ministros de tribunais superiores que discordam dos métodos de Moro, mas que se recusam, ao fim e ao cabo, a conceder habeas corpus aos investigados na Lava-Jato. Pressão pública, perseguição política ou fatos que justifiquem a manutenção das detenções? Ninguém sabe quando, como e onde a Lava-Jato terminará. E quem sobreviverá para contar a história. A única certeza, conformem-se, ou não, é que “ele tomou conta do país”.


Por: Paulo de Tarso Lyra – Fonte: Correio Braziliense – Foto/Ilustração: Blog - Google

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