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Obama em Cuba - - (É sem dúvida histórica a viagem )

É sem dúvida histórica a viagem de Barack Obama a Cuba. Com ela, espana-se a poeira do tempo e se joga luz sobre o mofo que se acumula ao longo de meio século de mudez da diplomacia. A guerra fria, que dividiu o mundo em dois blocos depois da Segunda Guerra Mundial, acabou há 25 anos, mas manteve raízes teimosas na América Central. Nada mais extemporâneo.

A visita à ilha não só dos hóspedes da Casa Branca mas também de 40 membros do Congresso e grupo de empresários acerta os ponteiros com o século 21. O diálogo substitui as armas. Em entrevista à imprensa transmitida à população cubana, Raúl Castro e Barack Obama falaram com cautela e descontração, mas expuseram as urgências que os movem. Castro cobrou o levantamento do embargo e a restituição da Baía de Guantânamo. Obama, o respeito aos direitos humanos.

É certo que o estreitamento das relações entre os dois países deve levar ao fim do boicote unilateral, que depende de aprovação do Congresso. Trata-se, como disse o presidente americano, de “questão de tempo”. Medidas que independem do Legislativo vêm sendo tomadas com êxito. É o caso do restabelecimento dos voos comerciais, da retirada de entraves para viagens, da ampliação das facilidades para envio de dólares aos cubanos e para a atuação das empresas de telecomunicações.

Não passou despercebida a situação desconfortável de Barck Obama ao cobrar respeito aos direitos humanos por parte do dono da casa. Na prisão de Guantânamo, mantida por Washington em Cuba, se depositam prisioneiros em total desobediência às conquistas da civilização. Sem direito a defesa ou a julgamento — prática inaceitável em território estadunidense —, homens de diferentes nacionalidades mofam sem perspectiva de bater ponto final no martírio.

Obama prometeu, na primeira campanha eleitoral, fechar os portões do inferno que envergonha os cidadãos da pátria que se diz ter um destino manifesto — promover e defender a liberdade no mundo. Até agora, porém, as palavras não se tornaram atos por culpa do Legislativo. Antes que conclua o mandato em janeiro de 2017, é importante que o presidente vença as resistências dos linhas-duras do Congresso e cumpra mais essa etapa da trajetória progressista que lhe caracterizou a gestão.

O reatamento das relações com Cuba entrará para a história como o acordo nuclear com o Irã e a adesão a práticas avançadas sobre o clima. Não só. Com a ilha reintegrada ao sistema americano, abre-se espaço para a adoção de políticas mais coerentes com o continente. Cuba, pequena ilha pobre do Caribe, não pode merecer mais atenção que potências como Brasil e México.



Fonte: “Visão” do Correio Braziliense – Foto/Ilustração: Blog - Google

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