Eliana reclama das filas que sempre encontra na
estação do Gama: ela pede organização e frota de ônibus maior para a solução do
problema
Por enquanto, só o Expresso DF Sul saiu do papel,
mas planos englobam os eixos Norte, Oeste e Sudoeste. Remodelagem de terminais
e aplicação de tecnologia são pedidos da população e de especialista, para que
haja menos espera e filas
Além do Eixo Sul, o projeto de mobilidade da
capital do país inclui a construção de três corredores para o Bus Rapid
Transport (BRT): os eixos Norte, Oeste e o Sudoeste, que resultariam em 150km
de vias dedicadas para o Expresso DF. A intenção do governo é tornar todo o sistema
integrado e desafogar o tempo no trânsito dos usuários de Sobradinho e
Planaltina. Mesmo com os projetos, a Secretaria de Mobilidade ainda não tem
prazo para o início das obras — muito menos de operação.
A
primeira construção é a do Expresso DF Norte. Para isso, um conjunto de obras
está incluído no projeto, como serviços de terraplanagem; implantação e
restauração de pavimentação; drenagem de áreas rurais e urbanas; sinalização
horizontal, vertical e semafórica; construção de viadutos, muros, contenções,
túneis, trincheiras e pontes. O orçamento está previsto em R$ 1,2 milhão, com
cinco terminais incluídos — dois em Sobradinho, dois em Planaltina e um na Asa
Norte. A edificação de 38 estações ao longo de trechos da BR-020 e da Estrada
Parque Indústria e Abastecimento (Epia Norte) também está nos planos. O
Departamento de Estradas de Rodagem (DER-DF), responsável pelas obras, informou
que o projeto executivo se encontra concluído e encaminhado para análises da
Caixa Econômica Federal, mantenedora da execução. Em razão disso, ainda não
existe previsão para o início das intervenções.
Enquanto
isso, o produtor de moda Danillo Costa, 24 anos, continua enfrentando o
trânsito pesado da região. Ela sai do Setor Sul de Planaltina com destino ao
Setor de Autarquias Sul, no Plano Piloto. Para não chegar atrasado ao trabalho,
deixa a residência 2h30 antes, devido aos congestionamentos na Epia Norte. “O
transporte para a nossa região é muito ruim. A vinda do BRT para cá facilitaria
toda a locomoção. A questão da faixa exclusiva melhoraria bastante”, conta.
Para
Ceilândia, Taguatinga, Águas Claras e Guará, a Secretaria de Mobilidade prevê o
Expresso DF Oeste. As obras, avaliadas em R$ 725 milhões, incluem o uso da
faixa exclusiva da EPTG, trechos na Estrada Parque Indústrias Gráficas (Epig) e
Estrada Parque Setor Policial Militar (ESPM). Essa parte ainda está em fase de
estudo de projetos; por isso, não existe um número definido de estações e
terminais. “A faixa da EPTG está nos planos do Expresso DF. Ela vai começar a
ser operada da forma como é hoje e depois prevemos readaptação das estações,
como existe no Expresso Sul. Queremos operar a faixa por lá ainda este ano. Os
estudos estão em andamento para isso”, detalhou o secretário adjunto de
Mobilidade, Fábio Ney Damasceno. O Expresso Sudoeste, que deve atender Núcleo
Bandeirante, Riacho Fundo e Recanto das Emas, ainda está com o projeto em fase
de conclusão.
Faixa exclusiva na EPTG, que já existe, será usada no Eixo Oeste do BRT
Terminais do BRT Sul serão redesenhados para a comodidade dos usuários
Adequação
Mas ainda há serviço a ser feito no Expresso DF
Sul, já em uso. A secretária Eliana Nunes da Silva, 38 anos, sai da Quadra 3 do
Setor Sul do Gama em direção ao trabalho, no Setor Comercial Sul, no Plano
Piloto. Na opinião dela, as filas deveriam ser mais organizadas e a frota de
ônibus, maior. “Quando chegamos ao terminal, as filas sempre estão intensas.
Isso depois de esperar muito pelo ônibus alimentador. Essas melhorias já
ajudariam o usuário”, sugere. Além disso, a secretária questiona sobre a não
finalização do trecho da Estrada Parque Indústria e Abastecimento (Epia), que
não possui a faixa exclusiva para o Eixo Sul. “Mistura o trânsito. Deveria ter
a pista exclusiva em todo o percurso”, aponta.
Nos
projetos da Secretaria de Mobilidade, está a conclusão do trecho de pista
exclusiva entre Candangolândia e Asa Sul. As adaptações fazem parte da segunda
etapa do Eixo Sul, que terá 7,6km de extensão. Os custos estão dentro do pacote
de R$ 230 milhões para finalizar o Expresso DF Sul. “É uma das nossas prioridades,
ao lado do funcionamento das estações ainda desativadas”, explica o secretário
de Mobilidade, Marcos Dantas. A intenção da pasta é ligar o trecho,
especialmente, com a Estação Asa Sul, onde há ligação com metrô e ônibus
convencionais.
Para
evitar a desorganização de filas, o governo estuda o redesenho dos terminais
existentes em Santa Maria e no Gama. “Alguns erros de projeto foram
identificados. Os terminais passaram por modificações para evitar aglomeração
nas filas, principalmente nos horários de pico. São pequenas alterações que
devem ser feitas para melhorar a organização dos espaços. Tudo isso está em
estudo”, detalha o secretário de Mobilidade.
Doutor em
engenharia de transportes pela Universidade de Brasília (UnB), Pastor Willy
Gonzales Taco aponta que a expansão do sistema deve ser acompanhada do uso da
tecnologia. “A incorporação de tecnologia vem, principalmente, para beneficiar
o usuário do transporte público — não apenas do BRT, como dos convencionais. É
importante o passageiro ter acesso a informação, acompanhar os horários e a
frequência dos ônibus. Isso não vem sendo feito em Brasília”, critica. De
acordo com a Secretaria de Mobilidade, os equipamentos necessários para a
operação da central do setor já foram comprados. A operação ficará sob a
responsabilidade do Transporte Urbano do Distrito Federal (DFTrans).
Dinheiro para o transporte
*R$ 1,1 bilhão
Valor
estimado para a execução das obras em Planaltina, Sobradinho e Asa Norte, no
BRT Norte
*R$ 725 milhões
Custos previstos para projeto do BRT Oeste, que atenderá Ceilândia,
Taguatinga, Águas Claras e Guará
*R$ 987 milhões
Montante
de gastos para a operação da BRT Sul, com a conclusão dos trechos 3 e 4
Fonte:
» Thiago Soares - Marianna Nascimento - Especial para o Correio - – Fotos:
Breno Fortes/CB/D.A.Press – Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press – Correio Braziliense