Pânico
A prisão do ex-senador Gim Argello (PTB-DF) deixou
políticos e empresários de Brasília bem assustados. O petebista tem relações em
campanhas e acordos com meio mundo na capital do país. Foi um parlamentar
influente. O comentário geral ontem era de que essa história pode estar apenas
no começo. Quem conhece Gim avalia que ele não aguenta muito tempo na
cadeia. O ex-senador teve a prisão preventiva decretada pelo juiz Sérgio Moro.
Não há prazo para sair. Pelos exemplos da Lava-Jato, pode ser uma longa
temporada atrás das grades. Para conseguir a liberdade ou a redução de pena,
ele pode fechar um acordo de delação premiada. Daí, novos escândalos devem
surgir.
Homem de bastidores
Secretário-geral da Mesa Diretora da Câmara
Legislativa até ontem, Valério Neves Campos, um dos alvos da 28ª fase da
Operação Lava-Jato, é um personagem de bastidores. Poucos vão identificá-lo
fora do circuito político. Mas ele acompanhou de perto muitas negociações e
costuras eleitorais nas gestões de Joaquim Roriz no Palácio do Buriti. Sempre
foi seu braço direito. Discreto, falava com autoridade em nome do ex-governador
e os interlocutores sabiam que ali estava um representante de Roriz.
Aliado de Luiz Estevão
A proximidade e a lealdade com o ex-governador
Joaquim Roriz só se equiparavam à que Valério sempre manteve com Luiz Estevão,
de quem foi assessor na passagem do empresário pela Câmara Legislativa e pelo
Senado. Os dois se tornaram amigos. Com Roriz doente e fora do jogo, Valério se
aproximou da deputada Celina Leão (PPS) e virou um estrategista do mandato da
presidente da Câmara Legislativa. Com a prisão, ele perdeu o cargo, mas sem
críticas públicas de Celina.
Juntos em orações
Ninguém no meio político poderá atirar a primeira
pedra quanto à presença nas festas de Pentecostes promovidas pelo padre Moacir
Anastácio. O religioso que aparece no olho do furacão da Lava-Jato atraía
parlamentares e governadores de todos os partidos. Sem discriminação. Em 2009,
conseguiu a graça de reunir em oração adversários históricos, como Agnelo
Queiroz e Geraldo Magela (PT) com Joaquim Roriz. Juntos em orações e de olho na
multidão.
Milagre
Para muitos que acompanham a Lava-Jato, o fato de o
padre Moacir Anastácio não se tornar alvo de, no mínimo, uma condução
coercitiva foi um milagre. Respeito dos procuradores da força-tarefa de
Curitiba à Igreja Católica ou seria receio de aumentar a lista de críticos ao
trabalho de investigação?
Fonte: Ana Maria Campos – Coluna “Eixo Capital” –
Fotos:Bruno Pres/CB/D.A.Press – Breno Fortes/CB/D.A.Press – Sheyla Leal –
Divulgação – Correio Braziliense