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PARECE QUE FOI ONTEM! BRASILIENSES RELEMBRAM MOMENTOS QUE MARCARAM IDENTIDADE MUSICAL DE BRASÍLIA, VOCAÇÃO QUE CONTINUA EM ALTA

Em mais de meio século de existência, Brasília armazenou um importante acervo cultural, e dele, a música é, com certeza, a mais rica vertente. Moradores da cidade testemunharam  56 anos momentos que se tornaram marcantes, principalmente entre os anos 1970 e 1990, protagonizados por quem contribuiu para contar e fortalecer a história da capital nessa área.
Em busca desses momentos, o Correio ouviu brasilienses que lembraram, com orgulho, de personagens, eventos e locais que formam um legado tão caro a eles. Dessas reminiscências, fazem parte bandas, projetos e espaços físicos já extintos, mas que se mantêm vivos no imaginário candango e consolidaram a vocação artística da cidade.
“Vivíamos sob a ditadura militar, quando os estudantes da UnB Fernandez, Marcos e Zé Maria criaram na região central de Taguatinga um reduto cultural, onde as bandas do emergente Rock Brasília, como Legião Urbana, Capital Inicial, Plebe Rude, Detrito Federal e Escola de Escândalo se apresentavam. O Rola Pedra foi o primeiro teatro a abrir o palco para bandas de rock na capital. Mas lá, estiveram, também, fazendo palestra e lançando livros, intelectuais como Plínio Marcos, Rose Marie Muraro, a primeira feminista pop brasileira.”
(Paulo Kauim, poeta e escritor)
“Sempre fui fã da BSB Disco Club. Ia aos shows do grupo desde a primeira formação, que tinha o Mário Salimoon, um amigo querido, como vocalista. Continuei assistindo às apresentações da BSB, principalmente no Gate’s Pub, quando a Indiana Nomma e a Geórgia W. Alô haviam assumido os vocais. Assim como elas, eu fazia parte do Coro Sinfônico Comunitário da UnB. Naquela época, eu era vocalista do Spirituals de Corpo, grupo de uma outra vertente musical.
(Carmem Teresa Manfredini, cantora)
“O Mel da Terra era o nosso grupo pop favorito. Paulinho, Sérgio, Remy, Beto e Paulinho — integrantes da formação original — faziam um som melódico, meio MPB, contraponto para o punk rock do Aborto Elétrico e das bandas que surgiriam depois. Eu via O Mel como o 14 Bis brasiliense. Assisti a vários shows dele, como os do Concerto Cabeças e na Feira de Música do Teatro Garagem.”
(Nicolas Behr, poeta)
“O Gate’s Pub era uma referência para a música de Brasília. Sob a direção artística de Rubens Carvalho, desenvolveu projetos memoráveis com a participação de roqueiros, jazzistas e do pessoal da MPB. Assisti a ótimos shows ali, inclusive de artistas brasilienses como o guitarrista Engels Spirituals e dos grupos Spirituals de Porco e BSB Disco Club. Gostava de ficar sentada nos bancos ao lado do balcão, onde a paquera rolava solta.”
(Júnia Vidoti, professora da UnB)
 “Os primeiros discos que comprei, ainda na era dos bolachões, foi na Discoteca 2001. Eu me lembro dos primeiros LPs da Legião Urbana adquiri na loja da Gabriela Mazzi, no Conjunto Nacional. A 2001, com a chegada dos CDs, virou referência em Brasília. Lá a gente encontrava todos os lançamentos, e camisetas de bandas. Havia, ainda, a venda de ingressos para shows e lançamento de discos, com a presença dos artistas, como o primeiro solo do Nando Reis.”
(Rodrigo Amaral, produtor de shows) 
“Tenho saudade do Gente do Samba, projeto que Sônia Alves criou no começo da década passada, no Feitiço Mineiro. Por aquele palco passou a nata do samba, mestres como Elton Medeiros, Noca da Portela, Monarco, Nelson Sargento, Walter Alfaiate e, também, as damas do samba Dona Ivone Lara e Tia Surica. Eu me lembro de que no show da Teresa Cristina, houve um problema de luz e o Feitiço ficou às escuras. Ela, porém, continuou cantando, acompanhada pelo grupo Samba & Choro, do saudoso Evandro Barcelos.”
(Sônia Palhares, blogueira e especialista em samba)
“Acompanhei a trajetória do Invoquei o Vocal desde o começo. Conheci o Lincoln Andrade —  atualmente maestro da Orqueastra Sinfônica da Universidade Federal de Minas Geraes —, que criou o grupo, quando ele integrava o Tonto de Tanto Canto. Assisti aos primeiros shows do Invoquei, que contava na formação original com Goya, Livino Neto, Maria Barros, Ana Paula Barreto e Hortência Doyle, na UnB, no Concerto Cabeças e depois do Feitiço Mineiro. Vi, também, os que o grupo abriu para Geraldo Azevedo, Toninho Horta e Paulinho Pedra Azul.”
(Sthel Nogueira, cantor e compositor)
“Sou da geração que tinha como programa preferencial, nas noites de segunda-feira, marcar presença na Feira de Música, comandada pelo Néio Lúcio, no Teatro Galpão. Ali se apresentavam bandas de rock de diversas tendências. Recordo-me da banda dark Pompas Fúnebres, da qual fazia parte o Alfredo, que depois foi um dos fundadores de Os Cachorros das Cachorras, e hoje é o DJ Tudo. Lá no Galpão participei de O último rango, peça catártica de J.Pingo (que teve a participação de Renato Russo). Ia muito, também, à Feira já no Teatro Garagem. À época dirigi o primeiro demo-clipe de Os Raimundos.”
(Cleon Homar, vidomaker)
“Ali, no fim da década de 1970, eram poucas as opções para quem curtia shows e eventos do gênero na cidade. Quando o Concerto Cabeças começou a acontecer, no gramado da 311 Sul, não perdia por nada. Como morava na 309 Sul, chegava mais cedo para ajudar na produção. Depois, me sentava em frente ao palco improvisado, para curtir os shows. Guardo na memória uma apresentação de Luli e Lucina, com o Renato Matos as acompanhando tocando atabaque. Depois, o Cabeças passou para a rampa acústica do Parque da Cidade e eu continuiei indo assistir.”
(Noélia Ribeiro, poeta e personagem da música Travessia do Eixão, do Liga Tripa)
“A Discoteca Zoom marcou minha adolescência em Brasília. Ia lá praticamente todos os fins de semana, pois Márcio e Marília Salomão eram meus amigos queridos. Havia muitos shows de rock e axé-music e festas animadíssimas. Todo mundo queria participar. Numa dessas festas, a Salute Salvador, aos 15 anos, fui eleita o broto do ano. Para mim, naquela época, foi um grande feito.”
(Maria Paula, atriz e escritora)
“Entre o fim dos anos 1990 e o começo de 2000, a Fashion Club, no Liberty Mall e se  transformou no point dos baladeiros de Brasília. Ninguém queria perder as festas nos fins de semana, embaladas por ritmos diversos. A paquera rolava solta, tanto na parte de cima, quanto na pista de dança, lugar para as pessoas verem e ser vistas. Na Fashion, assisti a um dos primeiros shows de Ivete Sangalo, no início da carreira solo e, no fim, ainda consegui fazer uma foto com ela.”
(Pedro Henrique Werneck, analista de sistema)




Fonte: Irlam Rocha Lima - Coluna "Diversão & Arte" - Correio Braziliense - Fotos: Arquivo Cabeças - Ivaldo Cavalcante/Divulgação - Arquivo Pessoal - 

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