Dilma acende a tocha e a entrega à bicampeã
olímpica Fabiana, do vôlei. Revezamento vai durar três meses
Ao receber a tocha olímpica,
presidente Dilma Rousseff afirma que Brasil será capaz de sediar jogos com
brilho, apesar das dificuldades. Mais tarde, disse que é "vítima de
fraude"
Ao dar a largada na corrida da
tocha olímpica no Brasil, a presidente Dilma Rousseff — que enfrenta um
processo de impeachment no Congresso — afirmou que a crise política não afetará
a celebração do grande evento esportivo no país. “A tocha olímpica será
recebida com alegria em todas as cidades do nosso imenso Brasil. Em todas essas
cidades por onde passar, vai deixar claro que a Olimpíada se dá em cada canto
desse país”, discursou Dilma.
“Sabemos as dificuldades políticas que existem em nosso país hoje.
Conhecemos a instabilidade política. O Brasil será capaz de, mesmo convivendo
com um período difícil, muito difícil, verdadeiramente crítico, da nossa
história e da história da democracia do nosso país, saberá conviver, porque
criamos todas as condições para isso, com a melhor recepção de todos os atletas
e de todos os visitantes estrangeiros”, afirmou, minutos antes de acender a
tocha.
"Esses decretos fora feitos por demandas minhas? Não, não fui eu
que pedi para eles saírem”
(Dilma Rousseff, presidente da República)
Ao mencionar os momentos de crise, Dilma ainda
alegou que o povo saberá “defender a democracia”. “Tenho certeza que um país
cujo povo sabe lutar pelos seus direitos e que preza e sabe proteger sua
democracia é um país onde as Olimpíadas terão o maior sucesso nos próximos
meses”, disse. “Nós sabemos que o que vale, como disse o Thiago (atleta
olímpico), o que vale é a luta. E nós sabemos lutar.”
A presidente ressaltou a dedicação do governo na preparação dos atletas
brasileiros e que o legado ficará para as próximas gerações. “A cidade do Rio
de Janeiro receberá, como legado, um importante conjunto de obras de
mobilidade, que vão facilitar muito o deslocamento pela cidade dos cariocas e
dos milhões de turistas que visitam a cidade maravilhosa, e isso, sem dúvida
nenhuma, ficará de legado para a população do Rio e do Brasil”.
Dilma acendeu a tocha e a entregou à bicampeã olímpica Fabiana, do
vôlei, que desceu a rampa do Palácio do Planalto dando início ao revezamento. O
revezamento da tocha no Brasil vai durar três meses e se encerrará em 5 de
agosto, no Rio de Janeiro.
O governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, enalteceu a emoção
trazida pela chegada da tocha. “São esses sonhos que nos movem, acalentados na
força da esperança”, afirmou. “A partir de hoje, Brasília, o Rio de Janeiro e o
Brasil são uma casa só. Uma família chamada humanidade.”
Plano Safra
Mais tarde, Dilma voltou a defender seu mandato. Em cerimônia no Palácio
do Planalto, acusou opositores de fraudarem o processo de impeachment para
tomar o caminho mais curto ao poder e acusou o ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso de ter assinado 101 decretos suplementares, numa comparação aos seis
decretos da gestão dela.
“A democracia brasileira sofre um assalto, porque querem encurtar o
caminho para a democracia. Nesse processo, eu estou sendo vítima de uma fraude,
um impeachment sem causa”, criticou.
Dilma negou responsabilidade pelas decisões. “Esses decretos foram
feitos por demandas minhas? Não, não fui eu que pedi para eles saírem”. Dilma
voltou a dizer que um dos decretos atendeu a um pedido do Tribunal Superior
Eleitoral (TSE); outro, ao Ministério da Educação, além de um de repasse para
hospitais.
A petista afirmou ainda não ter participado da assinatura dos decretos
porque essa decisão não seria de responsabilidade dela. “A lei prevê que não é
o presidente da República. Eu sou acusada por algo em que sequer estive
presente”, acusou.
Protestos na Esplanada
A largada do revezamento da tocha olímpica em
Brasília, na manhã de ontem, foi marcada por bate-boca entre grupos contra e a
favor do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Os dois grupos,
com participantes caminhando lado a lado, seguiram os condutores do
revezamento.
O grupo a favor do processo, que tramita no Senado, trazia faixas com a
frase “Dilma cometeu crime”, em inglês. Já o grupo contra o processo exibia
faixas onde se lia “Não ao golpe”, em diversas línguas, como russo, árabe e inglês.
A disputa entre os manifestantes, acompanhados pela polícia, não
atrapalhou a condução da tocha pela Esplanada dos Ministérios. A polícia
acompanha os grupos.
Temer
Em frente ao Palácio do Planalto, um grupo de cerca de 50 pessoas
ligadas a movimentos estudantis e sociais fez um protesto contra o
vice-presidente, Michel Temer, e em apoio ao mandato da presidente Dilma
Rousseff. Com cartazes onde se lia frases como “Temer golpista”, os
manifestantes gritavam que “não vai ter golpe” e “no Temer eu não confio, não”.
Após a passagem da Tocha Olímpica pelo Planalto, o grupo conseguiu
chegar à base da rampa e foi cercado por policiais.
Fonte: Naira Trindade – Foto: Minervino
Junior/CB/D.A.Press – Correio Braziliense