Joaquim Cruz na Floresta
Nacional, onde começou a carreira: "Espero que a chama inspire os
jovens"
Medalhista olímpico veio dos EUA
para participar do revezamento e chamou o momento de mágico
Omais expressivo atleta
brasiliense em Jogos Olímpicos não quis ver a tocha olímpica pela televisão.
Primeiro e único brasileiro a conquistar o ouro em uma prova de pista, em Los
Angeles-1984, Joaquim Cruz conduzirá a chama por Taguatinga, hoje, por volta
das 14h. Ele veio da Califórnia (EUA) — onde mora e integra o corpo técnico da
seleção norte-americana paralímpica de atletismo — para fazer parte de um
momento histórico da cidade e dele próprio.
Joaquim Cruz nasceu em Taguatinga, em 12 de março de 1963. Passar com a
tocha pelo trecho, porém, não foi escolha do ex-atleta. Por meio do instituto
que leva o nome dele, sediado em Brasília, se voluntariou para conduzir a
chama. No fim do ano passado, foi informado do trajeto selecionado para ele.
“É uma honra muito grande para mim, um momento mágico. Há pouco mais de
meio século, minha mãe me deu à luz no Hospital São Vicente, no centro de
Taguatinga”, lembra o medalhista ao Correio. “Amanhã (hoje), a chama olímpica
virá a Taguatinga pela primeira vez. Espero que ela inspire outros jovens a
sonhar com o movimento olímpico.”
Ontem, Joaquim Cruz esteve na Floresta Nacional de Brasília, onde
começou a vida no atletismo. Quando ele deu as primeiras passadas na carreira,
o local se chamava Proflora. “Hoje, tem esse nome chique”, brinca. Atualmente,
o ex-atleta corre apenas para manter a forma, mas precisou se esforçar um pouco
mais nas últimas semanas.
Nos Jogos Parapan-Americanos de Toronto, em agosto do ano passado,
Joaquim Cruz foi guia da atleta norte-americana Ivonne Mosquera-Schimidt em
duas provas (800m e 1.500m). Desde então, não pisou mais numa pista para
competições oficiais. Ivonne, porém, ficou sem guia. Assim, o brasiliense e o
marido da atleta, deficiente visual, tiveram de acompanhá-la nos treinos.
Durante o revezamento, o medalhista olímpico deve andar durante 400m.
Ele não quer correr ou “trotar”. “Farei esse trajeto em ritmo bem lento para
demorar bastante. Quero curtir”, ri.
Joaquim Cruz não havia recebido nenhuma orientação do Comitê Rio 2016
até ontem, mas acredita que terá uma conversa com a organização antes de
receber a tocha. “Não quero quebrar nenhum protocolo, não é uma situação em que
você faz o que quiser com a chama”, antecipa. “Será até um prazer seguir
protocolo. É algo divertido, mas muito sério.”
Os primeiros condutores
*Fabiana (vôlei)
*Artur Ávila Cordeiro de Melo (matemático)
*Gabriel Medina (surfista)
*Hanan Khaled Daqqah Hanan (criança síria)
*Adriana Araújo (boxeadora)
*Ângelo Assumpção (ginasta)
*Paula Pequeno (vôlei)
*Aurilene Vieira (diretora escolar)
*Vanderlei Cordeiro de Lima (ex-maratonista)
*Gabriel Hardy (caratê)
Por: Vitor de Moraes – Foto:
Edilson Rodrigues/CB/D.A.Press – Correio Braziliense