Portaria a dois
dias do fim do mandato alterou regime de trabalho dele. Salário do
ex-governador do DF subiu; ele nega irregularidades na medida.
O ex-governador
do Distrito Federal Agnelo Queiroz e a
última secretária de Saúde dele, Marília Coelho Cunha, se tornaram réus em um
processo de improbidade administrativa. A gestora assinou uma portaria a dois
dias do fim do mandato do petista em que dobrava a jornada de trabalhado dele, também
aumentando o salário. O ex-governador se mudou para Brasília em 1980 para fazer residência médica em
cirurgia-geral. A vida política começou em 1990, e ele se afastou dos
hospitais.
Reportagem da TV
Globo apontou que, com a mudança na jornada de trabalho, Agnelo recebeu média de R$ 22 mil por mês entre janeiro e agosto
do ano passado – período em que esteve de licença-prêmio. Para o Tribunal de
Justiça, houve aumento de salário indevido e prejuízo aos cofres públicas. A
denúncia foi feita pelo Ministério Público.
Agnelo se
defendeu na Justiça dizendo que a carga horária estendida já fazia parte da
rotina dele como governador. Já Marília afirmou ao Bom Dia DF que não vê
irregularidade na decisão que beneficiou o ex-governador, porque todos os
cirurgiões toráxicos fazem 40 horas semanais. Ela também disse haver um decreto
de 2004 em que o servidor que retorna ao cargo original tem de assumir com 40
horas.
O juiz que
aceitou a denúncia afirmou que chama a atenção o fato de o ex-governador não
ter pedido o aumento na carga de trabalho oficialmente. Além disso, o ato não
foi publicado na época no Diário Oficial.
Agnelo foi cedido ao governo
federal em agosto do ano passado, após prorrogar
a volta ao trabalho com dois atestados médicos que somavam 30 dias. Ele
informou ao G1 na
época que fazia tratamento contra uma hérnia de disco e que iria trabalhar na
Fiocruz.
Com baixa
popularidade, Agnelo não chegou nem ao segundo turno das eleições de 2014. Em
entrevista ao G1 ele disse não ter
dúvidas de que fez um bom governo, afirmou “não
aguentar mais mentira, perseguição e maldade" e criticou a atual gestão:
“tática nazista de repetir a mentira não sabe quantas vezes para transformá-la
em verdade". Rollemberg assumiu o governo afirmando haver um rombo de R$
3,8 bilhões nos cofres públicos.
O ex-governador
foi foi eleito deputado distrital em 1990. Depois, Agnelo ocupou três vezes uma
vaga na Câmara dos Deputados. Em 2006 assumiu o Ministério do Esporte e em
2007, a diretoria da Anvisa.
O final da gestão
dele à frente do DF ocorreu em meio a uma crise administrativa. Houvesuspensão
dos serviços de manutenção de gramados e limpeza de canteiros ornamentais e da
segunda fase do Programa Asfalto Novo.
Além disso, foi necessário
remanejar R$ 84 milhões milhões de convênios com
o governo federal – incluindo o fomento a programas de combate e prevenção a
doenças como dengue e Aids, que apresentaram indicadores ruins neste ano – para
pagar dívidas com fornecedores e reabastecer a rede pública com medicamentos e
materiaids hospitalares.
Creches
conveniadas fecharam as portas por falta de repasse, e motoristas e cobradores
de ônibus e micro-ônibus entraram em greve por não terem recebido salário.
Servidores concursados da Educação e da Saúde chegaram a fechar o Eixo
Monumental dias seguidos contra os atrasos no
pagamento.
Para fazer a
festa de réveillon de 2014, Agnelo cortou
obras em escolas e comida de presos. O Ministério
Público entrou com várias ações de improbidade administrativa contra o
ex-governador.
Do G1 DF