Cerca de 47% dos
entrevistados afirmaram consumir álcool. Uso de produtos para emagrecer,
tentativa de suicídio e direção perigosa também foram identificados - (foto Istock)
Álcool, drogas, uso de medicamentos para emagrecer,
suicídio… Os hábitos e comportamentos de risco dos universitários foram
alvos de uma pesquisa da Universidade de Brasília (UnB). Os resultados
preocupam. Cerca de 47% dos jovens afirmaram consumir bebidas alcoólicas.
E não é só. De acordo com o estudo, 22,9% dos alunos já pensaram, tentaram ou
desejaram tirar a própria vida. Entre os pesquisados, 19,5% informaram que já
tomaram laxantes, medicamentos ou forçaram vômito para perder peso. O uso de
drogas (8,5%) e de armas (4,3%) também chamou a atenção.
De acordo com a pesquisadora Yone Oliveira, esses
comportamentos são frutos da sensação de liberdade de muitos jovens, tanto os
que saem de casa para estudar como os que não saem, mas passam a ser menos controlados
pela família. Passar a morar sozinho, de acordo com ela, ainda pode levar a
um isolamento e solidão, que acarretam a autoflagelação e as tentativas de
suicídio.
Além disso, o ingresso em uma faculdade pode trazer grande pressão para
adaptação rápida a um novo ambiente. Yone ressalta, em reportagem publicada
pela Agência UnB, que todos esses fatores contribuem para o consumo menos
regrado de álcool e a direção mais perigosa.
Um ponto levantado pela pesquisadora foi que essas estatísticas não
fogem da tendência mundial. No entanto, explica que sua tese também busca
refletir qual é o papel das universidades perante a esse fatos.
"A
universidade, como espaço de formação de profissionais, faz uma preparação dos
jovens para a sociedade. Os espaços de recreação e as palestras devem ser de
preparação não só para profissões, mas também para a vida."
(Yone
Oliveira, pesquisadora)
A pesquisa de doutorado da pedagoga e doutora em Ciências da Saúde da
UnB, foi feita em uma universidade da região do Entorno do DF. O nome não foi
divulgado para evitar eventuais constrangimentos. Apesar de o
estudo ter sido feito com alunos de uma universidade específica, a
orientadora do trabalho, professora Lenora Galdolfi, explica que esse quadro se
repete em outros locais. “Acredito que se os mesmos questionários fossem
aplicados em outras universidades do DF poucos números mudariam”, afirma.
Segundo Yone,
sensação de liberdade leva jovens a hábitos perigosos
Álcool e trânsito
Durante o trabalho, foram aplicados questionários para identificar quais
os comportamentos de risco que universitários com idade entre 18 e 24 anos
possuem e qual a frequência com que eles ocorrem. Os que mais chamaram
atenção foram o consumo de álcool e a atuação no trânsito. Cerca de 47% dos
jovens – a maior parte deles, homens – afirmaram consumir bebidas alcoólicas e
53,6% dos respondentes disseram que andaram, na condição de passageiros, em
veículo conduzido por motoristas alcoolizados.
"No trânsito, outros problemas foram
identificados. A maioria dos entrevistados demonstrou andar constantemente
acima da velocidade da via e 19% dos jovens apontaram a moto como meio primário
de locomoção. “A moto é um dos meios de transporte mais perigosos atualmente e,
mesmo assim, seu uso tem se multiplicado na América do Sul. Isso acontece por
ser um meio de transporte barato, tanto para aquisição, como para manutenção”,
destaca Yone.
Outra questão observada na pesquisa de Yone Oliveira foi a violência
contra si e contra terceiros: 9,5% dos jovens afirmaram já terem tido desejo de
suicídio e 6,2% tentaram suicidar-se. Esses números, segundo ela, são muito
altos quando comparados aos de outras faixas etárias. A pesquisadora revela que
mais mulheres planejaram e tentaram se matar, porém mais homens apresentaram o
desejo de suicídio.
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Entre os
jovens de 18 a 24 anos, também foi observada a preocupação com o peso. A
pesquisadora constatou que mulheres tendem a controlá-lo por meio da
alimentação, e homens, por meio de práticas desportivas. Ou seja, hábitos
alimentares saudáveis foram constatados mais em mulheres, porém, elas também
apresentaram com maior frequência casos de vômito provocado ou de uso de
laxantes para emagrecer.
Os homens afirmaram praticar com mais frequência exercícios físicos como
corridas, caminhadas, levantamento de peso e outros esportes, no entanto, é
mais comum entre eles o excesso de peso.
Essa diferença entre os gêneros é explicada pela pedagoga pelo fato de
mulheres sentirem a necessidade de resultados mais imediatos, principalmente
por sofrerem maior pressão social em relação aos seus corpos.
Maria Eugênia - Metrópoles - Foto: Beatriz Ferraz - Secom/UNB - Arte: Anna Soares/UNB - (Informações da Agência UnB)