A anunciada mudança no ensino médio no
país, em que pese as críticas de profissionais e especialistas em educação por
ter sido por medida provisória, sem debate mais profundo com a sociedade, não
deixa de ser um alento. Não só o governo, mas todos os setores sociais não
devem medir esforços para que seja implantado, no Brasil, um ensino
verdadeiramente de qualidade, caminho seguro para se chegar ao topo do concerto
global. Sem isso, nenhum país em desenvolvimento será capaz de ingressar no
seleto clube dos mais desenvolvidos.
Entende-se a urgência do governo em dar
uma resposta ao quadro de falência do ensino médio, demonstrado no último
levantamento do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que mede a
qualidade do setor. A forma vertical encontrada pelo governo federal para
promover as mudanças pode suscitar reações contrárias, mas o que se espera dos
envolvidos na questão é ponderação e espírito de colaboração para se chegar a
denominador comum, já que continua em discussão, paralelamente, no Congresso
Nacional, o novo currículo do ensino médio da Base Nacional Curricular.
As críticas à medida provisória para
promover as alterações na Lei de Diretrizes e Bases da Educação, consideradas
pelo Ministério da Educação como a mais profunda feita até hoje, foram
rebatidas pelo ministro Mendonça de Barros. Ele foi taxativo ao afirmar que “a
pressa é para não termos crianças e jovens relegados à educação pública de
baixa qualidade. Não podemos ser passivos e tolerantes diante de um quadro como
esse. Não é uma mudança imposta, é uma mudança discutida”.
Especialistas em educação, como
Fernando Cutova, ouvido pelo Estado de Minas, discordam do ministro, sob a
legação de que de nada adianta ampliar o tempo dos estudantes nas escolas se
não houver planejamento detalhado. Ele destaca que o que está sendo feito é
“uma reestruturação sem planejamento e sem estudo, apenas para dar uma resposta
à sociedade pela queda do ensino médio no Ideb”. A crítica é compartilhada por
muitos especialistas, mas não deve se transformarem empecílio para que o país
avance na busca da qualidade de seu ensino.
Não se pode negar a assertiva da
proposta de um currículo direcionado para o investimento no regime de tempo
integral nas escolas — meta acalentada há décadas por governos de várias
matizes ideológicas —, e na formação técnica, com a flexibilização do currículo
a partir de interesses do próprio aluno e especificidades de cada rede de
ensino no Brasil. O certo é que todos os países com índices de crescimento
elevados adotaram, há décadas, essa modalidade de educação em suas escolas. A
urgência obrigou o governo a tomar as medidas que entende necessárias para
melhorar a qualidade do ensino e cabe aos outros setores envolvidos dar sua
cota de colaboração, para que se chegue a um modelo satisfatório. O primeiro
passo foi dado.
Visão do Correio
Braziliense – Foto/Ilustração: Blog - Google