Nestes tempos bizarros, a multiplicação de
gravações secretas, envolvendo personagens do mundo político nacional e local,
tem apresentado aos ilustres eleitores de todo o país e de Brasília, em
particular, uma sequência ininterrupta das mais indiscretas e explosivas
inconfidências. Gravações e delações têm o condão de trazer para o grande
público a verdadeira face oculta de nossos representantes. Hoje, é sabido que a
busca desesperada por cargos eletivos, obedece, em parte, a um raciocínio
simplista. Por um lado, permite ao postulante adentrar para o seleto clube das
raposas que vão controlar o galinheiro e os ovos de ouro. De outro, permite
ainda que o eleito, caso apanhado em flagrante depenando a penosa, não seja
importunado pelos homens da lei, graças à carapaça obtida com a odiosa
prerrogativa de foro privilegiado.
A kriptonita para esses super homens do crime tem sido justamente a
revelação de seus pecados ou a deduragem pura e simples de seus pares em busca
de atenuantes. Aliás, a própria expressão dedo duro, ganhou uma nova vestimenta
eufemizada, sendo conhecida, hoje, como delação premiada. Pelas parlapatices de
Luiz Estevão, captadas pelo gravador indiscreto da futura ex-deputada distrital
Liliane Roriz (PTB), os brasilienses vão tomando ciência de como opera e se
distribui a maquinaria política praticada aqui na capital. De acordo com que
revelou o ex-senador nas gravações, existem indícios de que dentro da Câmara
Legislativa, entre outros ilícitos, há uma bancada da fatura, integrada pelos
deputados Cristiano Araújo (PSD), Robério Negreiros (PSDB) e Rafael Prudente
(PMDB). Juntos, esses dublês de parlamentares, mas que, na realidade, são donos
de empresas de segurança e de conservação, faturaram, desde 2009, quase R$ 2
bilhões dos cofres do GDF.
No rastro do que revelou Estevão, surgem ainda sinais de que a atividade
política dessa bancada bilionária, que também poderia ser denominada da fartura,
rende lucros para as empresas. Somente no caso do distrital Robério Negreiros,
dono da Brasfort, os lucros de sua empresa foram multiplicados 52 vezes depois
de ser eleito, passando de R$ 4,1 milhões, em 2010, para R$ 210,6 milhões em
2015. Além desses nomes, Estevão cita a ex-deputada Eliana Pedrosa cuja
família, proprietária da empresa Dinâmica, já lucrou com o GDF o equivalente a
R$ 332 milhões desde 2009. Ilude-se quem acredita que esses nobres deputados
ocupam assentos na Câmara local preocupados com as condições de vida e
bem-estar dos brasilienses. Na verdade, e os lucros fabulosos dessas empresas
assim revelam, a CL é usada como biombo para a prosperidade dos negócios da
família. Que por sinal, vão muito bem, obrigado.
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A frase que não foi pronunciada
“ Nunca mais o Estado brasileiro vai entrar no vermelho”
(Presidente Michel Temer, sonhando com um jardim verde e amarelo no
Alvorada)
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Por: Circe Cunha – Coluna “Visto, lido e ouvido” –
Ari Cunha – Correio Braziliense – Foto - Câmara
Legislativa do Distrito Federal (Isabella Formiga/G1 DF) - Ilustração:
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