Transformação em metrópole traz consequências
negativas, como os constantes engarrafamentos no trânsito
Brasília tornou-se a terceira metrópole brasileira.
Especialistas afirmam que o principal desafio será a capital federal apostar no
capital humano para tirar proveito da situação
Brasília tornou-se a terceira maior cidade do país,
segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgadas
nesta semana. O processo de transformação em metrópole traz uma série de
consequências negativas, entre elas, o trânsito e o esgotamento ambiental.
Entretanto, o processo migratório e de crescimento populacional não traz apenas
problemas, ele vem carregado de desafios. Especialistas convergem na opinião de
que é preciso valorizar o capital humano.
As
projeções do IBGE indicam que 2,977 milhões de pessoas vivem na capital
federal. Brasília perde apenas para Rio de Janeiro e São Paulo. “A gente tem
que aproveitar esse capital humano, criando mais oportunidades de trabalho e
qualificando melhor essa população”, analisa Ana Maria Nogales, diretora de
Estudos e Políticas Sociais da Companhia de Planejamento (Codeplan) e
professora licenciada da Universidade de Brasília (UnB).
A alta
escolaridade média da população de Brasília é uma vantagem competitiva e que
pode ser aproveitada pelo mercado de trabalho, garantem analistas. A capital do
país tem índice alto de profissionais com ensino superior e pós-graduação. E
não são apenas os nascidos aqui que sobem os índices de escolaridade. Pesquisa
realizada pela Codeplan constatou o perfil jovem e de alta escolaridade
dos migrantes vindos para o Distrito Federal. Nos quinquênios de 1995 a 2000 e
de 2005 a 2010, mais de 50% dos migrantes tinham entre 18 e 29 anos, 60%
com escolaridade média ou alta.
Diante
deste cenário, na opinião de Ana Maria Nogales, é preciso canalizar o capital
humano do DF para resolver um dos principais desafios do mercado de trabalho
brasileiro: a eficiência. “O Brasil tem um grande problema de produtividade.
Essa faixa etária jovem pode aumentar a produtividade, dinamizar a economia.
Seja na administração pública, abrindo negócio próprio ou trabalhando em
empresas.”
Professora
da UnB e especialista em mercado de trabalho Débora Barem avalia que a
escolaridade acima da média deixa o mercado de trabalho mais exigente. “Nível
médio é bom para escolaridade, mas há um leque grande de opções de trabalho. Em
um mercado competitivo, ele precisa se qualificar e se diferenciar”, diz. Ela
lembra que, embora haja vagas disponíveis, o desemprego na capital do país é um
dos mais altos existentes no Brasil.
Moradora
do Setor O, Hellen da Silva, 19 anos, percebe o aumento da população no dia a
dia. “Notava quando ia ao mercado ou pegava ônibus. Mas minha ficha só caiu
quando fui matricular minha prima em uma escola de ensino fundamental. Todo
colégio que íamos as vagas estavam esgotadas. A população cresceu, mas não
abriram novas escolas”, relata. Situações como a de Hellen leva Débora Barem a
defender mais cursos profissionalizantes e descentralização do Plano Piloto.
Para
Maria Cristina Araújo, presidente do Conselho Regional de Economia do Distrito
Federal, para usar o capital humano da cidade é preciso investir nesse
potencial. Ela sugere foco especial para o empreendedorismo. “Esse capital
humano pode ser revertido na abertura de novos negócios”, assinala.
Fonte:
Flavia Maia – Foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press – Correio Braziliense