Triste capital do país. Obrigada, pelos descaminhos
do destino, a se ver representada pelos mais estranhos personagens da nossa a
sociedade, Brasília vai, a cada dia, encontrando seu lugar de destaque dentro
do cenário nacional dos grandes escândalos políticos. Nesse quesito, nossos
representantes nada ficam devendo em malfeitorias aos grandes mestres
nacionais. A repetição quase monótona de casos de corrupção estampados em
manchetes diárias serve para não deixar cair no esquecimento que vivemos ainda
sob o signo da precariedade e do caos que tem tomado posse do Estado.
Difícil nesses dias é identificar nos noticiários onde estão das
fronteiras entre os fatos políticos e as ocorrências policiais. Quando esse
amálgama entre o bem e o mal passa a ocorrer com frequência, confundindo o
cidadão de bem, é sinal de que o despenhadeiro está nas proximidades. Nem bem
os brasilienses tiveram tempo de digerir os acontecimentos da Operação Drácon,
que varreu toda a mesa diretora da Câmara| Distrital, eis que surgem agora
novas gravações em que o primeiro senador cassado da República e representante
do Distrito Federal, expõe claramente a podridão que corre solta nos porões da
política local.
As declarações vindas a público merecem, por parte das autoridades
judiciárias, uma investigação profunda para que a sociedade conheça quem são os
90 bandidos no grupo de cada 100 brasilienses mencionados pelo ex-senador.
A cada novo escândalo, novos modus operandi criminosos são armados para
tungar o dinheiro do contribuinte. Mudam-se as táticas e investidas. No
entanto, um fato tem chamado a atenção: em cada nova operação policial e
investida dos agentes da lei, os mesmos e surrados nomes voltam a surgir, numa
demonstração clara de que as ações anteriores da Justiça sobre esses indivíduos
não surtiram os efeitos necessários, e eles têm prosseguido livremente na
rotina de crimes.
“Nesta cidade, de cada 100 caras, 90 são bandidos. E vivem de
bandidagem, putaria e sacanagem. Vivem roubando, tomando dinheiro, cobrando
comissão, fazendo negócio fajuto com o governo local e com o governo federal”.
Declarações como essa, vindo do empresário que mais ganhou dinheiro nesta
cidade, ex-político e com trânsito livre entre as autoridades locais, merece
uma resposta em forma de investigação. Caso contrário 90% da população podem
pedir aos tribunais reparações e outras ações. Como está não pode ficar.
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A frase que não foi pronunciada
“Se a justiça é cega, nunca acerta o alvo!”
(Dona Dita, vendo os malabarismos hermenêuticos.)
Por: Circe Cunha – Coluna “Visto, lido e ouvido” –
Ari Cunha – Correio Braziliense – Foto/Ilustração: Os Candangos sob o Céu de Brasília – (Alexandre Militão) - Blog-Google