O ex-senador Gim Argello está preso na região de
Curitiba (Foto:Rodolfo Buhrer/Reuters)
"Ex-senador foi
alvo da 28ª fase da Lava Jato que foi deflagrada em abril. Donos e
executivos de empreiteiras também foram condenados."
A Justiça Federal condenou nesta quinta-feira (13) o ex-senador Gim
Argello a 19 anos de prisão, inicialmente, em regime fechado em ação no âmbito
da Operação Lava Jato. O juiz Sérgio Moro condenou o ex-senador pelos crimes de
corrupção passiva, lavagem de dinehiro e obstrução à investigação. O ex-senador
foi absolvido do crime de organização criminosa.
Empreiteiros, que aparecem como réus em outras ações da Lava Jato,
também foram condenados a prisão em regime inicialmente fechado. Moro absolveu
cinco dos acusados neste processo, de todos os crimes denunciados, por falta de
provas. Veja a lista abaixo.
O ex-senador
exerceu mandato entre 2007 e 2014 e está preso desde abril, quando a 28ª fase
da Lava Jato foi deflagrada. A força-tarefa da Lava Jato afirma que há indícios
concretos de que ele solicitou vantagem indevida para evitar que os
empreiteiros fossem chamados para depor na Comissão Parlamentar Mista de
Inquérito (CPMI) da Petrobras, em 2014.
"O
condenado, ao invés de cumprir com seu dever, aproveitou o poder e oportunidade
para enriquecer ilicitamente, dando continuidade a um ciclo criminoso. A prática
de crimes por parlamentares, gestores da lei, é especialmente reprovável, mas
ainda mais diante de traição tão básica de seus deveres públicos e em um
cenário de crescente preocupação com os crimes contra Petrobrás", disse
Moro.
Veja os réus desta ação
*-Jorge Afonso Argello (Gim Argello) - ex-senador pelo PTB - 19 anos por
corrupção passiva, lavagem de dinheiro e obstrução à investigação de
organização criminosa.
*-Jorge Afonso Argello Junior - filho do ex-senador - absolvido
*-Paulo César Roxo Ramos - assessor do ex-senador - absolvido
*-Valério Neves Campos - ex-secretário-geral da Câmara Legislativa do
Distrito Federal - absolvido
*-José Aldemário Pinheiro Filho (Léo Pinheiro) - ex-presidente da
construtora OAS - 8 anos e dois meses de reclusão pelos crimes de corrupção
ativa, lavagem de dinheiro e obstrução à investigação de organização criminosa.
*-Roberto Zardi Ferreira - diretor de Relações Institucionais da OAS -
absolvido
*-Dilson de Cerqueira Paiva Filho - executivo ligado à OAS - absolvido
*-Ricardo Ribeiro Pessoa - dono da construtora UTC - 10 anos e seis meses
de reclusão por corrupção ativa, lavagem de dinheiro e obstrução à investigação
de organização criminosa.
-Walmir Pinheiro
Santana - ex-diretor financeiro da UTC - 9 anos, oito meses e 20 dias de
reclusão por corrupção, lavagem de dinheiro e obstrução à investigação de
organização criminosa.
Léo Pinheiro foi absolvido nos crimes de corrupção envolvendo a UTC
Engenharia, a Andrade Gutierrez e a UTC Engenharia por falta de prova suficiente
para condenação criminal, segundo o despacho de Moro.
Ricardo Pessoa e Walmir Santana são delatores da Operação Lava Jato e
devem cumprir as penas estabelecidas nos acordos de delação premiada.
As investigações
O dono da UTC Engenharia, Ricardo Pessoa, é colaborador da Operação Lava
Jato e afirmou em audiência que pagou R$ 5 milhões, em forma de contribuição
eleitoral para diversos partidos, para que não fosse chamado na CPMI.
De acordo com Pessoa, ele aceitou pagar a propina para preservar a
imagem da empresa e também a imagem pessoal dele.
"[Aceitei] por causa do meu receio de uma explosão de um assunto
tão grave como a CPI da Petrobras. Não preciso lhe dizer onde nós
desaguamos", disse o empresário em depoimento.
Na versão de Gim Argello, entretanto, houve pedido de doação eleitoral e
não de vantagem indevida em função da CPMI. Ele disse que Ricardo Pessoa
afirmou que tinha intenção de colaborar com a campanha para o governo e pediu
para que o ex-senador encaminhasse resultados de pesquisas eleitorais. Segundo
o ex-senador, Ricardo Pessoa fez doações eleitorais, mas nenhuma diretamente
para Argello.
Segundo o juiz, a prática do crime corrupção envolveu a solicitação de
cerca R$ 30 milhões, R$ 5 milhões para cada empreiteira, com o recebimento de
pelo menos R$ 7,35 milhões.
“As propinas
foram utilizadas no processo eleitoral de 2014, com a afetação de sua
integridade, além de ter afetado a regularidade das apurações realizadas no
âmbito da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito da Petrobras”, considerou
Moro.
Do G1 PR