Brasilienses, como
Sandney (C), optam por não viajar no feriado e ajudam a animar o carnaval na
cidade
Por Isabella de Andrade,
"Com o desenvolvimento da festa, muitos
brasilienses preferem permanecer na capital durante os dias de Momo"
Com a mistura de diferentes ritmos e
influência das mais diversas regiões do país, o período carnavalesco cresce e
ganha cada vez mais espaço entre os moradores de Brasília. Os tradicionais
blocos de rua democratizam a festa e agradam a todas as tribos. Entre amigos de
longa data e ruas conhecidas, muitos brasilienses optam por aproveitar os dias
de festa e feriado com poucos gastos, sem sair da capital.
A estudante de serviço social Luisa Fernandes, do Riacho Fundo, lembra
que a crise econômica e financeira costuma afetar a possibilidade de viagens e,
neste caso, as opções gratuitas se tornam o melhor atrativo. “As pessoas estão
viajando menos e os blocos de rua têm diversas vantagens, eles não custam nada,
são bem localizados e atendem a vários públicos. Estou achando a diversidade na
programação incrível!”, afirma a jovem.
Vale lembrar que, para quem não gosta de curtir a folia nos bloquinhos,
shows de diferentes estilos — do rock ao sertanejo — se espalham pela cidade
durante o feriado. É essa a opção escolhida por Esthefany Nóbrega, operadora de
sistemas que mora na Ceilândia Sul. Ela prefere escolher festas menores e mais
tranquilas, além de casas de shows.
O ator Victor Demasi, da Asa Sul, enfatiza a energia de Brasília e o
clima mais aconchegante da folia. “As pessoas são muito acolhedoras, então
mesmo que você for sozinho a um bloco, dificilmente vai chegar ao final dele
assim. Sempre tem gente bem-humorada, gente que aceita a diversidade.”
Diversidade
A gerente de restaurantes Thais Lino acredita que os bloquinhos têm a
cara dos moradores da cidade, sendo pequenos e diversos. Os rostos conhecidos
do cotidiano são outro atrativo para quem escolhe aproveitar a folia por aqui.
Para muitos foliões, essa época do ano propicia um contato maior e diversas
pessoas que antes eram apenas conhecidas viram melhores amigos durante a festa.
“Acredito que os novos bloquinhos deram uma renovada no carnaval de Brasília,
que estava desgastado e só atendia ao público que gosta das micaretas. Como
homossexual, eu amo a diversidade e ser respeitada, e aqui eu consigo”,
destaca.
A programação do pré-carnaval começou cedo, já em dezembro do ano
passado. Desde então, o arquivista Sandney Costa, de Planaltina, faz questão de
farrear. Para ele, a programação deste ano está muito animada. “Eu adoro os
bloquinhos de rua, de entrada gratuita e de público diversificado. Gosto muito
dos mais tradicionais, como o Babydoll de Nylon e o Aparelhinho e alguns mais
recentes como o Bloco do amor e o Tuthankasmona” conta.
A tradicional mistura cultural brasiliense tomou conta do carnaval e
expande suas vertentes para agradar um público cada vez maior. Mais de 40
blocos desfilarão pelas ruas da cidade nos próximos dias, além dos quase vinte
que já agitaram a folia de pré-carnaval. A ideia é criar uma festa que mostre
cada vez mais a cara da cidade e seu potencial para receber música, ritmo e
dança ao longo de todo o ano.
Qual
é o melhor de Brasília?
Agora não tem mais jeito: o carnaval é nosso! O brasiliense se
apropriou, de vez, da festa do Momo. Toma as ruas da cidade, dança, beija,
traveste-se do que bem entende. Segue o trio, cai no samba, no axé, nas
marchinhas e — quem diria — na música eletrônica. Senhor dos festejos, nada
mais justo que vista a fantasia de juiz e eleja o melhor bloco de 2017. O
Correio Braziliense formará uma comissão julgadora e contará também com uma
enquete popular para entregar um troféu aos quatro escolhidos. Para votar,
entre no site goo.gl/gF6EuM e participe. Que vençam os mais animados!
Depoimentos
"Costumo frequentar bastante o Raparigueiros. Na última vez em que
eu fui, o policiamento estava ativo e o espaço era bacana. Geralmente, é bem
cheio, mas os locais que eles escolhem sempre comportam bem a quantidade de
pessoas. Fevereiro já começa com basicamente tudo: blocos de pré-carnaval,
ensaios das escolas de samba daqui, festas temáticas. Para quem gosta de
carnaval, é impossível acompanhar a programação, que dura o mês todo,
praticamente"
(Pedro
Henrique Fonseca, 20 anos, estudante, Taguatinga.)
"Eu costumava ir todos os anos ao Galinho, Raparigueiros, Suvaco da
Asa e Babydoll de Nylon. Sempre que rolava o Monobloco, eu ia também. Tem
vários outros blocos mais tranquilos, como As Virgens da Asa Norte. A cada ano,
eles estão ficando mais famosos"
(Carolina
Marques, 19 anos, estudante, Sudoeste)
(*) Isabella de Andrade - Especial para
o Correio Braziliense » Raphael Macedo* *Estagiário sob supervisão de
Igor Silveira. - (Foto: Arquivo pessoal Sandney)