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VIOLÊNCIA NO TRÂNSITO » Ciclistas correm perigo nas ruas

            Atropelamento de ciclistas alerta para a necessidade de mais segurança

*Por Carolina Gama

A pós dois ciclistas terem sido atropelados na via principal do Noroeste, na manhã do último sábado, foi reaberto o debate sobre a segurança de quem pratica o esporte, ou usa as bicicletas como meio de transporte, pelas ruas de Brasília. Esse é o terceiro acidente entre veículos e ciclistas só este ano. Dois deles com vítimas fatais. 

Para o coordenador financeiro da Ong Rodas da Paz, Bruno Leite, uma das principais causas de acidentes envolvendo ciclistas é a alta velocidade das vias de Brasília. “O Noroeste, por exemplo, tem vias nas quais é permitido andar a 70km/h. Um ciclista atingido nessa velocidade pode ser fatal.” 

Ele acrescenta que o governo local sempre aponta a criação de ciclovias como a solução do problema, mas ele defende que isso nem sempre é o suficiente. “Os ciclistas que treinam para competições não conseguem se limitar somente às ciclovias. Eles também têm direito a um espaço na rua”, reforça.

Uma das vítimas do acidente, o educador físico André Pontes, 39, reforçou, que depois de viver esse triste episódio, é de extrema importância fazer campanhas voltadas para a conscientização no trânsito. 

“O excesso de velocidade é algo que está me preocupando muito. As pessoas precisam entender que o trânsito é composto de ciclistas, de carros e de pedestres. Não tem como separar. Todos precisam ser conscientes. Precisamos de mais campanhas de valorização da vida. Por ter passado por uma situação tão delicada, a gente começa a pensar mais nessas coisas. As pessoas ultimamente estão muito individualistas”, lamentou.

Sem segurança
O atropelamento aconteceu quando um grupo de sete pessoas treinavam na via do Noroeste. Devido ao impacto com o carro, um modelo Land Rover, uma das vítimas, identificada como José Mário Quintão, 56, teve traumatismo cranioencefálico e precisou ser transportado de helicóptero pelo Corpo de Bombeiros do Distrito Federal (CBMDF) para o Hospital de Base de Brasília (HBB).  André Pontes também foi levado para o hospital com escoriações pelo corpo, fratura em uma das vértebras e com um quadro de pneumotórax (entrada de ar na membrana que recobre os pulmões, provocada, entre outras causas, por traumas torácicos).

A lembrança do momento do acidente ainda é muito vaga para André. Ele conta que o amigo José Mário estava mais à frente do grupo e, enquanto ele fazia companhia para uma aluna iniciante no ciclismo. Ele conta que pediu para Zé fazer a volta em um balão perto de onde tudo aconteceu para reunirem o grupo. “Ele estava descendo a via, enquanto a gente subia. Foi quando o carro, que também descia, o atingiu. Para tentar desviar, o motorista cruzou as quatro faixas e me atingiu também. Sei que nós dois fomos arremessados para o alto.”

Apesar dos ferimentos, André recebeu alta no próprio sábado, por volta das 15h. Mas a recomendação era de voltar ao hospital para que os médicos acompanhassem o quadro. Por política interna do hospital, não foram passadas informações do estado de saúde de José Mário.

De acordo com o boletim de ocorrência, registrado na 2ª Delegacia de Polícia da Asa Norte, o condutor declarou que José Mário não teria sinalizado e realizou uma manobra para o interior da via onde ele trafegava. Ele alega que se assustou e atingiu o pneu da frente da bicicleta. Na tentativa de desviar, virou o carro para a esquerda, provocando o segundo acidente. Ele permaneceu no local, prestou assistência e ligou para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e para o Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran). A polícia não divulgou a identidade dele.

Memória
Só nos três primeiros meses deste ano, pelo menos duas mortes de ciclistas foram registradas no Distrito Federal. Por volta das 14h40, em 7 de janeiro, a colisão entre uma carreta e uma bicicleta resultou na morte de um homem não identificado. Em 22 de fevereiro, um outro, de 45 anos, morreu após ser atropelado na QR 203/204, na Avenida Alagados, em Santa Maria. O acidente ocorreu no início da tarde. Não há informações sobre o nome da vítima, pois, segundo o Corpo de Bombeiros, ele estava sem documentos. Em depoimento à Polícia Civil, o motorista do veículo, Mateus Sales dos Santos, 19 anos, alegou que, quando conduzia o carro pela faixa da esquerda, um ciclista atravessou na frente do automóvel “de forma repentina”. Como não conseguiu parar, acabou atropelando o homem. O passageiro do carro confirmou a versão.



(*) Carolina Gama – Foto: WhatsApp-Reprodução – Correio Braziliense

2 Comentários

  1. A culpa nem sempre é do motorista, ciclistas muitas vezes fazem manobras descuidadas e irresponsáveis. Vejo ciclistas pedalando ao lado dos carros onde existe ciclovia, (no parque da cidade acontece muito), acho isso uma burrice, portanto acho mesmo é que em muitos casos os ciclistas se expõe ao perigo desnecessariamente.

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    1. Por lei o carro é obrigado a manter 1,5m da bicicleta justamente para prevenir colisão em caso de imperícia do ciclista. Se o ciclista esta na rua, errado ou não, a distância deve ser respeitada. Trata-se de respeito à vida.

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