“Vou jogar pela terceira vez contra o Flamengo, e no Maracanã pela
primeira vez. Não é um sonho que foi gerado ontem, é desde os cinco anos de
idade”
(Jean, volante do Vasco)
Conheça a história do brasiliense Jean. Revelado na
escolinha do pai, em Taguatinga, o volante de 22 anos atuou até na base do
Estudiantes antes de ser titular do Vasco hoje no Clássico dos Milhões
Por: Marcos Paulo Lima
Taguatinga Norte, Gama, La Plata, União da Vitória,
Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro... A música Estrada, do Cidade Negra,
poderia ser uma trilha sonora do quanto o brasiliense Jean Carlos de Souza
Irmer caminhou pra chegar até o Maracanã, palco do Clássico dos Milhões de
hoje, às 18h30, pela semifinal da Taça Rio. Nascido e revelado na escolinha do
pai, seu Gilson Irmer — zagueiro tetracampeão candango por Taguatinga e Guará
—, Jean foi além do seu velho: é titular do Vasco. Aos 22 anos, forma com Douglas
um promissor par de volantes.
Em
entrevista ao Correio, Jean lembrou o início da carreira em Taguatinga Norte.
Era aluno da Escolinha Bola de Ouro. Com o passar do tempo, a academia foi
mudando de nome. Houve uma parceria com o Cruzeiro. Hoje, curiosamente, o
espaço que alçou Jean ao Vasco é uma franquia do Flamengo. “Comecei a jogar
bola com cinco anos na escolinha do meu pai (seu Gilson Irmer). Desde pequeno,
eu sempre conversava com ele, nas idas e vindas da escolinha, que o meu sonho
era jogar clássicos grandes no país”, conta o homem de confiança do técnico
Milton Mendes.
Em 2012,
Jean desembarcou em União da Vitória (PR) para uma experiência no Iguaçu Agex.
Em um feriadão de Páscoa, os meninos foram liberados para um recesso. Sem grana
para viajar, Jean ficou treinando sozinho e conquistou seu treinador — o
volante Alemão, titular do Brasil nas Copas de 1986 e de 1990. Na sequência,
Jean embarcou para a Argentina. Passou pelas divisões de base do tradicional
Estudiantes de La Plata. A primeira chance como profissional pintou em 2014, no
Paraná Clube. De lá para o Corinthians, clube com o qual tem contrato até 2020
e o emprestou ao cru-maltino.
Gama
Jean está
no Vasco. Mas teve um pé no Gama. Nas divisões de base, fez parte da geração
1994 do alviverde candango. Eu passava com o meu pai e com a minha mãe debaixo
de chuva, debaixo de sol, para ir treinar. Ficaram várias lições,
principalmente pegar ônibus. Eu chegava da escola e quando era 12h30, 12h45, eu
pegava ônibus para treinar lá no Gama. Futebol exige muito de uma pessoa, mas
vale a pena”, recorda o jogador. Além do pai, Jean teve um outro professor em
Taguatinga Norte. Seus Carlos Alberto, o Beto, conta com carinho o quanto
investiu no moleque. “Eu e o Gilsão cuidamos da formação dele de criança até
ele ir embora para o Paraná Clube”, orgulha-se.
Gilson
Irmer e Carlos Alberto moram em cidades diferentes. O primeiro, em Curitiba. O
segundo, em Taguatinga Norte. Mas, hoje, ambos poderão testemunhar pela tevê a
realização de um sonho do pupilo. “Meu sonho era jogar clássicos grandes no
país. Eu não esperava que fosse tão rápido assim. Com 22 anos, sou titular do
Vasco. Vou jogar pela terceira vez contra o Flamengo (a segunda foi aqui no
Mané Garrincha), e no Maracanã pela primeira vez. Não é um sonho que foi gerado
ontem, é desde os 5 anos de idade. Com muita luta e trabalho, eu chego pronto
pra isso”, avisa o emocionado Jean.
A
gratidão tem nome. “Meu pai é fenomenal. Ele sempre foi o meu herói. É o cara a
quem devo tudo no futebol. Dos cinco aos 15 anos, tudo o que eu sei foi ele
quem ensinou. No pré-jogo, ele me liga. É o meu parceiro, meu confidente. Se
tem uma coisa que ele me ensinou é nunca desistir. Independentemente do elogio
ou da crítica, ele me ensinou a sempre buscar mais. O que eu fiz está bom. O
que eu não fiz tenho que aperfeiçoar. Ele conquistou muitos títulos no futebol
de Brasília. Eu quero também aqui fora”, projeta o cão de guarda do Vasco.
(*) Marcos Paulo Lima – Foto: Paulo
Fernandes – Vasco -Correio Braziliense