O ano de 2018 reserva uma série de reverências a
Athos Bulcão, mestre dos azulejos, das máscaras, dos relevos, das gravuras, dos
painéis e da fotomontagem. É quando o mais famoso artista de Brasília,
responsável por oferecer um olhar colorido e especial ao concreto da capital
federal, completaria 100 anos. Nascido no Catete, no Rio de Janeiro, em 2 de
julho de 1918, Athos foi o único entre os principais nomes da construção da
cidade — Juscelino Kubitschek, Oscar Niemeyer, Roberto Burle Marx e Israel
Pinheiro — a adotá-la como casa. Por aqui ele permaneceu até a morte, aos 90
anos, em 31 de julho de 2008.
O privilégio de ter Athos Bulcão ao alcance
reforçou a imagem de Brasília como referência internacional na integração entre
arte e arquitetura. Boa parte da produção artística dele encanta os visitantes
e enche de orgulho o brasiliense. Os principais monumentos abrigam obras
famosas do multiartista, como os cubos brancos do Teatro Nacional Claudio
Santoro; os azulejos de pomba e estrela da Igrejinha da 307/308 Sul; a treliça
do Palácio Itamaraty; o gigantesco painel do Brasília Palace Hotel; e o muro
vazado em argamassa armada da Rede Sarah. Também há diversas outras em coleções
privadas e inacessíveis ao público.
Pois o centenário pode provocar uma revolução em
tudo o que envolve o nome de Athos em Brasília. Pelo menos essa é a intenção da
Fundação Athos Bulcão, entidade que cuida com zelo do seu legado. O lançamento
de um catálogo especial, ainda em 2017, dará início às comemorações dos 100
anos do artista. Faltam detalhes para definir a data de divulgação do livro,
mas o certo é que a publicação revelará as preciosidades que compõem o acervo
da Fundathos. São projetos, moldes, máscaras, azulejos, painéis e muitos outros
trabalhos guardados com cuidado pela secretária executiva da entidade, Valéria
Cabral, e sua dedicada equipe.
Além disso, para coroar as comemorações, será aberta, em 2018, uma
exposição no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). No último ano, a fundação
se dedicou a uma campanha de mapeamento, inclusive com o auxílio das redes
sociais, para localizar e identificar trabalhos de Athos Bulcão pelo país e
pelo mundo. Descobriu-se alguma coisa em museus do Rio de Janeiro e de São
Paulo. E alguns colecionadores particulares entraram em contato com a entidade
para enriquecer o levantamento. Todo esse material inédito, pelo menos para o
público, fará parte da mostra a ser montada em homenagem ao artista.
Presente maior, no entanto, seria a tão esperada construção da sede da
Fundathos. Há um terreno de 1,3 mil m² localizado próximo ao Centro de
Convenções reservado ao prédio, legislação vigente e projeto arquitetônico
assinado por João Filgueiras Lima, o Lelé. A estrutura prevê museu para
exposição permanente, galeria de mostras temporárias, salas de oficinas
artísticas, auditório com 180 lugares, jardins, café e painel executado com
peças em argamassa armada. Nada mais especial do que tornar esse sonho possível
no ano do centenário de Athos Bulcão. Não haveria melhor reconhecimento ao
artista fundamental de Brasília.
(*)Guilherme Goulart – Foto/Ilustração: Blog –
Google – Correio Braziliense