TRAPACEIROS - Cabral,
Palocci, Cunha e Dirceu: a corrupção vicia
A ciência mostra que, neles, o órgão funciona de forma
diferente. É movido pelo prazer de ganhar dinheiro fácil e pela ausência total
do temor de punição
Antonio Palocci, José Dirceu, Eduardo Cunha e Sérgio Cabral.
Presos, os ex-ministros dos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma
Rousseff, o ex-deputado e o ex-governador do Rio de Janeiro são donos de
histórias distintas, mas dividem, todos os quatro, uma impressionante atração
por corromper. Ao cidadão comum, aquele que paga as contas com dinheiro honesto,
é até difícil compreender de onde surge tamanha propensão à negociata. Nenhuma
explicação justifica o comportamento de homens como eles, mas algumas
informações lapidadas pela neurociência ajudam a entendê-lo, pelo menos sob a
ótica da engenharia cerebral. Nesta semana, especialistas do mundo todo
reunidos no Brain Congress 2017, realizado em Porto Alegre, dedicarão boa parte
das discussões aos achados recentes sobre o cérebro do corrupto. O primeiro
fato: ele é diferente. Na leitura da ciência, o gosto pela corrupção se
desenvolve nas mesmas estruturas neuronais onde se cristaliza a fissura pela
droga ou pelo sexo. Ou seja, corromper dá prazer e vicia. Entender a
origem do mecanismo que colocou a corrupção no mesmo escaninho cerebral da
dependência química obriga a olhar para trás, no início da evolução humana,
quando o homem ainda lutava com feras para sobreviver, e conhecer como isso
moldou o cérebro. Para dar conta dos perigos, circuitos associados à busca por
comida ou à rapidez na fuga fortaleceram-se. Neles, também eram processadas
estratégias que garantissem a sobrevivência de modo mais fácil. Trapacear para
ficar com a melhor parte da caça, por exemplo.
“São psicopatas. Mostram-se insensíveis aos males
que causam” Vitor
Haase, neurologista, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (Crédito:Nidin
Sanches/ NITRO)