*Por Severino Francisco
Como foi amplamente noticiado, a Justiça do DF
suspendeu o nome Honestino Guimarães para a ponte que liga o Plano Piloto e o
Lago Sul e, ao mesmo tempo, proibiu que o monumento seja chamado de Ponte Costa
e Silva. A justificativa é que ambos os nomes não foram precedidos de
audiências públicas. Caberá à Câmara Legislativa estabelecer o debate.
Há alguns meses, lancei nesta coluna o meu candidato: o poeta do cálculo estrutural Joaquim Cardozo. Sem ele, os voos rasantes de imaginação riscados por Oscar Niemeyer permaneceriam eternamente no papel. Quando Niemeyer apresentava seus projetos, os engenheiros calculistas convencionais diziam que eram simplesmente inviáveis. Com audácia e rigor, Cardozo contribuiu decisivamente para erguer prédios e palácios de concreto que parecem mal tocar o chão.
Há alguns meses, lancei nesta coluna o meu candidato: o poeta do cálculo estrutural Joaquim Cardozo. Sem ele, os voos rasantes de imaginação riscados por Oscar Niemeyer permaneceriam eternamente no papel. Quando Niemeyer apresentava seus projetos, os engenheiros calculistas convencionais diziam que eram simplesmente inviáveis. Com audácia e rigor, Cardozo contribuiu decisivamente para erguer prédios e palácios de concreto que parecem mal tocar o chão.
A criação de Brasília provocou espanto mundial não
apenas pelo arrojo das formas de Niemeyer, mas também pelos avanços na
tecnologia de construção. Apesar de toda a relevância, o nome de Joaquim
Cardozo praticamente se evaporou da paisagem de Brasília. Não existe nenhuma
menção ao ilustre engenheiro.
Desde que lancei a candidatura de Joaquim Cardozo,
recebi inúmeras manifestações de apoio pela sugestão, que volto a compartilhar
com vocês. Walter Melo escreveu: “Receba meu modesto apoio pela proposta da
nova denominação da Ponte, em homenagem a Joaquim Cardozo, sábio, poeta,
arquiteto, calculista, humanista e extraordinária figura humana”.
Já o leitor Sérgio Frossard de Almeida ressalta:
“Muitíssimo oportuna tal lembrança. É preciso que se resgate homenagem a quem
realmente foi importante para a cidade. É preciso que se resgate a história de
quem é merecedor de tal homenagem”.
O leitor Reinaldo Ferraz sugere que a campanha
pró-Joaquim Cardozo seja encampada pelas instituições ligadas à arquitetura e à
engenharia: “Alio-me feliz lembrança do inigualável Joaquim Cardozo, que morreu
amargurado pela culpa de um erro que não cometeu, o desabamento do pavilhão do
Parque da Gameleira, em BH. Tardiamente reabilitado, o reconhecimento não o
alcançou em vida. A homenagem que você propõe, sugiro que recomende ao Crea e
ao CAU, seria absolutamente justa”.
E o cineasta Vladimir Carvalho, autor de
documentários fundamentais sobre aspectos da história política, social e
cultura de Brasília, escreveu na carta dos leitores, esgrimindo o argumento:
“Se reverenciamos tanto e merecidamente o gênio de Oscar Niemeyer, por que não
fazer justiça e emparelhar com ele o seu inseparável parceiro?”, indaga
Vladimir.
E emenda: “Sem os providenciais cálculos do notável
engenheiro e poeta, do nível dos conterrâneos Manuel Bandeira e João Cabral,
não se concretizariam as extraordinárias esculturas arquitetônicas do grande
mestre. Brasília deve esta homenagem ao multifacetado gênio de Cardozo, tão
esquecido em nossa paisagem urbana”. De minha parte, assino embaixo de tudo que
foi dito e só acrescentaria: Ponte Joaquim Cardozo seria um nome bonito,
elegante e justo.
(*) Severino Francisco – Jornalista, colunista do Correio Braziliense –
Foto: Bento Viana - Ilustração: Blog - Google