Ipê-amarelo florido perto da Rodoviária do Plano Piloto, onde será
inaugurada a segunda Praça da Cidadania
*Por » Jéssica Eufrásio
Será inaugurado, na manhã de hoje, o segundo espaço da capital dedicado
exclusivamente à árvore-símbolo do Distrito Federal. Com mais de 600 exemplares
da planta, ele visa promover o respeito e a segurança no trânsito
O Distrito Federal ganha, hoje, um espaço para deixá-lo ainda mais
colorido daqui a alguns anos. A partir das 8h, acontece a cerimônia de abertura
oficial da segunda praça do projeto Brasília, Capital do Ipê, resultante da
parceria entre Correio, Rede Globo, Governo de Brasília e a empresa Digital
Group. A Praça da Cidadania, que terá o trânsito como tema, fica atrás do
Teatro Nacional e abrigará cerca de 600 exemplares de ipês-amarelos. O evento
de inauguração contará com shows, food trucks, atrações educativas, além de uma
exposição de carros antigos.
O projeto Brasília, Capital do Ipê visa promover a construção de quatro
praças de ipês em diferentes regiões do DF. Cada uma terá exemplares de um
mesmo tipo da árvore e um tema específico: paz, trânsito, respeito e amor. Em
março do ano passado, o primeiro espaço inaugurado foi a Praça da Paz, com
aproximadamente 160 ipês-brancos, no Parque da Cidade.
Um dos idealizadores do projeto, o vice-presidente de criação da Digital
Group, Wesley Santos, conta que os temas escolhidos nasceram do que se espera
construir diante das dificuldades do dia a dia. “Fizemos uma pesquisa e
detectamos que o ipê é um dos símbolos afetivos do DF. Por isso, o projeto
busca trazer esse raciocínio de comunidade e sociedade. Além de embelezar as
cidades, a gente promove ocupação urbana. A ideia é que este seja apenas o
início, porque o plano é continuar”, enfatiza.
Em relação à Praça da Cidadania, Wesley diz que a proposta de ter o
trânsito como tema é conscientizar a população a respeito da responsabilidade
de cada um na melhora do sistema. “A gente tem de enfrentar todos esses
assuntos. Todo mundo quer um trânsito melhor, mas pouca gente está, de fato,
disposta a dar preferência ao outro. Será que não somos nós quem devemos dar o
primeiro passo?”, questiona.
Proteção
Há cerca de 200 mil exemplares de ipês só no Plano Piloto. Em todo o DF
são 600 mil. Graças ao Decreto Distrital nº 14.783/1993, essas árvores passaram
a fazer parte do conjunto de espécies arbóreo-arbustivas tombado como
patrimônio ecológico da capital. O corte ou remoção de qualquer exemplar do
grupo é proibido sem a prévia autorização da Secretaria de Estado de Ciência,
Tecnologia e Inovação (Secti).
Técnico em telefonia, João Batista, 55 anos, mora no Distrito Federal há
37 e acredita que os ipês assumem uma função estética única na capital. Baiano,
ele fica fascinado com a vegetação do cerrado. “Todo ano, como tem essa secura,
os ipês dão um ar mais bonito ainda à cidade. Acho tudo maravilhoso. Gosto
desse clima e não tenho vontade de sair daqui. Quem gosta de árvores, como eu,
ama esse lugar”, ressalta.
Meteorologia
Além de oferecerem recursos para animais nos períodos críticos como o da
seca, os ipês permitem a previsão do início das chuvas. Eles liberam
flores durante a estiagem e os frutos aparecem quando o período chuvoso está
prestes a começar. Especialista em botânica e professor do curso de ciências
biológicas da Universidade Católica de Brasília (UCB), Luciano Coelho explica
que, poucas semanas antes do início das chuvas, os frutos da planta –
estruturas semelhantes a vagens – se abrem e o vento transporta as sementes
pelo ar.
A dica para saber quando haverá precipitação, portanto, é se guiar pelos
ipês. “Por mais que a gente ache que não vai chover, assim que os frutos se
abrem e as sementes são lançadas, em duas semanas, no máximo, chove. As plantas
se guiam pelas temperaturas, taxas de umidade e duração dos dias. A chuva é
determinante para que elas possam germinar. E elas não erram, senão perdem o
investimento”, ensina o professor.
Luciano Coelho diz não ser possível estabelecer um período exato do
florescimento de cada espécie. Assim como acontece com outras plantas, tudo
depende da quantidade de nutrientes que o vegetal acumulou. O processo pode
favorecer o florescimento de mais de uma espécie ao mesmo tempo, ou mesmo de
todos os tipos.
Programe-se
Inauguração da Praça da Cidadania
Data: Sábado - Hoje, 29/7
Horário: 8h
Local: Eixo Monumental, atrás do Teatro Nacional
Censura livre. Entrada gratuita
Onde ficam
Praça da Paz
Espécie: Ipês-brancos
Tema: Paz mundial
Local: Parque da Cidade, estacionamento 7
Situação: Inaugurada
Praça da Cidadania
Espécie: Ipês-amarelos
Tema: Trânsito
Local: Eixo Monumental, atrás do Teatro Nacional
Situação: Inauguração hoje
Praça do Respeito
Espécie: Ipês-roxos
Tema: Tolerância e respeito à diversidade
Local: Taguaparque, próxima à administração do parque
Situação: Prevista para outubro
Praça do Amor
Espécie: Ipês-rosas
Tema: Amor ao próximo
Local: Sobradinho, Quadra 3
Situação: Prevista para março de 2018
PARTICIPE DA CAMPANHA #MISSÃOIPÊ
Brasília ainda está na temporada de florescimento dos ipês-roxos, então
aproveite essa oportunidade para fotografar as árvores e participar da campanha
#MissãoIpê. Mais de 1,8 mil cliques já foram registrados com a hashtag no
Instagram e, toda segunda-feira, os melhores são publicados na conta oficial do
Correio (@correio.braziliense). Lembre-se de deixar seu perfil aberto para que
as imagens fiquem no modo público. Participe!
Atenção à espécie de flores verdes
Durante 10 meses do ano, em média, os ipês inundam o Distrito Federal e
as redes sociais com as mais variadas cores. Mesmo assim, uma das espécies não
ganha tanto destaque assim. Pela semelhança entre as flores e folhas da planta,
os ipês-verdes passam despercebidos até pelos observadores mais atentos. Ao
contrário dos demais tipos, as folhas dos ipês-verdes não caem no período de
floração, e é esse fato que dificulta a identificação dos buquês presentes nas
árvores.
A Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap) plantou
novos pés de ipê-verde em todo o DF, entre outubro do ano passado e março de
2017. A previsão é de que as variedades já “amadurecidas” da espécie comecem a
florir por volta de dezembro. Atualmente, a soma de exemplares desse tipo,
cujas alturas podem chegar a até 18 metros, é de aproximadamente 1,3 mil no DF.
O diretor-presidente da Novacap, Júlio Menegotto, afirma que outros 250
exemplares serão plantados ainda neste ano. “Como elas levam em torno de 10
anos para começar a florir, muitas flores dessas árvores ainda não apareceram.
A arborização urbana passou bastante tempo sem plantas que fossem do cerrado e
o ipê-verde é um exemplar muito bonito que começamos a inserir em Brasília”,
afirma.
Para o funcionário público Otávio Abreu, 64 anos, os ipês embelezam a
cidade de maneira singular. Ele sabe até onde as espécies se encontram, mesmo
sem terem florescido ainda. “Perto da Rodoviária do Plano Piloto tem vários
(ipês) amarelos. Na via de ligação da L2 Norte com a L2 Sul, há uma fileira de
brancos. Na 504 Sul, tem uma rua só de ipês. Não tiro foto, mas estou sempre
observando”, conta. Otávio acrescenta que notou o aumento no número de
exemplares da espécie no DF, mas nunca avistou o de flores verdes. “Acho legal
que se fale disso, porque os ipês são símbolos de Brasília. Eu não sabia que
existiam, mas agora vou observar mais.”
(*)» Jéssica Eufrásio* - Fotos: Ed Alves/CB/D.A.Press – Luis
Nova/CB/D.A.Press – Correio Braziliense