A farsa da reforma política avança. Num Congresso
quase que completamente desmoralizado pela corrupção generalizada que esvaziou
os cofres públicos nos últimos 14 anos, parlamentares sem nenhuma credibilidade
tramam a aprovação de uma reforma para preservarem os mandatos e garantirem que
nada mudará no país. Pior: apesar de o Brasil estar quebrado — com a educação,
a saúde e a segurança pública falidas —, eles preparam mais um butim aos cofres
públicos. Ou traduzindo: vão assaltá-lo, leitor, de novo!
O primeiro passo foi dado em reunião na calada da noite. Na madrugada de
quinta-feira, deputados do PT, PSDB, PMDB, PCdoB, PSol e quejandos decidiram —
sem dó, sem decência, sem piedade — arrancar mais R$ 4 bilhões do bolso dos
cidadãos para bancar a campanha eleitoral deles em 2018. E, escárnio do
escárnio, apelidaram a tunga de Fundo Especial de Financiamento da Democracia.
“Estão de brincadeira”, pensará o leitor. Não. Não estão. Estão é convencidos
de que o brasileiro é tão idiota, tão acomodado, tão pacífico e cordeiro que
jamais sairá às ruas para dar um basta a essa indecência.
Mais uma vez, eles manobram para que continuem mandando e mamando em
cada centavo que você paga via impostos. Quase seis meses do salário do
brasileiro hoje é sugado por tributos. Em troca, não existe sequer um serviço
público de qualidade. Tudo o que sai do bolso do trabalhador serve apenas para
sustentar a mamata de partidos, empresários desonestos e corporações de
servidores públicos, principalmente do Legislativo, Judiciário e Ministério
Público, que se apropriaram do Estado. Os cidadãos comuns somos escravos dessa
ditadura cleptocrata. É preciso, urgentemente, desestatizar o Estado Brasileiro
e colocá-lo a serviço do país — e não dessa casta que o “socializou” em
proveito próprio.
Mundo afora, jornalistas, analistas e cientistas políticos ficam perplexos
diante do conformismo e da apatia dos brasileiros. Se tivesse a chance de
decidir, você acha que o povo aprovaria todas as regalias e mamatas que têm
políticos e servidores públicos às suas custas? Claro que não! E o melhor é que
a tecnologia já permite que o cidadão, de forma rápida e segura, vá às urnas ou
use o próprio celular para tomar decisões como essas. Mas como dar mais poder
ao povo sobre os políticos, dos quais, em tese, seríamos os patrões? Ora, via
uma constituinte exclusiva, sem a participação dos atuais congressistas nem de
seus partidos, contrários a uma verdadeira mudança nas regras do jogo. A
redemocratização, vê-se hoje, foi uma farsa. Saiu a ditadura militar, entrou a
ditadura de partidos corrompidos. O Brasil ainda está à espera da democracia.
Que venha. E, de preferência, que seja parlamentarista. Chega de “salvadores”
da pátria.
Por Plácido Fernandes Vieira – Correio Braziliense
– Foto/Ilustração: Blog - Google