Por um ano, os adolescentes serão capacitados em aulas ministradas no
Museu Vivo da Memória Candanga. Iniciativa inédita integra programa Cultura
Educa. Foto: Pedro Ventura/Agência Brasília
Por um ano, os adolescentes serão capacitados em aulas ministradas no
Museu Vivo da Memória Candanga. Iniciativa inédita integra programa Cultura
Educa
Mais que um espaço de preservação da história e de homenagem aos
pioneiros da construção de Brasília, o Museu Vivo da Memória Candanga,
no Núcleo Bandeirante, agora também é um equipamento de formação técnica.
A partir
desta quinta-feira (21), o local recebe estudantes do ensino médio da rede
pública matriculados no curso técnico em conservação e restauro.
Ministrada
nas dependências do museu, a profissionalização é voltada para o entendimento
sobre conservação de documentos, noções de arquivamento e de restauro de obras
de arte e preservação do patrimônio.
A
diretora do local, Rosane Stuckert, disse estar honrada em ter recebido os
estudantes durante a aula inaugural do curso, na quarta-feira (20). “Esse é um
laboratório vivo de preservação do nosso patrimônio. Somos responsáveis por
transmitir esse legado às gerações futuras.”
"Esse é um laboratório vivo de preservação do
nosso patrimônio. Somos responsáveis por transmitir esse legado às gerações
futuras" - (Rosane Stuckert, diretora do Museu Vivo da Memória Candanga)
A
iniciativa inédita faz parte do MedioTec, modalidade do Pronatec para
adolescentes oferecida em concomitância ao ensino médio regular. O projeto é viabilizado
pelo governo federal, mas executado em parceria entre as Secretarias de
Educação e de Cultura, por meio do programa Cultura Educa.
Para a
estudante Melissa Mendes, do 2º ano do Centro Educacional Gisno, de 16 anos, o
interesse pelo curso veio acompanhado da identificação com os livros e as
disciplinas de humanas. “Não tinha vontade de fazer cursos que normalmente são
oferecidos, e esse me chamou a atenção”, conta.
Moradora
da Cidade Ocidental (GO), no Entorno, a jovem é uma das 13 matriculadas na
turma que começou nesta semana. “O patrimônio é onde nasce nossa história, por
isso é importante conhecer e preservar”, atesta a futura técnica em conservação
e restauro.
Depois de
assistir a um filme histórico de 16 minutos, os jovens seguiram para a galeria
principal, onde fica a exposição permanente Poeira, Lona e Concreto.
A
visitação, guiada pelo funcionário do museu Ronaldo Medeiros, narra a história
de Brasília por meio de fotos, objetos e ambientações fidedignas de lugares
como o Brasília Palace Hotel e o Hospital Juscelino Kubitschek de Oliveira.
Edenilson
Lemes, de 16 anos, aluno do 1º ano do Centro de Ensino Médio Júlia Kubitschek,
na Candangolândia, foi influenciado a fazer a disciplina pela região
administrativa onde mora. “Minha vó veio da Paraíba e sempre me contou sobre o
local, conhecido como Lonalândia na época dos acampamentos dos
candangos”, ensina.
"Brasília é uma cidade histórica e singular
pela pluralidade de pessoas que vieram para cá" - (Edenilson Lemes,
estudante do Centro de Ensino Médio Júlia Kubitschek, na Candangolândia)
“Brasília
é uma cidade histórica e singular justamente pela pluralidade de pessoas que
vieram para cá”, define o adolescente, que conta ter sido instigado a se
inscrever na formação para entender melhor sobre a identidade local. “Também
sou muito ligado nas artes, escrevo poesia, faço teatro, gosto de filosofia”,
elenca.
Os estudantes
também aproveitaram para conhecer a Casa do Mestre Popular, espaço que guarda o
acervo do artista maranhense radicado em Brasília Mestre Pedro (1920-2005),
autor de esculturas ligadas ao Cerrado.
Especialista
em conservação e restauro, a bibliotecária Neide Aparecida Gomes será um dos
quatro professores da turma de secundaristas. “Temos que ter um olhar de
responsabilidade sobre o que é o nosso patrimônio, seja ele material,
imaterial, afetivo”, avalia.
De acordo
com a docente, a importância da formação está não só na necessidade de
qualificar a mão de obra especializada para o mercado de trabalho, mas também
de garantir ensinamentos multidisciplinares.
“Para
conservar, precisamos entender de química com os produtos que usamos e com a
ação do tempo; de biologia, para sabermos quais insetos comem os livros, por
exemplo; e sobre o clima e o meio ambiente”, aposta.
Fazeres artísticos estimulados em
cursos técnicos
Transitar
por outros espaços é fundamental para a formação dos estudantes, como explica a
professora Fernanda Marsaro, coordenadora de Políticas Educacionais para
Juventude e Adultos, da Subsecretaria de Educação Básica.
“Acreditamos
que a aprendizagem deve transcender à sala de aula, com ensinamentos mais
atrativos e significativos”, acrescenta ela, sobre a oferta de cursos técnicos
em modalidades que abrangem fazeres artísticos.
Em 2017,
também foram iniciados os cursos de técnico em teatro, com 30 alunos, e em
artes circenses, com 25, ambos ministrados na Faculdade de Artes Dulcina de
Moraes, no Plano Piloto.
1,7 milTotal de alunos matriculados nos cursos do
MedioTec em 2017 - Com o
objetivo de atrair os adolescentes para o campo da arte em ambientes práticos,
outros equipamentos públicos culturais serviriam de palco para a parceria entre
as secretarias pelo Cultura Educa.
Na
inscrição do MedioTec em agosto foram ofertadas 20 vagas para o curso de
técnico em canto, na Casa do Cantador, em Ceilândia, e outras 19 para o de
técnico em dança, no Centro de Dança, no Plano Piloto.
Mesmo
assim, os cursos não tiveram demanda para fechar turmas. De acordo com a
servidora, é prioridade da pasta estimular o interesse dos estudantes nas
formações e estender as parcerias para que os cursos possam melhor atender a
comunidade.
Só em
2017, de acordo com a pasta de Educação, foram matriculados 1,7 mil estudantes
em cursos técnicos e outros cerca de 7 mil em cursos de formação inicial e
continuada, de menor carga horária.
Há
oportunidades em áreas como computação, informática, vestuário e moda,
enfermagem, nutrição e programação de jogos digitais. Além de unidades de
ensino, figuram entre os locais das aulas a Biblioteca Nacional, o Hospital das
Forças Armadas e organizações não governamentais (ONGs).
Ainda há vagas para o curso
técnico
Como a
oferta não foi atendida, a Secretaria de Educação oferecerá mais dez vagas para
estudantes que ainda queiram iniciar o curso de técnico em conservação e
restauro no Museu Vivo da Memória Candanga.
Os
interessados devem comparecer à Coordenação do Programa Nacional de Acesso ao
Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), na sede da Secretaria de Educação (Setor
Bancário Norte, Quadra 2, Bloco C, Edifício Phenícia), das 9 horas ao meio-dia
e das 14 às 17 horas. É preciso levar os documentos pessoais e a declaração de
escolaridade.
Como
ajuda de custo, os matriculados ganharão R$ 2 por hora-aula assistida — ou
seja, com comprovação de frequência. Eles terão ainda o direito de requerer o
Passe Livre.
Museu Vivo da Memória Candanga
Localizada
na antiga Cidade Livre, a instalação que atualmente abriga o Museu Vivo da
Memória Candanga (veja vídeo gravado em 2015) foi ocupada em 1957. Lá,
funcionava o Hospital Juscelino Kubitschek de Oliveira, erguido em 60 dias para
atender operários na época.
Atualmente,
o local é considerado o maior sítio de conservação do período da construção de
Brasília, com 184 mil metros quadrados de área.
Funcionamento do Museu Vivo da Memória Candanga
- Na Epia Sul, Lote D, Núcleo Bandeirante - De segunda a sábado - Das 9 às
17 horas -Entrada gratuita - Telefone: (61) 3301-3590
Galeria de Fotos: - ( https://goo.gl/sBKWDv )
Agência
Brasília