Cultura é tão necessária como o ar
*Por Circe Cunha
Por menor que seja a contribuição
do indivíduo para a melhora nas condições de vida de uma cidade, todas as
pessoas têm importância e um papel a desempenhar na humanização dos espaços
públicos. Nesse sentido, recolher um papel deixado no chão da praça é tão
importante e necessário quanto ser o responsável pela administração de toda a
praça.
Todos igualmente são responsáveis
pela existência de sua cidade, pois ela é apenas o prolongamento natural da
casa de cada um e, portanto, pertence a todos sem distinção. O que faz uma
cidade um lugar melhor para viver é a união dos esforços de todos. É assim na
maioria das grandes cidades do mundo.
Ocorre, no entanto, que algumas pessoas, por suas
ocupações profissionais ou amor ao que fazem, acabam por se tornar mais
relevantes dentro de uma cidade do que outras. A razão dessa importância é que,
sem o trabalho delas, a cidade se torna apenas um lugar limpo e seguro, mas sem
a efervescência da vida. O que caracteriza uma cidade viva é que nela pulsa um
coração que congrega diferentes grupos que cultivam o saudável hábito de manter
viva a cultura. Neusa França, Celina Kaufman, e Lúcia Garófalo eram essas
pessoas que amavam o que faziam, e a cidade ganhava muito com isso.
São as diversas manifestações culturais que, dando
identidade a uma cidade, fazem dela um lugar não apenas para morar, mas para se
viver com plenitude. Graças ao trabalho de Neusa, Celina, e Lúcia, e também de
muitas pessoas que, às vezes, de forma anônima e sem o devido reconhecimento,
nos permitem distinguir aquelas cidades que são apenas um lugar físico no
espaço a abrigar pessoas, daquelas que são um corpo coletivo e social de civis
que tem na cultura seu traço em comum mais importante.
Dessa forma, quando assistimos ao fechamento de
espaços públicos dedicados às artes, como galerias, museus, teatros ou o
falecimento de agitadores culturais, mecenas, produtores, realizadores e outros
agentes de cultura é que nos damos conta de que sem esses lugares e,
principalmente, sem o trabalho dessa gente altruísta vamos ficando como
abandonados num deserto inóspito. Mais do que qualquer partido ou político
fantasiado de uma ideologia que sabemos falsa, a cidade necessita de espaços
dignos e de agentes da cultura. Feiras, exposições, musicais, teatros, cinema e
outras realizações que festejam a raça humana. É disso que temos fome e
necessitamos para viver, além de lutar pela sobrevivência.
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A frase que foi pronunciada
“A diferença é o amor pelo que se
faz.”
(Lúcia Garófalo, herança deixada para a
cidade)
Manutenção
» Parquinhos infantis e PECs
precisam de manutenção. As faixas de pedestres também precisam de reforço antes
das chuvas.
Invasão
» Ninguém entende como é que,
justamente na quadra de parlamentares, na 309 Sul, pode ter tantos quiosques
ilegais instalados bem na entrada. Agefis precisa agir por ali.
Peso e medida
» Para quem acorda cedo, força motriz desse país, o
horário de verão é mais do que um martírio. É um prejuízo à saúde.
Trabalhadores que pegam trem, barca, ônibus, canoas por este país afora estão
sujeitos à vontade humana de mandar na luz do sol controlando os ponteiros dos
relógios. É desumano com alguns, e relaxante para quem curte um uísque no fim
da tarde.
(*) Circe Cunha – Coluna “Visto, lido e ouvido” – Ari Cunha – Correio Braziliense – Foto/Ilustração: Blog - Google