A primeira chuva do mês empolgou quem passava na região central - Apesar dos registros em algumas regiões, Inmet prevê
chuvas mais frequentes só no fim do mês
Ventos frios e chuviscos em algumas áreas animaram
o brasiliense ontem. Após 123 dias de seca, o Distrito Federal registrou os
primeiros pingos de chuva. Em meio a uma crise hídrica sem precedentes, a
mudança no tempo ao longo da sexta-feira empolgou muita gente.
Era por volta das 14h30 quando a estudante Rayane
Silva Araújo, 23 anos, foi surpreendida pelos pingos que caíam do céu na quadra
405 da Asa Norte. “Estávamos precisando dessa chuva. Espero que dure muito
tempo”, comemorou. Segundo a jovem, o calor e a baixa umidade provocados pela
seca a incomodam. “Eu não gosto do frio, prefiro essa sensação mais amena. É
uma maravilha esse tempo chuvoso”, disse.
Em outro ponto da região central de Brasília, mais
felicidade por conta da breve precipitação. Às 15h, o motorista Adriano Araújo,
34, deu as boas-vindas à chuva que, mesmo timidamente, caía na 210 Sul. “É uma
alegria imensa. Estávamos precisando demais”, comemorou. O morador do Guará
espera que a água seja suficiente para encher os reservatórios da capital. “Não
aguento mais esse racionamento. Mas é preocupante a situação. Só a chuva pode
nos salvar.”
Na Rodoviária do Plano Piloto, correria com os
primeiros pingos. Quem passava pelo local foi pego pela chuva fina e precisou
recorrer aos ambulantes que comercializavam sombrinhas na plataforma superior
do terminal. O vendedor Adriano Silva, 27, comemorou a mudança do tempo. “É uma
das melhores épocas do ano. As vendas aumentam muito”, disse. Entretanto, ele
conta que, ano após ano, os preços dos guarda-chuvas têm caído por conta da
crise. Segundo Adriano, em 2016 os produtos eram vendidos por R$ 15, a
sombrinha pequena, e R$ 30, a grande. “Hoje, a pequena custa R$ 10 e a grande,
R$ 20”, detalhou.
Atraso
Apesar da precipitação observada em algumas regiões
do DF na quinta e na sexta-feira, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet)
informou que a temporada de chuvas tem previsão de começar mais tarde neste
ano. Ingrid Peixoto, meteorologista consultora do instituto, explica que as
observações apontaram para o aparecimento de pancadas em volumes maiores a
partir de 27 de setembro, com a chegada de uma frente fria vinda do sul do
país.
Ainda assim, a quantidade de chuva esperada para os
meses de outubro e novembro ficará cerca de 45% abaixo da média. “Nossos
indicativos mostram chuvas abaixo da normalidade para outubro e novembro, mas
isso pode mudar”, afirmou a meteorologista. Com o atraso do período chuvoso, a
preocupação da população se volta para os níveis dos reservatórios do Distrito
Federal, que fecharam em 20,2% (Sistema do Descoberto) e 31,1% (Sistema
Torto-Santa Maria) na noite de ontem.
Ainda de acordo com o instituto, a previsão para
hoje é de céu encoberto pela manhã e sol durante a tarde, sem chuvas. Já para
amanhã, a previsão se inverte: sol no período matutino e céu encoberto à tarde.
Chuvas também não são esperadas.
(*) Ricardo Faria - Jéssica Eufrásio* Estagiária sob supervisão de
Mariana Niederauer – Foto: Ricardo Farias/CB/D.A.Press – Correio
Braziliense