"O carro não respeita as motos. Acho que, além da educação, deveria
ter uma faixa exclusiva para motos" Rosângela Rocha, motociclista
*Por Isa Stacciarini
Diversos eventos estão programados até 25 de setembro a fim de chamar a
atenção para a segurança nas vias do DF
O Distrito Federal chegou à casa de 1,7 milhão de condutores
habilitados. Diante um aumento de 35.795 novos motoristas e motociclistas em um
ano, a Semana Nacional do Trânsito provoca a responsabilidade de todos os
protagonistas das vias para um ambiente mais seguro. Até 25 de setembro,
diversos eventos promovem discussão a respeito dos direitos e deveres de quem
dirige carro, pilota motos, conduz bicicleta e anda a pé. Mas, em outra ponta,
há uma reflexão mais profunda: investir na formação e promover a mobilidade
urbana de forma democrática e sustentável.
Por ano,
são emplacados de 70 a 100 mil carros no DF. Com tanto veículo em circulação,
especialistas em engenharia de transportes alertam para a necessidade de
mudança comportamental, que começa, principalmente, nas formas de instrução
oferecidas pelo Estado — até agosto, o Departamento de Trânsito (Detran) pagou
R$ 5.847.399,05 em campanhas educativas.
Na visão
do professor da Universidade de Brasília (UnB) Pastor Willy Taco, é necessário
levar a vivência do trânsito para os centros de ensino. “A Transitolândia, por
exemplo, deveria ser multiplicada de forma mais ampla nas escolas com a
participação dos pais”, explicou. Para ele, é importante o envolvimento da
família, porque as crianças em processo de aprendizagem tendem a reproduzir o
que é dito no colégio. “Mas encontram a barreira dos pais, se comportando de
forma contrária. Portanto, cria-se a brecha conceitual educativa”, esclareceu o
especialista em engenharia de tráfego.
Segundo o
diretor-geral do Detran, Silvain Fonseca, o órgão, em parceria com a Secretaria
de Educação, oferece cursos a distância voltado para professores na formação da
matéria de trânsito. “Temos trabalhado isso para que os alunos, quando chegarem
ao futuro, possam ter uma mudança na postura”, ressaltou.
O diretor
de Educação do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), Francisco Garonce,
reforça a necessidade de uma reciclagem, especialmente para motociclistas. Ele
explica que, desde a concepção, o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) prevê
exame prático em vias públicas para a emissão da categoria A da Carteira
Nacional de Habilitação (CNH). No entanto, segundo Garonce, nas 27 unidades
federativas, o condutor de motocicleta se submete ao treinamento e, muitas
vezes, recebe a permissão para pilotar sem nunca ter vivido o trânsito. “Não
temos dúvida de que o aspecto da formação precisa mudar”, destaca.
Motociclista
há quase 20 anos, a manicure e cabeleireira Rosângela Rocha, 38 anos, escolheu
o veículo pela rapidez e economia. Mas, apesar da experiência, ela se sente
insegura. “O carro não respeita as motos. Acho que, além da educação, deveria
ter uma faixa exclusiva para motos”, sugere. Osmar Barbosa Santana, 41, usa o
carro inclusive para trabalho. Ele é habilitado desde 2002 e motorista
profissional há cinco anos. “Teria de mudar, principalmente, o comportamento
dos condutores que tiram a habilitação e, depois, não seguem a lei. Muita coisa
no trânsito vai da própria consciência das pessoas”, ressalta.
(*) Isa Stacciarini – *Foto - Correio Braziliense