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A água é nosso maior patrimônio

A água é nosso maior patrimônio

*Por Circe Cunha

Reportagem apresentada, na sexta-feira, alerta para a qualidade da água no Distrito Federal e reforça o que os especialistas vêm afirmando há algum tempo: a ocupação irregular e ainda persistente de terras em Brasília prejudica a qualidade da água, por ação da poluição constante, bem como a quantidade desse produto essencial, por ação do desmatamento e do assoreamento de importantes nascentes. Ou seja, o loteamento urbano desordenado e criminoso vai deixando sequelas que, aos poucos, vão comprometendo a própria existência futura da capital.

Tomadas dessa forma, muita gente considera um exagero que a capital venha a ser inviabilizada por uma questão de crise hídrica. Menos de duas décadas atrás, soaria também como exagero sem propósito se alguém afirmasse que, em poucos anos, Brasília seria submetida aos rigores dos rodízios no abastecimento de água. Hoje, a escassez e o racionamento são parte de nossa realidade e, acreditem, vieram para ficar. O pior, e já se sabe disso, se não forem adotadas medidas drásticas para pôr fim ao criminoso parcelamento irregular de terras públicas, nem todo o dinheiro do mundo salva a capital dos brasileiros.

Dos 23 mananciais que abastecem a cidade, a maioria, segundo os técnicos da Caesb, apresenta algum sinal de poluição, sendo que o Ribeirão Engenho das Lajes, próximo ao Gama, é o que está em pior situação. As ocupações irregulares ganham maior gravidade quando ocorrem nas bordas da bacias hidrográficas. Até as áreas agrícolas, não devidamente fiscalizadas, contribuem para a redução do Índice de Qualidade da Água (IQA).

Especialistas asseguram que, com toda a tecnologia disponível, a captação de água bruta poluída exige mais gastos com tratamento e os resultados finais jamais serão iguais à captação de água de boa qualidade. A captação de águas do Lago Paranoá, criticada por uns e apoiada por outros, devido ao problema da escassez, foi, no passado, considerada opção totalmente exótica e absurda, mas, hoje, por desleixo nosso, virou realidade que teremos que engolir.

A crise hídrica e sem precedentes na história de Brasília provocada pelos parcelamentos irregulares de terras, por período prolongado de seca, pelo aumento considerável do consumo, devido à elevação da temperatura e à baixa umidade, tende a recrudescer nos próximos anos. Essa é uma realidade que obrigatoriamente nos conduzirá à conscientização do problema que criamos para nós mesmos. Quer queiramos ou não.

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A frase que não foi pronunciada
"Enquanto a educação estiver voltada para a competição, haverá guerra. A paz é fruto do aprendizado da solidariedade e cooperação."
(Maria Montessori, educadora, médica e pedagoga)


(*) Circe Cunha – Coluna “Visto, lido e ouvido” – Ari Cunha – Correio Braziliense – Foto/Ilustração: Blog - Google

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