Em nome da Chapada
O incêndio no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros chama a atenção não só daqueles que costumam frequentar esse paraíso de matas, rios e cachoeiras a poucos quilômetros da capital federal. A parte turística é de suma importância para o desenvolvimento sustentável do local, mas a região também se destaca dentro do bioma do cerrado, com toda a fauna e flora que agora correm risco com as chamas. Nesse ponto, as denúncias de queimadas criminosas e a rede de apoio montada para combater o fogo são dois lados de uma situação que pode, sem exageros, acabar com um santuário ecológico no meio do Brasil.
Não precisa ser um cientista ou um pesquisador para saber que o cerrado é um sistema extremamente delicado, com um solo relativamente pobre e que sofre com o clima seco e quente da região. Além disso, especificamente a Chapada dos Veadeiros é o lar de plantas e animais que só sobrevivem ali. Ou seja, qualquer tipo de acidente ou intromissão humana violenta são capazes, por exemplo, de acabar com uma espécie. Não à toa, segundo o site do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), 15 pesquisas estão sendo desenvolvidas na região. Algumas para a exploração sustentável da flora, outras com o intuito de observar e conservar o meio.
Por isso, também, a importância da ampliação da área do Parque Nacional. Esse aumento, autorizado em 5 de junho deste ano pelo governo federal, tem o objetivo principal de proteger fauna e flora. Porém, autoridades do ICMBio, do governo local e integrantes do Corpo de Bombeiros denunciam que o incêndio na Chapada pode ser criminal. Fazendeiros e grileiros, em retaliação ao crescimento territorial do Parque, teriam colocado fogo. São acusações sérias, mas feitas por pessoas que frequentam a região e sabem do que estão falando. Por isso mesmo, o mesmo governo que recebeu elogios por ampliar a área de proteção ambiental, agora tem a responsabilidade de criar mecanismos para proteger ainda mais o local.
Isso significa mais gastos com gente, com bombeiros, com especialistas em preservação ambiental, enfim, com proteção para um parque tão grande. Com o bônus de receber prêmios e elogios pelo cuidado ecológico, há também o ônus de cuidar disso. E, neste momento, investigação. Se realmente foi um incêndio criminoso, é preciso descobrir o responsável e fazê-lo pagar por isso. O Brasil, mais do que nunca, precisa mostrar que a Justiça funciona.
Há o lado também da rede que se criou para lutar contra o fogo. Pessoas do mundo inteiro se envolveram com o assunto. Celebridades como a modelo Gisele Bündchen usaram a internet para chamar a atenção sobre o assunto. Mais do que isso, moradores locais oferecem casa, comida e o que podem a fim de ajudar os voluntários que estão lá para apagar as chamas. Agora, só quem pode fazer algo para proteger esse Patrimônio Mundial Natural é o ser humano. É o homem, agora, que pode fazer algo em favor do meio ambiente.
Fonte: Visão do Correio Braziliense – Fotos/Ilustração:
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