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Existência do DF e a crise hídrica

Existência do DF e a crise hídrica

*Por Circe Cunha 

Com apenas 5.801,9Km², o Distrito Federal se apresenta como um pequeno quadrado instalado bem no coração da vasta região Centro-Oeste. Por isso, no nosso caso específico, vale o dito: geografia é destino e também fatalidade. O que vier a acontecer na região central do Brasil terá reflexos diretos em Brasília, ditando inclusive a sua viabilidade futura como capital. Dessa forma, fica mais do que evidente que os esforços no sentido de debelar, de modo satisfatório, a atual crise hídrica, têm, necessariamente, de ser estendidos a toda a região circundante, num esforço conjunto, persistente e de longo prazo. Sem isso, não há solução para o problema crescente de falta de água. Ambientalistas brasileiros e internacionais, que bem entendem do problema, são unânimes em reconhecer que a região Centro-Oeste do país e, principalmente, todo o bioma cerrado estão na iminência de vir a se transformar, em pouco tempo, num grande e árido deserto, por conta da ganância humana desmedida e inescrupulosa.

Observando o que vem se passando, num raio de pouco mais de 500Km em torno da capital, é possível agora ter uma ideia mais precisa dos seríssimos problemas que há anos vêm ocorrendo e se acumulando em toda região e que, mesmo a despeito dos seguidos alertas, não foram enfrentados de forma pronta e responsável pelas autoridades. Nos últimos anos, centenas de pequenos riachos e afluentes de rios caudalosos simplesmente deixaram de existir. O mesmo fenômeno vem acontecendo com nascentes e lagoas: a maioria está em avançado processo de desaparecimento.

O que ocorre na região Centro-Oeste se repete no restante do país. Dados divulgados pelo Observatório do Clima mostram que, no Brasil, as emissões de gases de efeito estufa aumentaram em 8,9% no ano passado, e deverão seguir a mesma tendência este ano. É o nível mais alto desde 2008 e a maior elevação vista desde 2004, alertam os cientistas. No ano passado, o país emitiu 2,278 bilhões de toneladas brutas de gás carbônico equivalente (CO2e), o que coloca o Brasil como o sétimo maior poluidor do planeta. Pior é que esse aumento de poluição se deu em meio à maior recessão econômica da história do país, o que equivale a dizer o Brasil aumentou os índices de poluição sem gerar riqueza alguma para os brasileiros.

O aumento de poluição se deu, exclusivamente, por causa do desmatamento, das mudanças de uso da terra e, em consequência, das seguidas queimadas. “Temos hoje a pior manchete climática do planeta: aumento de emissões em razão de desenfreada destruição florestal e totalmente dissociado da economia. Não vai adiantar o governo e os ruralistas dizerem lá fora que o agro é pop; não vão convencer a comunidade internacional e os mercados de que está tudo bem por aqui”, afirmou Carlos Rittl, secretário-executivo do Observatório do Clima.

No caso da região Centro-Oeste — que nos interessa mais particularmente—, estudos demonstram que entre 2013 e 2015, 18.962Km² de cerrado foram destruídos, o que equivale a perda de uma área equivalente à cidade de São Paulo a cada dois meses. Esse ritmo de destruição torna o cerrado um dos ecossistemas mais ameaçados do planeta. Todos os ambientalistas envolvidos com essa questão concordam que a expansão do agronegócio é a principal causa do entrave climático.  “A exemplo de compromissos assumidos por empresas na Amazônia para eliminar o desmatamento de suas cadeias, é fundamental que um passo na mesma direção seja dado para o cerrado, onde a situação do desmatamento é muito grave”, afirma Cristiane Mazzetti, especialista em desmatamento zero do Greenpeace Brasil.

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A frase que não foi pronunciada
“ Preservação da espécie parece não ser uma característica humana.”
(Dona Dita vendo um sabiá atacando os micos.)

(*) Circe Cunha – Coluna “Visto, lido e ouvido” – Ari Cunha – Correio Braziliense – Foto/Ilustração: Blog - Google


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Nota da Redação do Blog: Entre os fatores que ameaçam o abastecimento de água na região, estão: queimadas; desmatamento - erosão; assoreamento;  contaminação das águas por esgoto;    sem tratamento; crescimento da população e aumento;   da demanda e consumo; surgimento de loteamentos; invasões e ocupação desordenada de terras rurais e áreas de    preservação; desperdício.

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