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À QUEIMA-ROUPA: Rômulo Neves Diplomata, ex-BBB e ex-chefe de gabinete do governador, Rodrigo Rollemberg

Rômulo Neves Diplomata, ex-BBB e ex-chefe de gabinete do governador, Rodrigo Rollemberg 

Por que você desistiu de participar das eleições?
Porque não estava feliz como pré-candidato. O cotidiano da disputa das eleições gera um peso e um sacrifício muito grandes não apenas para o candidato, mas também para a família e para os amigos. É uma vida muito solitária, pois nem família, amigos ou apoiadores conseguem seguir o mesmo ritmo da pessoa que disputa efetivamente. Isso afasta o candidato de todos e de sua vida normal. É um paradoxo lutar pela felicidade coletiva, por meio da política, não sendo feliz na política. A troca que se faz pode ser assim descrita: abre-se mão de um tempo de amor e companheirismo de família e amigos para viver disputas, hostilidades, ineficiência e falsidades no mundo político. Não vale a pena e a tendência é trazer esses problemas para a vida pessoal. Fica quase impossível ser feliz. Parece que o nível de vaidade do camarada tem de ser muito grande para fazer essa troca - abrir mão do tempo de vida normal pelo status de um cargo, a esse preço. Não é o meu caso.

O momento do país é ruim para a política?
É ruim, porque a classe política assumiu descaradamente que suas principais prioridades são seus mandatos e seus privilégios - além da imunidade gerada pelos mandatos, mas, e até mesmo por isso, também é bom, porque quando agem assim, escancaradamente, parte da população pode enxergar exatamente o que são e o que representam. Fica claro que não representam a busca pelo bem coletivo.

Muita gente apostou que você sairia do BBB como um candidato forte até ao GDF. Isso não ocorreu?
Ocorreu. Minha candidatura era realmente competitiva para a Câmara Federal. Meu nome apareceu bem cotado em pesquisa sobre novos políticos. Minha penetração, especialmente nas redes sociais, indicava uma boa votação. Apareci bem (uma vez em oitavo e duas vezes em segundo lugar) nas três enquetes que ocorreram para deputado federal. Então, a candidatura estava consolidada. Para o GDF já é outra história. Primeiro porque o nível de gastos é assombroso. Segundo porque levantaria muita resistência da classe política tradicional, que não admitiria um novato bem cotado. Terceiro que, para realmente resolver os problemas do DF, seria necessário fazer alterações estruturais que enfrentam muitas resistências. Como eu não conseguiria deixar de tratar desses temas durante uma eventual campanha, os grupos de interesse iriam me atacar bastante. 

Na mensagem do Facebook, você fala na família. Programa um bebê?
Bebês não, mas adoção. Meus planos de adotar são antigos. Isso é um tema de longas conversas em família e acho que chegou a hora de seguirmos adiante.

Você é um dos defensores do rompimento da Rede com o governo Rollemberg. Por quê?
Porque o governo não cumpriu nem 10% do que prometemos durante as eleições, do que estava escrito em nosso plano de governo. Vi que o plano de governo foi apenas uma peça de marketing. Não há muita preocupação programática. E não fez nada do que prometemos por falta de coragem. Como disse, para alterar o quadro de penúria do DF, é preciso tomar medidas estruturais. Para tomar medidas estruturais, precisa ter liderança, clareza, legitimidade e credibilidade. Tudo que o governo deixou de produzir quando escolheu fazer o jogo antigo, quando imaginou que pudesse ludibriar as forças políticas, dizendo uma coisa e fazendo outra. A palavra é o único bem durável na vida pública. Quando não se tem palavra, não se tem nada. As negociações escancaradas com cargos e administrações regionais, por exemplo, chegam a dar vergonha. E nem mesmo para fazer essa política antiga foi exitoso, porque não tem critérios claros. Além disso, o Governo tem problemas graves de gestão, do ponto de vista administrativo. 

Quem a Rede deveria apoiar na disputa ao GDF?
Defendo uma candidatura própria ao GDF. Uma candidatura que consiga conversar com a população, ou, ao menos, a parte interessada dela, sobre saídas inovadoras para as crises que os políticos dos últimos anos nos enfiaram: econômica, hídrica, de valores, do espaço urbano. Precisa ter coragem para dizer o que precisa ser dito, independentemente de ser competitivo frente aos velhos e novos caciques. Tem muita gente falando de nova política se filiando aos partidos tradicionais, como o PMDB, por exemplo. É mais ou menos como falar de tecnologia e investir em máquinas a vapor. De todo modo, infelizmente, grana ainda define muitos dos caminhos da política.


Ana Maria Campos – Coluna “Eixo Capital” – Correio Braziliense – Foto: Rodrigo Nunes/C.B.Press 

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