Gebran Neto diz que a Lava Jato está sob ameaça
BUENOS AIRES – Relator da Operação Lava Jato na
segunda instância, o desembargador João Pedro Gebran Neto, 52 anos, fez um
alerta a jornalistas de diversos países latino-americanos em relação a
tentativas de reação contra as investigações. “Tanto os que souberam conduzir o
processo quanto os que querem frustrar a Lava Jato aprenderam com a Operação
Mãos Limpas”, disse ele, na abertura da Conferência Latino-americana de
Jornalismo de Investigação (Colpin), em Buenos Aires.
“Corremos o risco de ter o mesmo desfecho, e não é
um desfecho bonito. Pessoas investigadas se reorganizaram e reagiram às
investigações”, disse.
RETROCESSOS – Segundo ele, os êxitos dos quatro
anos da operação frustraram “todas as pessoas que apostaram contra o sistema,
que conseguiam se livrar no passado”. Mas a reação institucional, avalia, é
capaz de trazer retrocessos que “podem colocar a Lava Jato em xeque”.
Entre essas reações, Gebran elencou a tentativa de
aprovar a lei de abuso de autoridade e a volta do entendimento de que um réu só
pode ser preso quando não for mais possível recorrer de um processo.
“Argumenta-se que a prisão apenas
com trânsito em julgado beneficia a pessoa hipossuficiente (sem condições financeiras para se defender). Mas os
processos dessas não conseguem chegar ao STF, e isso ninguém fala”, afirmou.
“Enquanto isso vigorou, nenhuma pessoa com condição de contratar advogados
qualificados ficou presa.”
GALINHEIRO – O desembargador atribuiu
o sucesso da Operação até aqui à postura vigilante da imprensa brasileira. “Há
um dito de que quando se puxa uma pena vem a galinha inteira; na Lava Jato veio
o galinheiro inteiro, em todas as regiões do Brasil – em breve talvez até no
Nordeste.”
Gebran foi apresentado pelo jornalista Fernando
Rodrigues, do site “Poder360”, como “um juiz ‘línea dura'”. Após contestar em
parte a descrição, o magistrado pediu desculpas aos jornalistas presentes por
não poder comentar casos concretos que vá julgar e por falar em português –”meu
espanhol é pra lá de sofrível”.
A conferência é organizada pelo Fopea (Fórum de
Periodismo Argentino) e pelo Instituto Prensa y Sociedad, do Peru. Tem apoio da
Transparência Internacional e da Unesco.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Em tradução simultânea, pode-se concluir que, no que depender do desembargador Gebran Neto, a Operação Abafa não conseguirá inviabilizar a Lava Jato. E muita coisa depende dele, como a condenação de José Dirceu em segunda instância, pois Gebran é relator do processo. (C.N.)
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Em tradução simultânea, pode-se concluir que, no que depender do desembargador Gebran Neto, a Operação Abafa não conseguirá inviabilizar a Lava Jato. E muita coisa depende dele, como a condenação de José Dirceu em segunda instância, pois Gebran é relator do processo. (C.N.)
Marcelo Soares – Folha – Tribuna da Internet