Origem da
receita para salários é uma das respostas a serem dadas - Especialistas consultados pelo Correio indicam quais
são as principais reivindicações dos cidadãos da capital do país: mais emprego,
saúde eficiente, mais segurança e melhora na economia estão entre as
prioridades
*Por Ana Viriato
Com o desgaste do cenário político, envolto em sucessivos escândalos de
corrupção, o maior desafio dos candidatos a cargos eletivos em 2018 será
convencer o eleitor a sair de casa para votar, apontam cientistas políticos,
sociólogos e economistas ouvidos pelo Correio. Para isso, os concorrentes terão
de apresentar um programa de governo sólido, sem firulas ou propostas
mirabolantes como de costume. No Distrito Federal, o planejamento deve passar
por seis pontos considerados prioritários pela população, segundo
especialistas: segurança pública, saúde, recuperação econômica, geração de
empregos, investimentos no funcionalismo e crise hídrica.
Na
capital, o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) precisará de desenvoltura para
encarar o eleitorado. Quem tenta a reeleição está sempre na berlinda, por
precisar prestar contas sobre a gestão e convencer a população de que o próximo
mandato será melhor que o atual. Enquanto isso, os demais pré-candidatos ao
Palácio do Buriti têm a vantagem de começar a campanha em uma folha branca, sem
cobranças e com munição para atacar o chefe do Executivo local.
A
ofensiva, inclusive, está articulada. Os rivais de Rollemberg pretendem
explorar os embates do governador com o funcionalismo, que cobra a última
parcela salarial desde meados de 2015; o conflito com policiais civis, os quais
reivindicam a manutenção da paridade salarial com a Polícia Federal, por meio
do reajuste de 37%; e as dores de cabeça causadas à população com o
racionamento de água, devido à crise hídrica. Até mesmo a instauração do
projeto do Instituto Hospital de Base (IHBDF), aposta do chefe do Executivo
local para a saúde, pode ser questionada, uma vez que é alvo de constantes
entraves judiciais.
Perfil
O perfil do candidato que vai angariar os maiores percentuais de votos
da população — conservador ou progressista — dependerá da situação econômica no
DF e no país. “O eleitor se posiciona de acordo com o bolso. Se está em meio a
uma crise, tenta manter o que já tem. Mas, se observa bons espectros
financeiros, buscará uma agenda que o faça crescer", explica o cientista
político Creomar Souza, da Universidade Católica.
O
histórico e a viabilidade jurídica dos candidatos ao Executivo local também
receberão mais atenção da sociedade — principalmente após a prisão temporária
dos ex-governadores Agnelo Queiroz (PT) e José Roberto Arruda (PR), além do
ex-vice-governador Tadeu Filippelli (PMDB), devido ao suposto superfaturamento
na construção do Estádio Nacional Mané Garrincha. “A tendência é de que, ao
deixar de votar apenas com base no passado dos partidos, as pessoas observem a
história das pessoas que se candidatam”, complementa Creomar.
A menos
de um ano das eleições, a corrida eleitoral encontra-se indefinida — apenas
Rodrigo Rollemberg é candidato certo. Ainda assim, as articulações começaram há
meses, em conversas para articular alianças, discursos em plenário e inserções
partidárias. Alguns candidatos, inclusive, começaram a percorrer cidades para
conversar com a comunidade.
“O governo gasta mais de 70% do orçamento com as remunerações do
funcionalismo. Então, antes de garantir o pagamento da última parcela do
reajuste salarial ou novos concursos públicos, o candidato terá de apresentar
propostas para gerar uma alta na receita”
(Cientista político Creomar Souza)
(*) Ana Viriato – Correio Braziliense – Foto/Ilustração: Blog - Google