Moro é uma das maiores personalidades mundiais
*Por Merval Pereira
No momento em que vários movimentos contrários à
Operação Lava Jato, no Legislativo e no Judiciário, tentam conter as
investigações contra a corrupção, vem do exterior o reconhecimento dos que
fizeram dela um dos mais importantes trabalhos contra a corrupção já
realizados. A força-tarefa coordenada pelos procuradores da República em
Curitiba foi reconhecida ontem, mais uma vez, como o órgão de investigação
criminal do ano pelo prêmio da Global Investigations Review, o mesmo que já
havia vencido em 2015.
E o Juiz Sérgio Moro, responsável pelos processos
de primeira instância da Operação Lava Jato, será, em maio de 2018, o orador
convidado da 173ª turma de formatura da Universidade de Notre Dame, nos Estados
Unidos, papel que já foi desempenhado em outras ocasiões pelo ex-presidente
americano Barack Obama e o ex-secretário-geral da ONU Koffi Anan.
DEDICAÇÃO EXEMPLAR – Sérgio Moro havia sido
homenageado em outubro com o Prêmio Notre Dame, o mesmo já concedido, entre
outros, a Madre Teresa de Calcutá e ao ex-presidente americano Jimmy Carter e
sua mulher Rosalyn. O prêmio é “entregue periodicamente para homens e mulheres
cuja vida e obras demonstram dedicação exemplar aos ideais pela qual a Universidade
preza”. (…) “Os homenageados previamente com o Prêmio Notre Dame, cada um à sua
maneira, atuaram como pilares de consciência e integridade, suas ações
beneficiando seus compatriotas e, através de seus exemplos, o mundo inteiro,
quando se comprometeram com a fé, a justiça, a paz, a verdade e a solidariedade
com os mais vulneráveis”, informa a Universidade.
Ao receber o prêmio o Juiz Sérgio Moro fez uma
afirmação que já se tornou emblemática: “(…) há razões para acreditar que a era
dos barões da corrupção está chegando ao fim no Brasil.”.
PRÊMIOS E MUDANÇAS – O procurador Carlos
Fernando dos Santos Lima, ao anunciar a premiação da força-tarefa de Curitiba
no Facebook, afirmou que o maior prêmio seria “resgatar o país das mãos de um
sistema político criminógeno. (…) mais que prêmios, precisamos de mudanças. De
outra forma, daqui a alguns anos, estaremos diante do mesmo descalabro que
vemos hoje na política brasileira”.
O presidente da Universidade Notre Dame, reverendo
John I. Jenkins, diz que o juiz Sérgio Moro tem os valores para inspirar os
estudantes. “Foi um privilégio me encontrar e conversar com o juiz Sérgio Moro
no início de outubro. Ele serve como um claro exemplo de alguém que vivencia os
valores que buscamos inspirar nos nossos estudantes. Estou grato que ele tenha
aceitado nosso convite e estou certo de que ele aportará observações valiosas
para nossos formandos da classe de 2018. Sua mensagem sobre integridade e o
estado de direito e o seu exemplo de corajosa busca pela justiça são
enormemente necessárias em nossos tempos. Nossos estudantes, suas famílias e
convidados serão inspirados ao ouvir o juiz Moro”, comentou ao anunciar o
convite.
O Juiz Sergio Moro acha que “mais do que um
reconhecimento internacional, existe o crescimento de um movimento
anticorrupção no mundo inteiro e em especial na América Latina, neste caso em
parte influenciado pela Lava Jato (vide Argentina, Peru, Colômbia). Seria uma
pena, no contexto em que o Brasil aparece como exemplo no mundo, que
sofrêssemos aqui retrocessos”.
UMA CORREÇÃO – A reunião de Lula com
Joesley Batista sobre o impeachment de Dilma não se realizou em um hotel em
Brasília, como escrevi na coluna de sábado, mas na casa do empresário em São
Paulo, segundo denúncia do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha.
Em carta redigida de próprio punho na cadeia em
Curitiba, Cunha citou um encontro entre ele, Joesley e o ex-presidente no ano
passado. “Ele apenas se esqueceu que promoveu um encontro que durou horas no
dia 26 de março de 2016, sábado de Aleluia (anterior à Páscoa) na sua
residência, entre mim, ele e Lula, a pedido de Lula, para discutir o processo
de impeachment (de Dilma Rousseff)”.
Cunha afirmou que, no encontro,
pôde “constatar a relação entre eles e os constantes encontros que mantinham”.
Segundo o ex-presidente da Câmara, sua versão pode ser comprovada com o
testemunho dos agentes de segurança da Casa, que o acompanharam, além da
locação de veículos em São Paulo, que o teriam levado até lá.
(*) Merval Pereira - O
Globo – Tribuna da Internet