Médico Rafael Gadia e o paciente Manoel Moreira de
Souza: sucesso no tratamento contra câncer de próstata
Parceria da Secretaria de Saúde e do Ministério da
Saúde com o Hospital Sírio-Libanês, em Brasília, ajuda a reduzir as filas dos
pacientes de oncologia da rede pública
*Por Lucas Vidigal
O novo ano do funcionário público
Manoel Moreira de Sousa, 66 anos, começa com esperanças renovadas. Ele fez
ontem a última sessão de radioterapia na luta que trava há um ano contra um
câncer de próstata em um dos aparelhos mais modernos do mundo. Manoel não teve
de pagar a mais por esse tratamento de alto nível tecnológico: o servidor do
Ministério da Fazenda é um dos 300 pacientes da fila do Sistema Único de Saúde
(SUS) deslocados, neste último trimestre, para o setor de oncologia da unidade
do Hospital Sírio-Libanês, em Brasília.
Com a transferência dos usuários da
rede pública para o hospital particular, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal
pretende zerar a fila da radioterapia até o fim de 2018. O tempo varia de
acordo com o diagnóstico. Manoel não precisou de nem um mês. Isso ocorre por
meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional (Proadi), iniciativa
do Ministério da Saúde que incentiva acordos entre os hospitais filantrópicos —
caso do Sírio-Libanês — e as pastas estaduais ou distrital.
Ao receberem o diagnóstico de câncer
nas unidades da rede pública, o paciente entra na fila para as diferentes fases
do tratamento. Caso precise passar pela radioterapia — procedimento com ondas
eletromagnéticas considerado um dos menos invasivos —, ganha-se o direito ao
atendimento em hospitais filantrópicos. O aparelho do Sírio-Libanês se soma aos
existentes no Hospital de Base do Distrito Federal e no Hospital Universitário
de Brasília (HUB). A Secretaria de Saúde afirma que outros aceleradores
lineares, o tipo mais moderno desses equipamentos, serão instalados em ambas as
unidades e no Hospital Regional de Taguatinga (HRT).
“É uma realização pessoal muito grande
poder tratar pessoas que não teriam condições de acesso ao equipamento de
última geração”, explica Rafael Gadia, oncologista responsável pela
radioterapia no Hospital Sírio-Libanês em Brasília. O aparelho custou cerca de
R$ 18 milhões. Segundo o médico, o equipamento, com menos de dois anos de
idade, dá maior agilidade ao tratamento e ajuda a reduzir a fila de espera do
SUS. “Em máquinas mais antigas, um paciente com câncer de próstata pode
depender de até 44 sessões. No nosso, importado dos Estados Unidos, podemos
fazer em 20 dias”, detalha.
Segundo a Secretaria de Saúde, há cerca
de 350 pacientes na fila da radioterapia. Como o Distrito Federal recebe
pacientes de outras unidades da Federação, o centro de oncologia atende gente
da região Nordeste, da parte norte de Minas Gerais e do Entorno. “Eles chegam
aqui muito angustiados. Quando a espera termina, todos sentem um alívio
enorme”, destaca Rafael.
Modernidade
Ao entrar na sala de radioterapia, a
pessoa encontra uma máquina com design moderno. “Parece até uma nave espacial.
Só não desejo que ninguém precise passar por ela”, diz o funcionário público
Manoel Moreira. A aplicação dura poucos segundos, mas deve ser feita várias
vezes em dias seguidos, a depender do tipo de tratamento. “Antes de passar pelo
acelerador (nome do aparelho radioterapêutico), fazemos uma tomografia para
traçar o plano de ação. Depois, ainda conversamos sobre os possíveis efeitos
colaterais”, descreve Rafael Gadia.
Os efeitos colaterais são menos
agressivos do que os da quimioterapia. “Na rádio, aplica-se no local onde está
o tumor. Então, o restante do corpo pouco sofre”, revela. Queda de cabelo, por
exemplo, dificilmente acontece apenas com a radioterapia.
Perto da cura do câncer de próstata,
Manoel pouco liga para os possíveis efeitos colaterais. Agora é hora de
comemorar o ano-novo e descansar: ele entra de férias em 6 de janeiro. Troca a
modernidade do aparelho do Sírio-Libanês pela natureza da chácara em Cristalina
(GO). “Vou comer muita manga direto do pé”, anima-se.
(*) Lucas Vidigal – Fotos: Wallace Martins/CB/D.A.Press – Google – Correio Braziliense
(*) Lucas Vidigal – Fotos: Wallace Martins/CB/D.A.Press – Google – Correio Braziliense