Aparelhos operam há uma semana e dividem opinião de
motoristas. Pesquisador ouvido pelo Correio diz que uso desse equipamento deve
ser intensificado - Edimilson dos Reis
acredita que ação ajuda a diminuir violência nas vias
*Por Pedro Grigori – Bruna Lima
A possibilidade de ser multado por
drones assombra o brasiliense há uma semana. Houve quem registrasse a novidade
em vídeo e divulgasse alertando os condutores sobre a possibilidade de serem
flagrados ao celular ou sem o cinto de segurança por meio das imagens do
equipamento. Uma coisa é certa. Os drones vão entrar de vez na rotina de
fiscalização dos agentes de trânsito do Departamento de Trânsito do Distrito
Federal (Detran-DF). A autarquia recebeu dois equipamentos doados pela Receita
Federal e vai usá-los para monitorar as vias urbanas do Distrito Federal.
Nesta semana, um vídeo viralizou nas
redes sociais. Um homem mostra uma ação do Detran com o equipamento próximo do
Brasília Shopping, no Setor Comercial Norte. A ação é pioneira no Brasil, mas
segue modelo semelhante ao usado em países da Europa e da Ásia, que visam
tornar a fiscalização mais eficiente. Nas ruas, motoristas ainda têm dúvidas
sobre a novidade, receio de cobranças indevidas e demonstram preocupação com a
sua privacidade.
O Detran esclarece que os drones não
estão aptos a multar. Mas o agente que o controla, ao detectar uma infração,
faz a abordagem e aplica a advertência, conforme esclareceu a autarquia por
meio da assessoria de imprensa. Em um primeiro momento, eles serão utilizados
nas principais vias urbanas da capital e nas proximidades de eventos de grande
porte, onde haja a necessidade de controle de tráfego. O objetivo principal da
ação é dar ao Detran a possibilidade de fiscalizar um maior número de
motoristas e, ao mesmo tempo, garantir a melhor gestão do fluxo de veículos e a
distribuição dos agentes.
Futuro
A utilização de novas tecnologias para
fiscalizar e gerar melhorias no trânsito é inevitável, segundo o professor
Dickran Berberian, do Departamento de Engenharia Civil da Universidade
Brasília. “O drone é um equipamento que filma em 360 graus. É uma tecnologia
incrível, que pode ser utilizada de modo ainda mais eficaz. Além do que o
Detran propôs, é possível vigiar áreas de bares, para interceptar motoristas
que beberam, por exemplo”, afirmou. Para o professor, o aparelho pode ser o
futuro para todas as áreas de segurança. “Em breve poderemos utilizar drones
também para encontrar ladrões, resolver crimes. É um aparelho que, se bem
operado, terá enorme serventia para a população”.
Entre os condutores, a ação divide
opiniões e ainda gera dúvidas. O caminhoneiro Edmilson dos Reis, 44 anos,
achava que os drones podem gerar multas, e acredita que a ação pode ajudar a
diminuir a violência no trânsito. “Infelizmente, a punição financeira ainda é a
única coisa que impede o brasileiro de cometer crime no trânsito. Como alguém
que trabalha dirigindo e que também transporta a minha família, fico com medo
de sair na rua e me envolver em acidente devido à irresponsabilidade de outros.
Então, acredito que qualquer ação para impedir que isso ocorra deve ser
comemorada”, destacou.
A operadora de caixa Marta Freitas, 31,
discorda. “Acho que o objetivo é só gerar mais multas para que o Detran fature
com isso. Sem contar que é uma invasão de privacidade, me sinto desconfortável
em saber que, a qualquer momento na rua, posso ser filmada ou fotografada”,
frisou. Já o aposentado Antônio Oliveira, 69, opinou que, mesmo se for multado,
não enxergará a ação como negativa. “Associo a violência no trânsito à
impunidade. Ainda bebemos e dirigimos ou usamos o telefone porque sabemos que
não seremos pegos. Acredito que o brasileiro não deve ser contra ações de
fiscalização”, disse.
Multas canceladas
Pelo menos 86% das multas aplicadas aos motoristas que trafegaram pelas
faixas exclusivas durante a greve do metrô foram canceladas. Apesar de estarem
liberadas para os automóveis, o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) e o
Departamento de Trânsito (Detran) multaram os condutores 5.442 vezes. Desse
total, 4.704 acabaram anuladas após o governador do Distrito Federal, Rodrigo
Rollemberg, determinar ontem às autarquias que revissem os procedimentos
inadequados sem a necessidade de o condutor entrar com recurso contra a medida.
As notificações foram aplicadas entre
9 de novembro e 19 de dezembro, período em que os servidores do metrô
estavam em greve. Até então, o motorista punido indevidamente teria de procurar
a autarquia responsável pela via e pedir a anulação. Do total de autuações
anuladas, a maior parte (3.590) são do DER e 1.114, do Detran.
As notificações foram feitas na Estrada
Parque Núcleo Bandeirante (EPNB), na Estrada Parque Taguatinga (EPTG), na W3 e
no Setor Policial Sul. Como as pistas exclusivas do BRT, na Estrada Parque
Indústria e Abastecimento (Epia), não foram liberadas as punições serão
mantidas para quem infringiu a norma de circulação. Assim como os flagrantes de
excesso de velocidade observados nas faixas exclusivas, em geral.
Infração
Segundo o Código de Trânsito
Brasileiro, trafegar na faixa ou via de trânsito exclusivo, regulamentada com
circulação destinada aos veículos de transporte público coletivo de passageiros
é considerado uma infração gravíssima. A penalidade é de multa e apreensão do
veículo, salvo em casos de força maior e com autorização do poder público
competente.
(*) Pedro Grigori – Bruna Lima – Foto:
Wallace Martins/CB/D.A.Press – Google – Correio Braziliense