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Uma triste revelação! - "Bora, formar o grande Bloco da Solidariedade?"


Aterro sanitário de Samambaia

Uma triste revelação!

*Por Jane Godoy

Quando a gente pensa que tudo está sob controle, que, com atitudes e medidas tomadas pelo governo, muitos problemas serão resolvidos e questões, sanadas, eis que surge, para surpresa — e tristeza nossa — algo muito maior, muito mais sério e grave, que nos leva à angústia e ao medo de não poder — ou não conseguir — fazer nada para resolver.

Como todo o Distrito Federal sabe, a tão necessária implantação do aterro sanitário foi concretizada, com a construção dos galpões e transferência dos catadores para aquela área. Isso proporciona um trabalho mais humano, observando-se todas as medidas exigidas para que os antigos catadores passem a trabalhar com qualidade, cadastrados. Hoje eles recebem cestas dentro dos critérios da legislação e tudo o mais que um trabalho sério e respeitado pode proporcionar. Agora, trabalham com uma atividade respeitada e conscientes de quanto são indispensáveis para a comunidade de modo geral.

No entanto, nós nos deparamos com a parte mais triste de tudo isso. Infelizmente, há uma parcela considerável de frequentadores do antigo lixão que, não cadastrados, sobreviviam das sobras dos catadores. São homens e mulheres que, pela lei, não existem. Sem CPF, sem identidade, sem teto, sem saúde, pessoas que buscavam apenas restos de comida ou algumas latinhas perdidas.

“Acho que o fechamento do lixão expôs uma situação que ficava escondida debaixo de uma montanha de lixo fétido. Uma chaga social! Mas, mesmo marginalizados, são seres humanos!”, diz a recém-empossada secretária do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, Ilda Peliz, completando: “O problema da Estrutural é de todos nós! As organizações precisam se dar as mãos para criarmos o Batalhão do Bem, que combaterá essa chaga social”, completa.

Enquanto relatava a situação encontrada naquele espaço, garantindo que aqueles moradores da Estrutural “não quiseram ir para os galpões”, cheia de preocupação e angústia, Ilda me impregnou dessa tristeza, diante do quadro dantesco que presencia desde que tomou posse.

“Precisamos muito distribuir comida para aqueles moradores da Estrutural que não quiseram ir para os galpões”, acrescentou a secretária. E repetiu: “O problema da Estrutural é de todos nós!”, nos mostrando uma enorme lista das 2.248 toneladas de alguns alimentos, fruto de um evento no Parque da Cidade. Ela enumera, em seguida, item por item, a quantidade de cada um, completando com os vários itens que faltam “para formar os kits”.

Passei a noite em sobressaltos e buscando uma solução para o problema que, desta vez, se agigantou de tal forma que extrapolou os limites das instituições que costumamos ajudar, como agora aconteceu com o Grupo Mulheres de Brasília, que, num excelente trabalho, fez campanha de material escolar para crianças carentes e de alimentos para o Lar dos Velhinhos do Núcleo Bandeirante. Movimento lindo, que culminou com a alegria dos agraciados.

Creio que chegou a hora de a comunidade de Brasília arregaçar as mangas e se aliar às ações do governo e, juntos, em uníssono como uma orquestra bem regida e ensaiada, fazermos a nossa parte.

Por isso estamos aqui hoje. Para estimular, convocar, conscientizar, arrebanhar toda a comunidade, por meio de clubes esportivos, clubes de serviço, escolas, superquadras e seus blocos de apartamentos, os Lagos Sul e Norte com suas centenas de conjuntos, as Administrações Regionais, ruas, lojas, faculdades, funcionários e alunos, paróquias, academias de ginástica e balé, igrejas de todas as religiões e crenças, líderes comunitários, grupos LGBT, postos de combustível, cabeleireiros, supermercados, quitandas, frutarias e padarias, mercadinhos, hortifruti, bares, boates, lanchonetes, grupos de WhatsApp e muito mais que existir por aí.

É só usar e abusar das facilidades que as redes sociais nos proporcionam e começar este maravilhoso trabalho voluntário.

Se todos puderam, durante o carnaval, por exemplo, encher as ruas com milhões de pessoas, em milhares de blocos, por que não formar o grande Bloco da Solidariedade e todo mundo começar a movimentar a comunidade em que vive?

Partindo do princípio de que não basta alimentar, é preciso tratar, curar, transformar essas pessoas em verdadeiros cidadãos, pedimos ao padre Vanilson e aos demais religiosos que trabalham com adictos, médicos, psicólogos, que se unam como voluntários nessa causa e acolham e tratem essas pessoas, ajudando-as no resgate de sua cidadania, de sua integridade física, de sua dignidade.

Estaremos aqui para contar tudo o que está acontecendo e divulgar todos os grupos relacionados acima que ajudarem a Secretaria do Trabalho a vencer tão grande batalha.

E aquele famoso refrão “Unidos venceremos” nunca será tão verdadeiro e apropriado. Segue o telefone para que mandem buscar as doações de seu grupo, escola, quadra, bloco etc: 3348-3510.


(*) Jane Godoy – Coluna 360 Graus – Fotos: Breno Fortes/CB/D.A.Press – Correio Braziliense


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