Rodrigo Rollemberg (PSB),
governador do DF
“Tenho convicção de que, no máximo até o fim do
ano, quando entra em funcionamento Corumbá, nós teremos condições de suspender
com segurança e de forma absolutamente técnica o racionamento. Mas nós estamos
fazendo um esforço de antecipação dessa data.”
Qual é o balanço do Fórum Mundial da Água?
Um balanço superpositivo. Superou todas as nossas
expectativas em todos os aspectos. Nós tivemos uma participação importante de
chefes de Estado, de ministros, de vice-ministros, tivemos um Fórum com mais de
200 parlamentares de 20 países, de juízes, com presidentes de supremos
tribunais federais, desembargadores, promotores, professores de direito,
representando 57 países. E nós tivemos uma participação fantástica na Vila
Cidadã, que foi a grande inovação. Democratizou a participação da população, ao
contar com mais de 105 mil pessoas ao longo desses dias.
A segurança funcionou? Foram dias de paz para os
visitantes?
Só ouvi elogios dos participantes estrangeiros e
dos brasileiros que visitaram a nossa cidade. A expectativa é de que tenham
sido criados oito mil empregos neste período, sendo 2,5 mil diretos e 5,5 mil
indiretos. A alimentação que adotamos, do modelo Chef nos Eixos, com os Chefs
no Fórum, foi um sucesso absoluto. Realmente só ouvi elogios e estamos muito
felizes.
Qual é o legado?
Um legado importantíssimo para a cidade. Nós
tivemos a visita de 3,5 mil professores e 57 mil crianças que visitaram o
Fórum. Tenho convicção de que uma nova consciência está sendo formada e esse é
o grande patrimônio do 8º Fórum Mundial da Água.
Em termos de conteúdo, qual a
conclusão inovadora sobre o consumo da água?
Certamente, uma nova consciência por parte da
sociedade em geral em relação à água. Esse é um tema que já vinha sendo muito
debatido em Brasília em função da crise hídrica. As pessoas puderam perceber
que esse é um problema comum a praticamente todos os países. É um problema
sério, que deve ser de responsabilidade de todos, que deve ser compartilhado
por governos e pela sociedade. Eu tenho muita convicção de que o nível de
consciência sobre esse tema subiu muito, em relação à necessidade de mudar os
nossos hábitos não apenas no consumo doméstico, mas também nas atividades de
agricultura, no setor produtivo de uma forma geral.
E do ponto de vista de medidas a serem
adotadas pelas autoridades?
O fato de o tema ter entrado na agenda dos
parlamentares e da Justiça foi importante. Hoje (secta-feira), soube que o
ministro Herman (Benjamin) vai pedir uma audiência com o papa Francisco para
levar as conclusões da plenária dos juristas. Isso tudo vai fazer com que a
água esteja no centro das decisões políticas ao longo dos próximos anos.
O Fórum ajuda o seu governo a buscar soluções
para a crise hídrica do DF?
Sem dúvida. Primeiro, porque as pessoas percebem
que esse é um problema de praticamente todos os países do mundo e exige uma
união planetária para enfrentar essa questão. A água é o tema mais importante
para o futuro da humanidade. E aqui em Brasília, se hoje estamos numa situação
muito melhor do que estávamos um ano atrás, em grande parte foi pelo esforço e
pela participação da população. Não tenho dúvida, pelo imenso número de pessoas
que visitaram o Fórum, que essa consciência vai ser muito maior daqui para a
frente, a consciência para cobrar dos governos medidas de prevenção, políticas
que possam garantir a preservação das nossas nascentes, a preservação dos
nossos rios, os investimentos necessários para garantir água em abundância em
quantidade e qualidade para que todos tenham uma vida digna, mas também uma
responsabilidade maior da sociedade em colaborar com esse esforço de uso
sustentável da água. E Brasília se apresentou muito bem nesse fórum porque nós
enfrentamos uma crise hídrica.
A que o senhor atribui a crise hídrica?
A três fatores principais: uma ocupação desordenada
do solo, que é um processo histórico; a falta de investimentos dos governos
anteriores em captação e tratamento de água; e o volume de chuvas inferior às
médias históricas dos últimos três anos. Tudo isso levou a uma crise hídrica.
Como Brasília se apresentou no Fórum?
Apresentou-se muito bem, graças aos investimentos
feitos pelo governo na captação e tratamento de água, que conseguimos colocar
mais 1,4 mil litros por segundo no sistema de abastecimento com o Bananal e com
a estação do lago. Temos também uma obra, a maior em curso que está sendo
realizada no Brasil, que é a de Corumbá, que vai produzir 5,6 mil litros por
segundo em parceria com Goiás. E temos todo trabalho feito com os agricultores
da Bacia do Descoberto, no sentido de utilizarem metodologias mais eficientes
no uso da água, no projeto que foi apresentado, que é o produtor de águas do
Pipiripau, que paga ao produtor rural pelos serviços ambientais realizados. Há
ainda todo o esforço da população. Nós estamos hoje com o nosso principal
reservatório se aproximando de 72% do seu volume e uma perspectiva muito
positiva de até o final do ano a gente poder suspender o racionamento.
Do que depende a suspensão do racionamento até
o fim do ano?
Tenho convicção de que no máximo até o fim do ano,
quando entra em funcionamento Corumbá, nós teremos condições de suspender, com
segurança e de forma absolutamente técnica, o racionamento. Mas nós estamos
fazendo um esforço de antecipação dessa data.
Por Ana
Maria Campos – Coluna “Eixo Capital” – Foto: Antonio Cunha/CB/D.A.Press –
Correio Braziliense
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