Leany Lemos, Secretária de Planejamento, Orçamento e
Gestão do DF
Você
vai se desincompatibilizar do governo para disputar as eleições?
Sim. Vou sair para ser pré-candidata ao Senado.
Quero ser a primeira senadora de Brasília. O mundo mudou, a sociedade mudou, há
uma demanda por renovação política. O Estado como está não responde às
necessidades sociais. Muitas mudanças dependem de um debate nacional, e quero
participar dele.
Sua candidatura ao Senado será uma defesa do
governo Rollemberg como você tem feito nas redes sociais e nos debates
públicos?
Se acredito, defendo. Com força. Sou mulher de
convicções, não de rédeas. Defendo que este é um governo sério, ético,
transparente, comprometido, que busca a profissionalização e o bem. Defendo o
governo e o governador, e estou neste projeto, por acreditar que é o melhor para
a cidade, para o país, para a minha família. Não vejo nenhum outro projeto
melhor.
Acha que tem muito a mostrar ao eleitor?
A gente precisa de quem olhe para o coletivo: o
eleitor e a eleitora; o homem e a mulher; o jovem e o idoso. Os interesses
organizados se apropriaram das maiores fatias das finanças públicas. Há
distorções na alocação dos recursos. O gasto é, no limite, o retrato da
política pública. Não podemos manter o atual modelo, que está claramente
falido. Defender mais igualdade, mais oportunidades, de maneira firme e sem
demagogia, não é para os fracos. É fácil dizer, difícil fazer. Nós fizemos e
temos clareza disso.
Qual será o debate no Congresso no próximo mandato?
O debate da próxima década será feito com base em
modelos estruturantes: qual previdência queremos? qual sistema tributário? qual
modelo de desenvolvimento regional? qual modelo de Estado? quais parcerias com
a sociedade civil e setor privado? Quem evitar o debate franco e os fatos se
comprometerá e comprometerá o país — e todos nós, estados e municípios — num
trágico abraço do afogado. Quem não mudar nada, condenará as futuras gerações
ao permanente atraso. Há uma pauta de direitos que precisa ser defendida,
porque está sob forte ataque conservador, no pior sentido da palavra. Direitos
de minorias, por exemplo. O caso da Marielle Franco demonstra isso. Nosso país
nunca foi um país de polarização destrutiva, ao contrário. Nossa história é
muito mais a da construção do consenso. Mas isso se perdeu num debate que se
reduz a ataques. A pauta progressista também deve ser um dos desafios do
Congresso nos próximos anos, e quero participar dela. Temos uma baixíssima
representação feminina na política. Os espaços são delimitados e a competição
política é bruta, empurra as mulheres para fora do sistema. Há uma enorme
demanda de reconhecimento pelas desigualdades de gênero no ambiente de
trabalho, nas oportunidades, inclusive políticas.
Teme as fake news e os ataques de servidores
públicos e sindicatos adversários ao governo?
As fake news já deram a tônica da disputa política
no mundo e já estão dando sinais por aqui. Temos de lutar contra a pobreza do
debate. Discutir o que fazer, como fazer, quando fazer. Devemos tentar manter o
ataque mesquinho e pessoal o mais longe possível, sabendo que o “vale-tudo”,
por uns e outros, vai ocorrer. Não temo nenhum debate. Aprecio e respeito os
servidores e sindicatos. O servidores, porque sem eles não há serviço publico,
e há milhares de servidores que se dedicam todos os dias, o melhor da sua
energia, a construir uma vida melhor para os outros. Os sindicatos são outra
coisa. São organizações. Com estrutura, recursos, agendas, interesses. Respeito
seu papel legítimo de defender as causas. Eles fazem parte do jogo democrático,
como todas as forças que existem. Mas não precisamos concordar, porque papel de
governo é defender a sociedade, o todo. O que for bom para a criança na escola,
o paciente no hospital, o cidadão na rua. E eleição é exatamente isso — momento
de debate. Haverá tentativa de manipulação, contorcionismos. Nosso papel é
trazer também a verdade.
Dá pra se eleger em cargo majoritário no DF com um
discurso de ajuste fiscal que cortou os reajustes de servidores?
Sem equilíbrio fiscal se perde a governabilidade da
cidade e do país. Isso todos presenciamos no dia a dia. A ideia do
desequilíbrio como força motora da economia não prospera. Gastar mais do que
tem? Onde isso funciona? A boa dona de casa sabe que não pode. Ela compromete a
estabilidade da família, as oportunidades dos filhos, o seu futuro. Precisamos
ser responsáveis, ter prioridades, foco, e devolver para a sociedade o melhor
em impostos. O reajuste dos servidores significa um impacto de mais de 1,2
bilhão ao ano. A folha de pagamento do DF cresce R$ 600 milhões ao ano, ainda
que nenhum reajuste seja dado — falo do crescimento vegetativo. Isso significa
mais de R$ 7 bilhões, em quatro anos, para uma folha que já custa R$ 27
bilhões. Vamos consultar a população e ver o que todos e todas querem. Além
disso, não há possibilidade. Se não há, não se faz.
Acredita na reeleição de Rollemberg?
Sim. Rollemberg é certamente o melhor governador
que Brasília terá para os próximos anos. Tem as qualidades morais e a estatura
estadista de que necessitamos. Ele tem um pacto com a gestão ética. A sociedade
hoje coloca esse aspecto pessoal e político acima de qualquer coisa. Brasília é
uma cidade de muitas contradições: é a de maior renda per capita, e a de maior
desigualdade. Tem características de Estado e Município. Setores progressistas
e reacionários. Rollemberg representa o caminho do bem coletivo e da boa
gestão.
Quem será o outro nome na chapa para a disputa ao
Senado?
Segredo.
*** ***
Ninho acolhedor
A ex-governadora Maria de Lourdes Abadia estava
ontem de asa quebrada por deixar o PSDB. Mas ela brincava que não abre mão de
um pássaro. Trocou o tucano pela pomba, que é o símbolo do PSB. Do governador
Rodrigo Rollemberg (PSB), Abadia recebeu uma mensagem carinhosa: “Sei do seu
pesar. Você terá um ninho acolhedor! Aqui saberemos reconhecer o seu valor!”
No PSB
O secretário-adjunto de Inovação, Ciência e
Tecnologia, Thiago Jarjour, decidiu se filiar ao PSB. Ele quer fazer uma
dobradinha eleitoral com a secretária de Esporte e Turismo, Leila Barros, que
também deve migrar para o partido de Rollemberg.
Do governo para a
campanha
O governo Rollemberg vai lançar em campanha pelo
menos 10 integrantes do primeiro escalão: Leany Lemos (Planejamento) Henrique
Ziller (Controladoria-geral), Thiago Jarjour (Inovação, Ciência e Tecnologia,
Marcia de Alencar (assessora especial e ex-secretária de Segurança), Leila
Barros (Esporte), Marcos Dantas (Cidades), Valdir Oliveira (Economia,
Desenvolvimento Sustentável, Inovação e Ciência e Tecnologia), Igor Tokarski
(Meio Ambiente), Maria de Lourdes Abadia (Projetos Especiais) e Aurélio Araújo
(Criança).
Ana Maria
Campos – Coluna “Eixo Capital” – Fotos: Antonio Cunha/CB/D.A.Press - Edy Amaro/CB/D.A.Press - Correio Braziliense
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