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A quem interessa flexibilizar as fiscalizações?


A quem interessa flexibilizar as fiscalizações?

*Por Circe Cunha

Com a aproximação das eleições, aumentam, entre os políticos com assento no Poder Legislativo Federal e estaduais, a preocupação em contornar, de alguma forma, os efeitos das novas diretrizes que impediram doações de empresas para as campanhas, conforme fixadas pela reforma eleitoral.

A preocupação não aflige somente os atuais detentores de mandato, mas todos aqueles que se submeterão às urnas. Diante do novo quadro, em que o dinheiro fácil das empresas parece, por ora, estar descartado das campanhas, mesmo contando com os bilionários fundos eleitoral e partidário, muitos políticos temem ficar sujeitos ao controle dos caciques de cada partido, uma vez que serão eles que ficarão com as chaves do cofre nas mãos.

A nova realidade, forçada pelos acontecimentos que revelaram a enorme promiscuidade envolvendo empresas e políticos de várias legendas, aqui e ali vão sendo aprovadas medidas e projetos que, analisados com mais vagar, visam justamente favorecer as empresas privadas, por meio do afrouxamento ou flexibilização das fiscalizações.

Dois casos — um, no Distrito Federal, e outro, no âmbito federal — parecem ilustrar as tentativas de reverter o jogo em favor de muitas empresas, sobretudo aquelas que tocam obras públicas e que reclamam insistentemente dos trâmites burocráticos e das licenças exigidas pelos diversos órgãos para a liberação das empreitadas.

Em Brasília, a Câmara Legislativa aprovou novo Código de Obras e Edificações do DF, importante instrumento legal que regula, disciplina e fiscaliza as construções dentro da área urbana. No novo documento, os deputados distritais introduziram, de última hora, emenda que simplesmente reduz os poderes de vistoria e controle da Agência de Fiscalização do DF (Agefis), principal órgão de supervisão das malfeitorias que a toda hora surgem pela cidade.

Obviamente, o esvaziamento da Agefis interessa não só aos empresários ladinos, mas, sobretudo, aos deputados distritais, de olho no sempre rentável mercado de invasão de terras e na gratidão daqueles que constroem fora do ordenamento legal disposto no Código de Obras. Outra medida aprovada, na esfera federal, é o Projeto de Lei nº 7.448/2017, que cria entraves aos órgãos de controle, principalmente ao Tribunal de Contas da União (TCU) , retirando dessa Corte a atribuição de examinar editais de licitações, de auditar contas de obras públicas, além de analisar as despesas que vão contra a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

Especialistas afirmam que o novo texto subverte o direito administrativo de controle, enfraquece e afasta o poder de contenção das ilegalidades, abrindo caminho para o descontrole geral de obras públicas, o que, de certa forma, beneficia empresas por todo o país, as mesmas que poderão retribuir com “gentilezas” em época de eleição.

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A frase que foi pronunciada
“O Brasil é uma nação de espertos que, reunidos, formam uma multidão de idiotas."
(Gilberto Dimenstein, jornalista)

Mais UnB
»Devidamente identificada, a fonte pede para manter o nome sob sigilo e nos escreve o seguinte: “Neste quadro geral de vergonha, uma das coisas que mais chocam é ver reitoria, conselho superior universitário e muitos professores e diretores de faculdades dando apoio (velado, obviamente) à violência, às barricadas e aos lock-outs (os portões do Minhocão estavam fechados a cadeado, bloqueados por barricadas e guardados por piquetes de estudantes e sindicalistas extremamente agressivos), e não fazendo absolutamente nada para proteger os que querem trabalhar”.;

E continua
»A missivista acrescenta: “Estes (os que querem trabalhar) são tratados como a escória da universidade (todos um bando de fascistas, golpistas, reacionários que querem destruir o ensino público “de qualidade”) e ficam completamente entregues à sanha e à violência dos que impõem suas decisões a uma maioria que apenas meneia a cabeça e, em seguida, vai para casa, deixando a universidade entregue aos que querem destruí-la”.

Fim
»E conclui: “Reitoria, conselho universitário e detentores de cargos de mando (diretores, por exemplo) se limitam a assistir a tudo de braços cruzados, sempre em nome do ‘direito dos alunos de se manifestarem democrática e pacificamente em defesa da universidade pública’. É tudo muito democrático e pacífico, mas ai de quem comete a asneira de discordar, a intimidação, a violência e a inversão do sentido das palavras são escancaradas, é tudo bastante assustador”.


(*) Circe Cunha – Coluna “Visto, lido e ouvido” – Ari Cunha – Correio Braziliense – Foto/Ilustração: Blog - Google




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