Tai chi na entrequadra
Por Severino Francisco
Dos esportes, olímpicos ou não olímpicos,
atualmente só pratico o tai chi chuan. É algo a que dedico disciplina militar e
devoção religiosa há quase 30 anos. Amanhã é Dia Mundial do Tai Chi e haverá
comemoração, das 7h30 às 11h30, na Praça da Harmonia Universal, na Entrequadra
104/105 Norte, sob a orientação do Mestre Woo.
Eu sempre quis acessar alguma fonte de energia limpa, saudável, não destrutiva e não poluente, que nada tivesse a ver com drogas. Reza a sabedoria oriental que, quando você quer mesmo aprender alguma coisa, o mestre aparece. E, de fato, o mestre surgiu para mim na figura de uma mineira baixinha, delicada, leve e bem-humorada chamada Tânia Carmo.
Certa vez, fui pautado para fazer uma entrevista com a mestre e pedi a ela que ilustrasse os efeitos benéficos do tai chi com um caso. Ela contou que havia um sujeito neurótico, estressado, desconectado, tenso, que, depois de praticar o tai chi, ninguém mais o reconhecia, pois se tornara mais leve, maleável, concentrado e pragmático. Curioso, perguntei quem era: “É você”, ela respondeu, apontando para mim. E eu, copiando tudo, penosamente, com os meus garranchos, feito um palhaço.
Nada a ver com milagres. A prática do tai chi melhora a respiração, ativa a circulação e oxigena as células. Claro que o ânimo para enfrentar as pequenas guerras cotidianas melhora. Uma senhora contou que tinha verdadeiro pânico de ficar presa em elevador. No entanto, logo depois de ser iniciada no tai chi, ela se viu precisamente impedida de sair de uma dessas perigosas geringonças, que resolveu enguiçar quando descia do prédio com mais três pessoas. E, para a sua própria surpresa, ela suportou o tempo de espera por socorro com uma insuspeitada tranquilidade.
O tai chi proporciona uma síntese aparentemente impossível de serenidade com flama. Ou seja: você controla a sua energia, briga realmente quando quer e não por mero descontrole. Para quem não sabe, o tai chi é, originalmente, uma arte marcial. Foi criada para que os monges pudessem se defender dos assaltantes de estrada. Contudo, no decorrer do tempo, prevaleceram os aspectos terapêuticos.
Certa vez, eu estava fazendo o exercício em casa, quando um amigo do meu filho, um moleque de 7 anos, sempre armado de muita verve, ficou observando. E, de repente, saiu com esta: “Tio, eu só queria te avisar que os caras com quem você estava brigando já foram embora”.
Contudo, vivi outra história que ilustra melhor a dimensão de arte marcial do tai chi. Estava de férias no sítio do meu sogro, situado perto de Cristalina, e claro que não deixei de realizar os meus exercícios. Percebi que alguém se escondia atrás das árvores e me observava, mas continuei desenvolvendo as minhas evoluções marciais ou talvez marcianas.
Entretanto, no dia seguinte, o meu cunhado desvendou o mistério: “O caseiro assiste a muitos filmes de kung fu na televisão e está impressionado com os seus exercícios. Ele disse que você deve ser bom de pancada e, numa briga, para te derrubar, só com um três-oitão”.
Eu sempre quis acessar alguma fonte de energia limpa, saudável, não destrutiva e não poluente, que nada tivesse a ver com drogas. Reza a sabedoria oriental que, quando você quer mesmo aprender alguma coisa, o mestre aparece. E, de fato, o mestre surgiu para mim na figura de uma mineira baixinha, delicada, leve e bem-humorada chamada Tânia Carmo.
Certa vez, fui pautado para fazer uma entrevista com a mestre e pedi a ela que ilustrasse os efeitos benéficos do tai chi com um caso. Ela contou que havia um sujeito neurótico, estressado, desconectado, tenso, que, depois de praticar o tai chi, ninguém mais o reconhecia, pois se tornara mais leve, maleável, concentrado e pragmático. Curioso, perguntei quem era: “É você”, ela respondeu, apontando para mim. E eu, copiando tudo, penosamente, com os meus garranchos, feito um palhaço.
Nada a ver com milagres. A prática do tai chi melhora a respiração, ativa a circulação e oxigena as células. Claro que o ânimo para enfrentar as pequenas guerras cotidianas melhora. Uma senhora contou que tinha verdadeiro pânico de ficar presa em elevador. No entanto, logo depois de ser iniciada no tai chi, ela se viu precisamente impedida de sair de uma dessas perigosas geringonças, que resolveu enguiçar quando descia do prédio com mais três pessoas. E, para a sua própria surpresa, ela suportou o tempo de espera por socorro com uma insuspeitada tranquilidade.
O tai chi proporciona uma síntese aparentemente impossível de serenidade com flama. Ou seja: você controla a sua energia, briga realmente quando quer e não por mero descontrole. Para quem não sabe, o tai chi é, originalmente, uma arte marcial. Foi criada para que os monges pudessem se defender dos assaltantes de estrada. Contudo, no decorrer do tempo, prevaleceram os aspectos terapêuticos.
Certa vez, eu estava fazendo o exercício em casa, quando um amigo do meu filho, um moleque de 7 anos, sempre armado de muita verve, ficou observando. E, de repente, saiu com esta: “Tio, eu só queria te avisar que os caras com quem você estava brigando já foram embora”.
Contudo, vivi outra história que ilustra melhor a dimensão de arte marcial do tai chi. Estava de férias no sítio do meu sogro, situado perto de Cristalina, e claro que não deixei de realizar os meus exercícios. Percebi que alguém se escondia atrás das árvores e me observava, mas continuei desenvolvendo as minhas evoluções marciais ou talvez marcianas.
Entretanto, no dia seguinte, o meu cunhado desvendou o mistério: “O caseiro assiste a muitos filmes de kung fu na televisão e está impressionado com os seus exercícios. Ele disse que você deve ser bom de pancada e, numa briga, para te derrubar, só com um três-oitão”.
Tai chi chuan - Moo Shong Woo, na
Praça da Harmonia Universal na entrequadra SQN 104/105. (Vídeo,)
(*) Severino
Francisco – Jornalista, colunista do Correio Braziliense – Fotos: Zuleika de Souza/CB/D.A.
Press. - Ilustração:Blog - Google