Desinteresse?
Até quando?
Pronto. Foi dada a largada do maior evento futebolístico do mundo. Rússia e Arábia Saudita disputaram a primeira partida da Copa do Mundo 2018 com uma goleada tranquila dos donos da casa. O jogo pelo grupo A deu uma boa pista se a anfitriã conseguirá avançar para a fase de mata-mata da competição pela primeira vez desde o fim da União Soviética. Pelo futebol demonstrado na estreia, somado ao apoio da torcida nas arquibancadas, tem tudo para ser uma das seleções classificadas. Disputará a vaga no confronto direto contra o Egito, salvo se uma baita zebra entrar em campo e o Uruguai acabar despachado pelos africanos. Mas, espera aí, por que estou falando disso? O brasileiro está interessado na Copa do Mundo?
Pesquisa Datafolha, divulgada no começo
da semana, mostrou que a rejeição com a Copa do Mundo disparou: 53% dos
entrevistados afirmaram não ter nenhum interesse pelo Mundial. No fim de
janeiro, o índice era de 42%. Em 1994, ano do quarto título da Seleção
Brasileira, apenas 17% diziam isso. Bem, com o início da bola rolando, está
claro que isso vai mudar. Até domingo, dia que o time de Tite fará a estreia na
Rússia, o povo tende a voltar os olhos para a competição. É hora de começarem
os tradicionais churrascos (nos jogos à tarde) e cafés da manhã coletivos (no
caso de sexta-feira que vem, quando o Brasil entra em campo às 9h).
Na Copa disputada no Brasil, quatro
anos atrás, o cenário era outro. Havia uma revolta com os políticos em
contraponto ao otimismo pela conquista do hexa em casa. Apesar de não terem a
mesma repercussão e tamanho dos registrados na Copa das Confederações de 2013,
os protestos ocorreram nas principais sedes. A pauta de reivindicações era a
mais extensa possível: saúde, segurança, educação, mobilidade urbana, gastos
exorbitantes com estádios, insatisfação com a classe política, etc. No fim das
contas, nada mudou. Pelo contrário, piorou. O país entrou na maior recessão da
história, o índice de desemprego disparou e o desencanto da população só fez
aumentar. E o sexto caneco mundial também não veio.
E agora, qual a causa do desprezo?
Ainda a situação do país? A falta de perspectiva de dias melhores? Ou as
pessoas simplesmente não entraram no clima? No Guará, onde moro, as ruas estão
menos enfeitadas do que nos dois últimos mundiais. Bandeirolas tímidas aparecem
aqui ou acolá. Faço parte do grupo que se amarra em acompanhar uma Copa, ainda
mais esta que terá pela primeira vez o uso do árbitro de vídeo (VAR). Tem tudo
para ser um barato.
Por Roberto Fonseca – Correio Braziliense – Foto: Blog - Google