Esquerda derrotada na UnB - A chapa
Aliança pela Liberdade, integrada por alunos com perfil de direita, vence as
eleições para o Diretório Central dos Estudantes. A segunda colocada contava
com o apoio de partidos como PT, PCdoB e PSol
Integrantes da Aliança pela Liberdade comemoram a vitória nas urnas
*Por Helena Mader – Ana Viriato
Cerca de 6 mil estudantes da Universidade de
Brasília (UnB) elegeram a direção do Diretório Central dos Estudantes (DCE).
Desta vez, alunos com perfil de direita conquistaram o comando da entidade. Com
3.347 votos e discurso em defesa de investimentos privados na instituição, a
chapa Aliança pela Liberdade, que chegou a ficar à frente da gestão por cinco
anos seguidos, entre 2011 e agosto de 2016, ganhou o pleito, disputado entre
terça e quarta-feira. O novo presidente ainda não foi definido. O segundo lugar
ficou com a Unidade para Resistir, que conquistou 2.273 votos, grupo com
composição semelhante ao Todas as Vozes, vitorioso em 2017. A falta de recursos
públicos na universidade foi um dos principais temas da campanha, assim como
problemas de grande interesse para os alunos, como o valor das refeições no
Restaurante Universitário (RU).
Presidente da Aliança pela Liberdade, o estudante
de engenharia elétrica André Costa afirmou que a composição da gestão ainda
será debatida, uma vez que “a prioridade era vencer as eleições”. “Indicaremos
os três coordenadores-gerais, e eles escolherão os demais integrantes”,
adiantou. Segundo a UnB, a posse ocorrerá às 12h de 29 de junho, no prédio do
Instituto Central de Ciências (ICC), no Câmpus Darcy Ribeiro. O mandato é de um
ano.
Integrante da Aliança pela Liberdade e estudante do
8º semestre de direito, Bruno Henrique de Moura acredita que a posição política
da chapa Unidade para Resistir se tornou fator decisivo para a derrota da
chapa. “Eles eram incisivos no apoio a ocupações e greves, por exemplo, quando
os estudantes se mostraram contrários. A gestão do DCE tem de priorizar a
entrega de projetos em vez do enfrentamento político”, defendeu.
Para exemplificar a insatisfação dos acadêmicos com
o comando da Unidade para Resistir, Bruno Henrique apontou o resultado
favorável da Aliança nas urnas do Centro Acadêmico de Agronomia. Durante uma
das manifestações, o local amanheceu pichado e vandalizado. O chamado Udefinho,
onde os estudantes da faculdade votam, rendeu à chapa vencedora 313 votos,
contra 304 da segunda colocada. Na sede da UnB em Planaltina, a Aliança também
teve bom desempenho, com o apoio de 138 estudantes — 10 a menos do que a
Unidade para Resistir.
Posição política
O estudante de comunicação organizacional Matheus
Carvalho integrou a chapa Unidade para Resistir, apoiada por partidos de
esquerda, como PT, PCdoB e PSol, que ficou em segundo lugar. Ele reclama do
fato de algumas chapas não terem se posicionado contra a proposta de aumento do
valor das refeições no RU da UnB. “A chapa que ganhou, por exemplo, não se
declarou contra a proposta de o preço das refeições subirem de R$ 2,50 para R$
6,50. Nós somos totalmente contra esse reajuste”, reforçou Matheus. “Na campanha,
também criticamos os cortes de repasses para a universidade, sobretudo após a
Emenda Constitucional 95 (que trata do teto dos gastos)”, acrescentou Matheus.
Outro tema importante debatido foi a necessidade de
a Universidade de Brasília investir em saúde mental, com campanhas de prevenção
ao suicídio entre os alunos. Ao todo, eram quatro grupos na disputa. Além dos
dois primeiros colocados, o Movimento Resistência Universitária (MRU) e o
Ousar, Lutar, Universidade Popular! integraram a lista.
(*) Helena
Mader – Ana Viriato - Fotos: Google – Bruno Henrique de
Moura/Divulgação – Correio Braziliense